MTV Video Music Awards 2022 em 8 momentos



Aconteceu no passado Domingo, dia 28, a 39ª edição dos VMAs, que tal como em 2019 voltou a ter lugar no Prudential Center de Newark, Nova Jérsia, e que teve Jack Harlow, Lil Nas X, Harry Styles, Taylor Swift e Nicki Minaj como grandes vencedores. Este foram os momentos da noite:


1) Fergie Ferg ainda faz virar cabeças

Não foi Britney, b*tch, mas a abertura da cerimónia com "First Class" de Jack Harlow, construída sobre um sample de "Glamorous", deu a Fergie uma hipótese de reconciliação com o público que a desdenha desde a desgraça do hino nacional há quatro anos - e a avaliar pela reacção apoteótica, é um caminho possível. Não esquecer que Fergie está na memória colectiva não só pelos seus préstimos aos Black Eyed Peas como pela curta mas fulgorante carreira a solo que encetou pelo meio. O mais impressionante é que apesar de ter ganho alguns prémios na história dos VMAs, nunca tinha tido a oportunidade de actuar ao vivo. Um exercício de nostalgia emocionante e de reconhecimento de património. 


2) Lizzo, one woman show

Ninguém faz melhor a festa do que ela. Voltando a aproveitar a melhor tecnologia de palco tal como fez na edição de 2019, Lizzo canalizou a icónica performance de Beyoncé nos Billboard Music Awards de 2011, com as projecções interactivas a adornar as actuações de "About Damn Time" e "2 Be Loved (Am I Ready"), o esfuziante novo single. Sozinha, mas com um carisma enormíssimo e as notas no sítio certo, acabou debaixo de uma chuva de aplausos e - a avaliar pela sua reacção eufórica - orgulhosa da sua actuação. Yasss, momma!

3) Chegou a vez das senhoras no k-pop

Com os BTS em hiato indefinido, a hora é das Blackpink. A subida ao mainstream aconteceu há pelo menos dois anos, mas esta foi a primeira actuação do quarteto na história das premiações americanas - e talvez por isso tenha tido um gostinho especial. Começaram por conquistar o seu primeiro Moonperson para Best Metaverse Performance, categoria também debutante na edição deste ano, tomaram o palco de assalto com a estreia ao vivo de "Pink Venom", ainda que a perder alguma qualidade com o trabalho de câmara não tão veloz dos americanos, e viram Lisa a tornar-se na primeira solista a sair vitoriosa na categoria k-pop com o vídeo de "Lalisa" - um dos momentos mais genuinamente emocionantes da noite - derrotando a pesada concorrência dos BTS. Dias de ouro para a armada feminina mais ubíqua do nosso tempo.


4) A noite de glória de Nicki

O anúncio da escolha de Nicki Minaj para depositária do Michael Jackson Video Vanguard Award pode ter apanhado alguns de surpresa - sobretudo quando há nomes como Taylor Swift, Jay-Z, Eminem, Shakira ou Christina Aguilera ainda à espera - mas, ao mesmo tempo, não devia. Porque se há alguém com presença mais indelével na cultura pop dos últimos doze anos, é ela. Encapsular todos os hits numa performance de dez minutos era tarefa ingrata mas, de alguma forma, o alinhamento que revisitou temas como "Monster", "Beez in the Trap", "Chun-Li", "Super Bass" ou "Moment 4 Life", foi deveras consistente e ilustrativo do seu legado. Melhor, só mesmo a forma como tudo pareceu conduzir para a apoteótica estreia ao vivo do inescapável "Super Freaky Girl", a provar que os dias áureos de Minaj estão longe de terminar. E o que dizer do discurso de agradecimento que se seguiu? Raramente vimos homenageado tão grato e consciente de que uma estrela não se faz sozinha: nem um agradecimento à arqui-inimiga Mariah faltou (!). Como se não bastasse, coleccionou a sua quarta vitória na categoria Best Hip Hop, estabelecendo assim um recorde. Foi o ano e o momento certo para a homenagear - e não é que já tinhamos saudades de a ver na sua melhor forma?


5) A noite em que Anitta escalou a montanha

Há glórias e vitórias. E depois há heroínas inesperadas. Ora, se esta não foi a melhor noite da vida de Anitta, terá andado lá muito perto. Depois de no ano passado ter tido uma actuação exclusiva para o YouTube de "Girl from Rio" que soube a oportunidade falhada, este ano a MTV compensou o gesto e promoveu-a ao lote de performers principais, muito por culpa do êxito de "Envolver", que acabou por trazer ao palco do Prudential Center, acrescido do "Movimento da Sanfoninha" - combinado com excertos de "Bola Rebola", "Vai Malandra" e "Lobby" - que terá deixado os americanos hipnotizados. As coisas não ficaram por ali, e Anitta fez história ao tornar-se na primeira artista brasileira a levar para casa um Moonperson, que arrebatou na categoria de Best Latin. E esse é bem capaz de ter sido o momento mais emocionante de toda a noite. Não há muito mais para conquistar no topo da montanha onde Anitta se encontra - é dar graças e esperar que ela assim se sustente até querer. 


6) Censura e história para os espalha-brasas Måneskin

Quem diria que os italianos Måneskin aguentariam tão bem a pós-consagração eurovisiva? Mais de um ano volvida, é vê-los a chegarem à cerimónia maior da MTV com honras de actuação, nomeação e consequente vitória, na categoria de Best Alternative - um feito inédito para um acto eurovisivo. Coube-lhes também a eles o momento mais caricato da noite, quando viram a sua performance de "Supermodel" semi-censurada por causa de um acidente de indumentária da baixista Victoria De Angelis, que ficou sem a parte de cima do top a dada altura. Isto já para não falar da cueca bondage de Damiano David que deixava pouco à imaginação. Provocadores e a pisar o risco, como de costume. 

7) Jack Harlow foi o homem da noite (à boleia de Lil Nas X)

Abriu a cerimónia com um dos êxitos maiores da temporada e acabou a noite a somar o maior número de prémios, muito por culpa da sua colaboração com Lil Nas X em "Industry Baby", que colheu logo três. E se Montero himself colheu os louros ainda de 2021, Harlow está transformado no Justin Timberlake do hip hop, mas por enquanto ainda mostra mais estilo do que substância. Afinal, essa "fome por mais" que afirmou ter, vai ter que ser sustentada por argumentos mais pesados.

8) Todos os olhos estiveram postos em TayTay

Apareceu de surpresa e logo colocou a nação Swifties em alerta. Expectavelmente, foi o centro das atenções e o alvo preferido das câmaras, especialmente na captação de reacções perante as vitórias ou actuações dos seus colegas. Começou por adicionar o troféu de Best Longform Video ao seu catálogo, tornou-se na primeira artista a ter duas vitórias na categoria de Best Direction por dois vídeos por si realizados, e fez história ao ganhar pela terceira vez o Moonperson para Video of the Year com "All Too Well: The Short Film", tornando-se na artista mais galardoada na categoria. Como se não bastasse, terminou o discurso de agradecimento anunciando a edição do seu décimo álbum de estúdio - Midnights - para 21 de Outubro. A truly generous queen. 


Eis a lista completa dos vencedores:

Video of the Year- Taylor Swift - All Too Well: The Short Film

Song of the Year- Billie Eilish- "Happier than Ever"

Artist of the Year- Bad Bunny

Best New Artist- Dove Cameron

Push Performance of the Year- Seventeen- "Rock with You"

Best Collaboration- Lil Nas X & Jack Harlow- "Industry Baby"

Best Pop- Harry Styles- "As It Was"

Best Hip Hop- Nicki Minaj feat. Lil Baby- "Do We Have a Problem?"

Best R&B- The Weeknd- "Out of Time"

Best K-Pop- Lisa- "Lalisa"

Best Latin- Anitta- "Envolver"

Best Rock- Red Hot Chili Peppers- "Black Summer"

Best Alternative- Måneskin- "I Wanna Be Your Slave"

Video for Good- Lizzo- "About Damn Time"

Group of the Year- BTS

Song of Summer- Jack Harlow- "First Class"

Album of the Year- Harry Styles- Harry's House

Best Metaverse Performance- Blackpink the Virtual 

Best Longform Video- Taylor Swift- All Too Well: The Short Film

Best Direction- Taylor Swift- All Too Well: The Short Film

Best Art Direction- Lil Nas X & Jack Harlow- "Industry Baby"

Best Choreography- Doja Cat- "Woman"

Best Cinematography- Harry Styles- "As It Was"

Best Editing- Rosalía- "Saoko"

Best Visual Effects- Lil Nas X & Jack Harlow- "Industry Baby"

Michael Jackson Video Vanguard Award- Nicki Minaj

Global Icon Award- Red Hot Chili Peppers


Cerimónia bem ritmada e dinâmica, próxima dos tempos áureos do canal. Para o ano assinalam-se as quatro décadas do certame, e as expectativas são desde já gigantes: que a MTV possa estar à altura, é o que se pede. 

Comentários

Mensagens populares