O ranking dos singles a solo das Little Mix

 


Mais de dois anos após terem dado o último concerto da The Confetti Tour antes do anunciado hiato, todas as actuais e ex-integrantes das Little Mix já lançaram os seus singles a solo, altura mais que perfeita para fazermos um ponto da situação e sentirmos o pulso aos projectos de Perrie, Jade, Leigh-Anne e Jesy, num maravilhoso ranking:


10º Jesy feat. Nicki Minaj- "Boyz"

Não é que "Boyz" seja um single de estreia terrível, mas aplicado à narrativa de alguém que enfrentou sucessivas acusações de blackfishing e apropriação cultural durante o seu tempo no grupo, não foi de todo um tiro de partida certeiro ou consensual. O balanço hip hop e R&B estava lá, o sample de "Bad Boy for Life" e o próprio P. Diddy também, e a benção de Nicki Minaj deu o impulso necessário. Ainda hoje é o single a solo que mais longe chegou na tabela de singles britânica (nº4), mas é também aquele que todos preferem esquecer. 



9º Leigh-Anne- "Forbidden Fruit"

Encontramos o membro a solo mais prolífico com a oferenda menos impressionante do seu catálogo até ao momento, uma cálida construção reggae sobre o início da relação com o seu actual marido, que figura como um dos cartões de visita do seu primeiro EP, No Hard Feelings.



8º Leigh-Anne- "Stealin' Love"

Depois de dois singles certeiros, Miss Pinock continuou a explorar caminho com um EP antecedido por este íntimo e vulnerável pedaço de R&B e afrobeat superiormente interpretado, que deixa a descoberto algumas das fragilidades do seu relacionamento. 



7º Leigh-Anne- "OMG"

No universo a solo de Leigh-Anne, este é o tema mais próximo do catálogo das Little Mix: uma intoxicante construção pop-R&B assinada por Danja, cujo vídeo até presta homenagem à coreografia de "Touch". Só peca por ser curto de mais: mais uma estrofe e uma ponte tornariam o tema mais robusto.



6º Perrie- "Forget About Us"

Muita expectativa no arranque do percurso a solo daquela que sempre foi considerada o elemento mais popular e a vocalista de eleição do grupo. "Forget About Us" cumpre parcialmente, porque entrega uma interpretação segura e um vídeo chorudo gravado na África do Sul, mas falha na hora de atribuir uma matriz identitária à sua autora: tem ambição americana com a sua génese meio power ballad meio country, mas poderia ser cantado por qualquer uma. No final, ficamos com um gostinho a pouco. 



5º Perrie- "Tears"

Duas tentativas volvidas, algumas ilações a tirar: Perrie gosta de começar as canções logo com o refrão em curso, adora pelo menos umas 205 mudanças de figurino num só vídeo, e sabe decididamente como preencher vocalmente uma canção. É uma ligeira melhoria face a "Forget About Us", na sua apaixonante toada pop-soul 80s, mas ainda assim parece estar a faltar qualquer coisa. Que à terceira seja de vez. 



4º Leigh-Anne feat. Ayra Starr- "My Love"

Autêntico colírio audiovisual, o segundo single a solo de Leigh-Anne expandiu a versatilidade da sua autora para terrenos da afropop, numa feel-good song imensa cujo vídeo presta também homenagem às gentes e à cultura nigeriana. Triunfo mais-que-perfeito. 



3º Jesy- "Bad Thing"

Um ano e meio depois do arranque absurdo, e já enquanto activo independente, Jesy lança um segundo single em nome próprio que é o completo oposto de "Boyz". Lamento jazz-pop banhado no glamour hollywoodesco dos primórdios e numa interpretação magistral de Jesy, "Bad Thing" deveria ter valido à sua autora a validação artística que procurava. Infelizmente, o público já não quis saber. Será demasiado tarde para uma redenção?



2º Leigh-Anne- "Don't Say Love"

Durante anos Leigh-Anne foi o "patinho feio" das Little Mix. Mas era após era foi estilhaçando o rótulo, desabrochou, e teve a transformação mais notável de entre as quatro. O caminho a solo não era uma dúvida, era uma certeza arrebatadora à espera de acontecer: não dá, pois, para descrever o orgulho que foi vê-la a fazer virar pescoços com um híbrido UK garage e R&B futurista que descreve os seus anos a sentir-se invísivel até à transformação em mulher confiante e empoderada do tempo presente. Fixou a fasquia e ate há escassos dias era a melhor canção deste ranking. 



1º Jade- "Angel of My Dreams"

Os sinais estavam todos lá, no entanto, ninguém estava preparado para o knockout fulminante de Miss Thirlwall. Ela, que esteve na composição de alguns dos hits mais memoráveis das Little Mix. Ela, que sempre demonstrou mais do que as outras compreender como ninguém os meandros da pop. Ela, que esteve sempre no meio da aclamação popular, e que esperou pelo fim para mostrar como se faz um cartão de visita intemporal. E, ainda assim, todos a subestimámos.

"Angel of My Dreams" não só vence o ranking por larga escala, como traz à memória o melhor que a pop britânica no feminino nos ofereceu nas últimas décadas. Colosso de pop electrónica de lírica contundente sobre a sua relação de amor-ódio com a indústria cruel a que sempre aspirou pertencer de modo a concretizar os seus sonhos de grandeza, é o resultado máximo de alguém que já percorre estes meandros há doze anos, e finalmente conquistou o espaço pelo qual sonhou a vida inteira para poder contar a sua verdade.

É um tributo à pop transgressora e revolucionária dos Xenomania. A Rachel Stevens. A "Beat of My Drum" de Nicola Roberts, que treze anos volvidos encontra sucessor no campeonato de "membros de girlbands que se estreiam com um single que é um biqueiro nos queixos". Mas é, sobretudo, o início de uma carreira a solo que se prevê tremendamente entusiasmante. Força, Jade, deixa-nos a todos orgulhosos!

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