All Good Things Come to an End

Mesa-"Vício de Ti"
Vitamina (2005)

Há vícios que nunca acabam. E ainda bem:



Não planeava fazer outro espaço dedicado a artistas portugueses tão cedo, mas os recentes acontecimentos que ocorreram no seio desta banda assim me levam a fazê-lo.

Há umas semanas falei-vos do meu artista português favorito e agora, talvez tarde de mais, é altura de dedicar este espaço à minha banda portuguesa favorita, ou daquela que até há bem pouco tempo era. E digo isto pois a banda deixou de contar com a participação da sua vocalista, Mónica Ferraz, por decisão de João Pedro Coimbra, o teclista e compositor e a outra face deste projecto.

Talvez devido ao sucesso que a carreira a solo de Mónica Ferraz tem tido (o deslumbrante "Golden Days" é prova disso) ou até por já não existir harmonia criativa, o certo é que o panorama musical nacional perdeu uma das suas grandes bandas, apesar do projecto continuar com outra vocalista. Mas não é nem nunca será a mesma coisa.

Ouvi-os pela primeira vez em 2004 com o fascinante "Luz Vaga" (em dueto com Rui Reininho) e cresci a ouvir temas como "Arrefece", "Vício de Ti", pedaço pop encantador, "Boca do Mundo", "Quando as Palavras" ou o mais recente "Cedo o Meu Lugar" (ironia da vida, acabou mesmo por cedê-lo).

Acontece que, na maioria das vezes, só damos conta do quanto certas coisas significam para nós quando as perdemos. E até esta separação inesperada, não tinha consciência de que nutria tão grande afecto pelos Mesa. Subitamente sinto-me atacado por uma vontade súbita de descobrir a sua discografia, de explorar o legado que construíram desde 2003, e que hoje me arrependo de não ter conhecido mais cedo.

Já dizia Nelly Furtado e com razão que tudo o que é bom chega ao fim, mas sinto que os Mesa ainda tinham mais para dar. Separam-se numa altura em que começavam a disfrutar de uma maior notoriedade e em que o futuro parecia risonho. Continuarei a ouvir a voz serena e melodiosa de Mónica Ferraz, a solo, e a estar atento às criações de João Pedro Coimbra na nova vida dos Mesa, mas sem o mesmo encanto e paixão de outrora.

Aproveitem para ouvir aquele artista que tanto gostam mas que anda esquecido, aproveitem para ouvir aquele disco que permanece escondido nas sombras mas que vos tocou de alguma forma. Dêem o devido valor às coisas boas que têm na vida, enquanto ainda é tempo. Porque amanhã é sempre tarde de mais.

"Enquanto a música não me acalmar
não vou descer, não vou enfrentar
o meu vício de ti não vai passar
e não percebo porque não esmorece
ao que parece o meu corpo não se esquece".

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