Querida Taylor (II),

Não preciso de te dizer o quão destroçado fiquei quando percebi que os nossos caminhos não se cruzariam naquele dia de 9 de Julho de 2020. Escrevi-te esta carta, por isso saberás certamente. Prometi a mim mesmo que te voltaria a escrever quando se desse o reencontro. 

E aqui estamos nós. 24 de Maio de 2024. Estás a bordo com a maior digressão da história e transformaste-te no maior fenómeno da indústria musical desde os Beatles. Nada mau, hein? O Passeio Marítimo de Algés deu lugar ao Estádio da Luz e o Lover Fest à celebração do teu icónico catálogo que leva já quase duas décadas.

O que mudou nestes últimos quatro anos? Quatro álbuns de inéditos e quatro regravações. Ninguém nos alimenta tão bem quanto tu, não é verdade? Se alguma vez encontrares a RiRi por aí, diz-lhe para tomar o mesmo sumo vitaminado que tu, por favor. 

Primeiro veio o Folklore. Estávamos meio à deriva na pandemia, sem rumo e desconfigurados do nosso dia-a-dia, e eis que lanças sem aviso a obra que mudaria o destino da tua carreira e se tornaria num oásis para todos nós. Lembrar-me-ei para sempre da primeira vez que escutei "Cardigan". Era como se tivesse aberto a porta para Nárnia. O álbum tornou-se na banda sonora predilecta daquele Verão. Eventualmente da vida. É possível que chore quando cantares a "Betty". E sim, consigo perdoar-te por teres retirado a "The Last Great American Dynasty".

Aquele ano de 2020 não terminava sem o irmão mais novo Evermore. Onde Folklore era Verão, Evermore era Inverno. Ainda mágico, ainda com a cabana na floresta como pano de fundo e a mesma toada indie folk. "Tolerate It", "No Body, No Crime" e "Cowboy Like Me" são perfeitas. Oh, e choro quase sempre quando oiço o tema-título. Por favor, não o reserves para surprise song. Não sei se ainda terei lágrimas para chorar nessa altura.

No ano a seguir vieram as regravações de Fearless e Red. Sabes que não acompanhei com devoção essas eras no passado, por isso foi bom poder ouvi-las com encanto pela primeira vez. "You Belong With Me" e a "All Too Well" (expandida a lendários 10 min) serão sempre grandes canções. E "Mr. Perfectly Fine" e "I Bet You Think About Me" das Vault Tracks são incríveis adições ao teu catálogo. 

Em 2022, já no topo do mundo, divagaste connosco na magia nocturna de Midnights, álbum para e sobre insónias construído sob synthpop imaculada. Do bulício dream pop de "Lavender Haze", passando pela alada "Snow on the Beach" (em que não nos deste Lana suficiente), pelo cosmos de "Midnight Rain" ou pelo polimento cintilante de um "Karma" ou "Bejeweled", fizeste mais um álbum tremendo, de companhia fiel. 

No ano passado voltaste a dar plataforma a Speak Now - e voltámos a sonhar com "Enchanted" ou a entoar "Mine" e "Mean". Mas nada se pode comparar ao barulho em torno de 1989, ainda a tradução máxima da tua expressão pop à escala global. E voltámos todos à era 2014-2016, agora com novos clássicos para acompanhar, entre eles "Say Don't Go" ou "Is It Over Now?" (justiça a "Suburban Legends" também). 

E a forma como nos trocaste as voltas, já este ano, quando toda a gente esperava o Rep TV e em vez disso caiu-nos The Tortured Poets Department no colo, um álbum de separação que ainda estamos a aprender a decifrar, mas que já tem em temas como "Down Bad", "But Daddy I Love Him", "Loml" ou "I Can Do It with a Broken Heart" a face representativa. Deixa-me dizer-te que honestamente prefiro os temas que compõem a The Anthology: "Chloe or Sam or Sophia or Marcus", "How Did It End?", "I Hate It Here" ou "Peter" ressoam mais no meu coraçãozinho de Folklore. E tenho fé que estejas a guardar alguma delas para a surprise song

E como te posso agradecer pelo facto de trazeres os Paramore também pela primeira vez até mim? Eles que são a banda da minha vida. Ainda que 40 minutos e nove temas não façam justiça ao seu impactante catálogo, será melhor do que uma vida inteira sem vê-los. Estarei lá para bradar a plenos pulmões de "Brick by Boring Brick" a "This Is Why". Oh, e se quiserem adicionar "Misery Business", será a cereja no topo do bolo.

Entre Hayley e companhia e tu, serão 17 anos de memórias musicais celebrados em mais de quatro horas. Não só sei que vai ser o melhor concerto da minha vida, como um dos dias mais felizes (se não mesmo o mais feliz) da minha existência. It's been a long time coming. E daqui a umas horas será real. Até já, TayTay :')

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