Anitta de A-Z em 26 hits

 

Já não lhe bastava ser a maior popstar que o Brasil deu ao mundo, e por estes dias é efectivamente uma das maiores estrelas do universo, com "Envolver" a chegar ao topo da tabela de singles global do Spotify e ao nº70 da Billboard Hot 100, e o recém-editado Versions of Me a rentabilizar o estado de graça.

O momento é de ouro para Anitta, e por isso celebramos com um autêntico dicionário dos seus hits, mostrando assim a polivalência e ubiquidade que lhe assiste:

Até o Céu- Não é de todo uma das suas colaborações mais notórias, mas é surpreendentemente boa - podia ser um feat estival de Nicki Minaj ou Ariana, que seria um hit na hora. Pontos para a química entre o duo e pela parte do vídeo em que a vemos na sanita.

Banana- Não é fácil deixar "Bang" e "Bola Rebola" para trás, mas ninguém resiste ao chocolate das frutas. Ponto alto de Kisses, colocou Anitta num sensual e agitado cabaz pop latino bilíngue assistido pela sempre valiosa Becky G, recheado de provocação e vitamina. 

Combatchy- Limpamos a arena para uma surra de bumbum levada a cabo com Lexa, Luísa Sonza e MC Rebecca que marcou 2019 - não há nada que o povo brasileiro goste mais do que um bom team-up no feminino. Rivalidades à parte, no fim é sempre o público que fica a ganhar. 

Downtown- Directamente de Check Mate, de longe o projecto mais engenhoso que Anitta lançou até hoje, recebemos o reggaeton lento e sensualão de "Downtown", numa certeira colaboração com o omnitudo Balvin, que a lançou por aí além nos mercados de língua espanhola. Permanece o seu vídeo mais visto no YT.

Essa Mina é Louca- Um charme imenso que conserva este samba-canção com ares reggae-pop, um dos singles para Bang! que chegou também a pertencer à banda-sonora de uma novela da Globo, servido por um igualmente airoso e multicolorido vídeo com direcção criativa de sonho.

Faking Love- Segundo single do seu mais recente projecto, convoca a concorrida Saweetie para uma subtil produção pop-R&B assistida por Ryan Tedder, que desemboca numa amálgama de funk brasileiro. 

Girl From Rio- Anitta tinha tudo: desde o conceito, a homenagem ao Rio através do sample de "Garota de Ipanema" e do vídeo imaculado, à sumarenta canção entregue pelos imbatíveis Stargate. Girl from Rio, entretanto, passou a Versions of Me, e um azarado remix com DaBaby não ajudou em praticamente nada. Ficará para a posteridade, no entanto. 

Hoje Eu Sonhei com Você- Esta entrada é digna de fã hipster de Anitta. Ei-la em molde pagode baiano num tom bem patricinha, quando ainda era só a menina querida do Brasil. Mas até que convida ao repeat. 

Is That For Me- Em 2017, Anira estava pronta para tomar o mundo de assalto. E entre os seus planos para o domínio global contava-se ir até ao coração da floresta da Amazónia para lançar a sua primeira colaboração com um DJ internacional, em tons house tropical. Paraíso imenso.

Juego- Arrancado a Kisses, uma oferenda reggaeton midtempo que funciona um pouco como a versão evolutiva de "Downtown", mas sem o furor de um featuring com o peso de alguém como Balvin. Merecia melhor consideração entre o seu catálogo. 

Get to Know Me- Fazemos um bocadinho de batota com mais uma investida de Kisses e que resulta da aliança colaborativa com o sueco Alesso: não tem o mesmo charme da primeira, mas conserva aquela inflexão tropical gostosa. 

Loka- A ubiquidade de Anitta permite-lhe ter tanto um "Loco" como um "Loka" no catálogo, mas vamos decididamente em frente com a mais consensual segunda hipótese que a reune com esse todo-poderoso duo de irmãs de sertanejo que é Simone & Simaria. Tão posh. 

Modo Turbo- Anitta, Luísa Sonza e Pabllo Vittar juntas é o equivalente brasileiro a uma colaboração entre Madonna, Britney Spears e Christina Aguilera - pura realeza unida pelo poder dos quadris, no vídeo made in Brasil mais ambicioso de que há memória. Continuamos no chão. 

Na Batida- Não há muito de memorável no álbum nº2 da mina de ouro do Brasil, à excepção de "Na Batida": pedaço de pop cintilante bem Britney Spears da vida, que evolui para EDM de Rihanna circa 2010, até desembocar num funk carioca que é inegavelmente dela. 

Onda Diferente- Bateu, balançou! É outro dos porta-estandartes do seu quarto álbum, numa colaboração sonante com Ludmilla e Snoop Dogg, entre funk bamboleante e trap lascivo. 

Paradinha- Tiro de partida oficial para a sua internacionalização, que sucede à primeira intenção de algo semelhante com "Sim ou Não" com Maluma. Mas este é efectivamente o primeiro momento em que Anitta pensa como o astro em que se pode tornar, numa atiçada proposta dancehall-pop em espanhol.

Que Vamo' Hacer?- Já perguntava Pedro Abrunhosa em tempos idos, com uma resposta mais do que esperada. Abençoada adição no filão da letra Q e também uma caliente investida reggaeton cantada em parceria com o porto-riquenho Lenny Tavárez. 

Rave de Favela- Quem me dá bom patê!? A sério que temos que aclamar Diplo por estar disposto não só a permitir que no álbum do seu projecto se cante em português como ainda seja reflectido o som do Brasil, aqui numa esfuziante fusão de funk e techno. É RAVEEE, PORRAAA!

Sua Cara- Falando do homem, ei-lo novamente no tema que mudaria para sempre o destino de Anitta, e por conseguinte, o de Pabllo Vittar também. Fantasia das mil-e-uma-noites captada nas areias do deserto de Marrocos, é uma enormíssima oferenda moombahton entregue em português, cujo maior feito é reconhecer a importância do Brasil no mainstream mundial. Hino absoluto. 

Terremoto- O ano era 2019 e Anitta simplesmente não conseguia dar um passo em falso, cê acredita?? Homenagem visual a "I'm Still in Love With You" de Sean Paul, é vê-la a rebolar e tocar o terror na companhia de Kevinho. 

Un Altro Ballo- Mas haveria lá Anitta de não colaborar com um rapper italiano? E não o fez só uma vez. Reza o catálogo que esta é a segunda e mais recente colaboração do duo, espécie de "Danza Kuduro" à luz da nova década. 

Você Partiu Meu Coração- Que nos perdoem "Veneno" e "Vai Malandra", mas fica difícil resistir ao encanto de uma peróla de sertanejo universitário como esta. Entoada a meias com Nego do Borel e Wesley Safadão, obteve certificação de triplo diamante e um airoso vídeo inspirado em Dona Flor e Seus Dois Maridos de Jorge Amado.

 

Will I See You- Inesquecível, a primeira vez que ouvimos Anira gravar em inglês. Pedaço de R&B dos noughties, foi cartão de visita de Check Mate e mais tarde integrado no álbum de estreia do seu produtor, Poo Bear, onde a cantora militou ao lado de nomes como Justin Bieber, J.Lo ou Zara Larsson. 

eXplosion- Quem diria que um dia Anitta chegaria a fazer um team-up com o grupo de "I Gotta Feeling"? Algures entre o revisitar do passado hip hop e as novas linguagens de Translation, aconteceu este encontro, comungado ao som de "Samba de Janeiro".

Tu Y Yo- Bendito Kisses, por nos salvar tanta vez neste dicionário de êxitos. Aqui Anitta canaliza a sua J.Lo interior, num cálido tema que tem tanto de latino como de perfume jamaicano, emanado por Chris Marshall.

Zen- Que outro ícone pode ter uma entrada no seu catálogo com a letra Z? Anitta, sempre. Recuperada à humilde era de estreia, tornou-se no primeiro nº1 da cantora no seu país, à custa das leves inflexões reggae-pop que não destoariam do disco de estreia de Bruno Mars.

Sopa de letras mais imbatível não há. Ainda este mês vamos vê-la a pisar o mítico Coachella por duas ocasiões, e acolhê-la no nosso país em Junho para o Rock in Rio, e em Julho para o Marés Vivas. O alfabeto grego que se cuide.