REVIEW: Lorde- Pure Heroine
Há por aí uma nova heroína à solta: dá pelo nome de Lorde, vem da Nova-Zelândia e conta apenas com 16 anos. Veio para salvar o panorama musical e soa diferente de tudo aquilo que já ouviram. Esta poderia ser a sua apresentação, não tivesse ela surgido neste blog no espaço dos Magníficos há 4 meses atrás. Desde então partiu à conquista do mundo e Pure Heroine, o álbum de estreia, promete e muito. Vamos a isto:
1) Tennis Court- "Don't you think that it's boring how people talk?". É uma interrogação desarmante esta, que deixa bem claro que o que se segue não será conversa fiada. Sob uma batida cardíaca e produção alarmante, Lorde mostra logo ao primeiro tema de que massa é feita: atitude a rodos, personalidade bem vincada e uma visão peculiar do que a rodeia. Encontro aqui mais swag do que em muitas canções de hip hop... e ela nem sequer é rapper. É um perfeito K.O (10/10)
2) 400 Lux- Poderá isto ser uma canção de... amor? Se o é, é das mais sinceras que já ouvi este ano. Não há versos bonitinhos nem a típica estrutura pop, simplesmente são tremendamente honestos e acompanhados por uma batida urbana, para lá de cool. No entanto, é a interpretação apaixonante de Lorde que lhe confere um significado único. (9/10)
3) Royals- É facilmente um dos melhores temas de 2013, construído à base de um binómio minimalismo/experimentalismo e de um sucessivo estalar de dedos. Liricamente é ainda mais arrasador, com versos repletos de uma verdade que ainda ninguém tinha sido capaz de verbalizar, pelo menos de forma tão pungente: é uma autêntica ode anti-vedetismo. Pouco faltará para se tornar num hino geracional e num marco dos anos 10. (10/10)
4) Ribs- À primeira audição pareceu-me um objecto estranhíssimo, mas a cada nova visita cresceu e rapidamente se tornou num dos temas mais memoráveis de Pure Heroine. Continua a ser esquisito, uma espécie de espiral vertiginosa que deturpa os sentidos, mas é estranhamente apelativa. Pela primeira vez, Lorde revela-se assustada: "And I've never felt more alone/ It feels so scary getting old". Parece que foi ontem que tive 16 anos, daí que a entenda perfeitamente. (9/10)
5) Buzzcut Season- Quantos de nós, fartos das notícias trágicas que nos inundam a televisão, já não quisemos viver na ignorância ou simplesmente fugir para outro planeta? É mesmo essa a premissa deste "Buzzcut Season", com Lorde a afirmar preferir viver num holograma e escapar à cruel realidade, sob uma melodia de fundo paradisíaca, que me faz lembrar um mar de corais. Estou numa de ir contigo, Lorde. (10/10)
6) Team- É o irmão mais velho e sinistro de "Royals", com uma batida pulsante absurdamente espectacular e com versos que desconstroem o mundo de ilusões de que a pop vive e que revelam o desencanto de Lorde com a música contemporânea: "I'm kind of over getting told to throw my hands up in the air". Perfeito, uma vez mais. (10/10)
7) Glory and Gore- Também me demorou a convencer, mas com tamanhos argumentos nao há como erguer barreiras em torno da música de Lorde. E pensava eu que a coisa não podia ficar mais urbana do que em "Tennis Court": demarcadamente hip hop e com laivos de grime, "Glory and Gore" retrata a glorificação da violência e a sede mórbida da sociedade por sangue. Nem Nicki Minaj faria melhor. (9/10)
8) Still Sane- Foi há pouco mais de 6 meses que Lorde passou de ilustre desconhecida a heroína do panorama musical, e este tema relata a forma como a própria lida com a inevitável fama: com os pés bem assentes na terra. Há por aqui uma forte ética de trabalho ("All work and no play/ Keeps me on the new shit") e um testemunho que deve ser levado a sério ("I'm little, but I'm coming for the title"). Foram avisados. (8/10)
9) White Teeth Teens- Não percebo completamente o que Lorde pretende trasmitir aqui: se os "dentes brancos" pertencem aos jovens oprimidos ou opressores. Em parte porque a escrita dela é propícia ao acto de divagar e porque a própria encarna várias personagens num só tema. Uma coisa é certa: Lorde não pertence a este grupo. Lá para o final a canção adquire uma atmosfera sonhadora e aproxima-se da perfeição. (9/10)
10) A World Alone- Tagarelas baratos, falsos amigos, pessoas maquiavélicas, mesquinhas e ruidosas. Todos eles se esfumam no universo de Lorde, em que apenas se materializa aquela pessoa, a mais importante de todas, a tal que nos compreende e que jamais nos julgará. É a perfeita síntese de uma profunda reflexão crítica da sociedade que tem no verso "Maybe the internet raised us, or maybe people are jerks" a mais pura das verdades. (10/10)
Já devem ter percebido que o que aqui temos está muito próximo de ser considerado uma obra-prima dos tempos modernos. Pure Heroine faz jus ao nome e tanto pode ser considerado viciante como uma droga, ou um título honorífico para aquilo que representa: o nascimento de uma heroína pronta a salvar o panorama musical. Que me desculpem os Disclosure, os AlunaGeorge, London Grammar e outros que tais, mas depois daquilo que ouvi, ficou bem claro que Lorde não só é a grande revelação de 2013 como uma das melhores coisas que aconteceu à música nos últimos anos.
Liricamente soberbo e provocante, melodicamente viciante, vocalmente desafiante e com produção experimental e inquietante, Pure Heroine chega numa altura em que o panorama musical precisa de um abanão e de alguém que desafie o dito convencional. Esse alguém é Lorde. Uma adolescente de 16 anos cuja força reside nas palavras e na verdade que elas transportam: a crítica aos costumes modernos, à hipocrisia e falsidade que nos rodeia, à ilusão em que a cultura pop nos fez mergulhar, misturados com os receios e sonhos próprios da idade. Acredito veemente que o álbum se tornará num marco geracional, na voz de muitos adolescentes e jovens adultos que se sentem incompreendidos e que não raras vezes se questionam que raio de mundo é este em que vivemos. É um forte candidato a disco do ano e talvez até da década.
5) Buzzcut Season- Quantos de nós, fartos das notícias trágicas que nos inundam a televisão, já não quisemos viver na ignorância ou simplesmente fugir para outro planeta? É mesmo essa a premissa deste "Buzzcut Season", com Lorde a afirmar preferir viver num holograma e escapar à cruel realidade, sob uma melodia de fundo paradisíaca, que me faz lembrar um mar de corais. Estou numa de ir contigo, Lorde. (10/10)
6) Team- É o irmão mais velho e sinistro de "Royals", com uma batida pulsante absurdamente espectacular e com versos que desconstroem o mundo de ilusões de que a pop vive e que revelam o desencanto de Lorde com a música contemporânea: "I'm kind of over getting told to throw my hands up in the air". Perfeito, uma vez mais. (10/10)
7) Glory and Gore- Também me demorou a convencer, mas com tamanhos argumentos nao há como erguer barreiras em torno da música de Lorde. E pensava eu que a coisa não podia ficar mais urbana do que em "Tennis Court": demarcadamente hip hop e com laivos de grime, "Glory and Gore" retrata a glorificação da violência e a sede mórbida da sociedade por sangue. Nem Nicki Minaj faria melhor. (9/10)
8) Still Sane- Foi há pouco mais de 6 meses que Lorde passou de ilustre desconhecida a heroína do panorama musical, e este tema relata a forma como a própria lida com a inevitável fama: com os pés bem assentes na terra. Há por aqui uma forte ética de trabalho ("All work and no play/ Keeps me on the new shit") e um testemunho que deve ser levado a sério ("I'm little, but I'm coming for the title"). Foram avisados. (8/10)
9) White Teeth Teens- Não percebo completamente o que Lorde pretende trasmitir aqui: se os "dentes brancos" pertencem aos jovens oprimidos ou opressores. Em parte porque a escrita dela é propícia ao acto de divagar e porque a própria encarna várias personagens num só tema. Uma coisa é certa: Lorde não pertence a este grupo. Lá para o final a canção adquire uma atmosfera sonhadora e aproxima-se da perfeição. (9/10)
10) A World Alone- Tagarelas baratos, falsos amigos, pessoas maquiavélicas, mesquinhas e ruidosas. Todos eles se esfumam no universo de Lorde, em que apenas se materializa aquela pessoa, a mais importante de todas, a tal que nos compreende e que jamais nos julgará. É a perfeita síntese de uma profunda reflexão crítica da sociedade que tem no verso "Maybe the internet raised us, or maybe people are jerks" a mais pura das verdades. (10/10)
Já devem ter percebido que o que aqui temos está muito próximo de ser considerado uma obra-prima dos tempos modernos. Pure Heroine faz jus ao nome e tanto pode ser considerado viciante como uma droga, ou um título honorífico para aquilo que representa: o nascimento de uma heroína pronta a salvar o panorama musical. Que me desculpem os Disclosure, os AlunaGeorge, London Grammar e outros que tais, mas depois daquilo que ouvi, ficou bem claro que Lorde não só é a grande revelação de 2013 como uma das melhores coisas que aconteceu à música nos últimos anos.
Liricamente soberbo e provocante, melodicamente viciante, vocalmente desafiante e com produção experimental e inquietante, Pure Heroine chega numa altura em que o panorama musical precisa de um abanão e de alguém que desafie o dito convencional. Esse alguém é Lorde. Uma adolescente de 16 anos cuja força reside nas palavras e na verdade que elas transportam: a crítica aos costumes modernos, à hipocrisia e falsidade que nos rodeia, à ilusão em que a cultura pop nos fez mergulhar, misturados com os receios e sonhos próprios da idade. Acredito veemente que o álbum se tornará num marco geracional, na voz de muitos adolescentes e jovens adultos que se sentem incompreendidos e que não raras vezes se questionam que raio de mundo é este em que vivemos. É um forte candidato a disco do ano e talvez até da década.
Classificação: 9,4/10
Maravilhosa! Ela soh com 16 anos ja tem uma opiniao tao bem formada e tanto talento pra transformar isso em musica, muito melhor do q qualquer Kesha ou Christina Aguilera fariam. Nem gosto de pop pois eh cheio de musicas vazias ai vem Lorde pra mecher com tudo! E pelo mesmo motivo de eu adorar Lorde adoro o Muse (introduzindo minha banda prefrerida no meio mesmo) que falam de temas incrivelmente e bem pensados pra fazer seus fãs refletirem. Inteligentíssima linda adoro ela!
ResponderEliminarOuvir as musicas dela, às vezes me deixa pra baixo, pois dá pra sentir na letra, ritmo, voz, todo o sentimento puro que é passado. Toda a critica me deixa mais pensativo, é muito esquisito essas sensações, mas eu gosto e me faz bem, mesmo que eu não ligue pra ser meio depressivo.
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