MTV Video Music Awards 2021 em 13 momentos

 

Depois da edição possível distópica de 2020, os VMAs voltaram em força à cidade de Nova Iorque na sua 38ª edição, novamente com a euforia do público presente e já sem limite de lotação, no ano em que a MTV cumpria 40 primaveras. 

Apresentada por Doja Cat, a cerimónia consagrou Lil Nax X, Olivia Rodrigo e os BTS como os maiores vencedores, numa noite em que também assistimos a uma vintena (!) de actuações ao vivo do Barclays Center, em Brooklyn, ao longo de três horas de transmissão.

Eis a lista completa de vencedores:

Video of the Year- Lil Nas X- "Montero (Call Me By Your Name)"

Song of the Year- Olivia Rodrigo- "Drivers License"

Artist of the Year- Justin Bieber

Best New Artist- Olivia Rodrigo

Push Performance of the Year- Olivia Rodrigo- "Drivers License"

Best Collaboration- Doja Cat feat. SZA- "Kiss Me More"

Best Pop- Justin Bieber feat. Daniel Caesar & Giveon- "Peaches"

Best Hip Hop- Travis Scott feat. Young Thug & M.I.A.- "Franchise"

Best R&B- Silk Sonic- "Leave the Door Open"

Best K-Pop- BTS- "Butter"

Best Latin- Billie Eilish & Rosalía- "Lo Vas a Olvidar"

Best Rock- John Mayer- "Last Train Home"

Best Alternative- Machine Gun Kelly feat. Blackbear- "My Ex's Best Friend"

Video for Good- Billie Eilish- "Your Power"

Group of the Year- BTS

Song of Summer- BTS- "Butter"

Best Direction- Lil Nas X- "Montero (Call Me By Your Name)"

Best Art Direction- Saweetie feat. Doja Cat- "Best Friend"

Best Choreography- Harry Styles- "Treat People with Kindness"

Best Cinematography- Beyoncé, Blue Ivy Carter, Saint Jhn & Wizkid- "Brown Skin Girl"

Best Editing- Silk Sonic- "Leave the Door Open"

Best Visual Effects- Lil Nas X- "Montero (Call Me By Your Name)"

MTV Global Icon Award- Foo Fighters


De seguida, os momentos da noite:

1) Kim Petras foi a estrela maior do pre-show 

Wooo-ahhh! Há quatro anos era a maior bedroom popstar de todas, e agora que finalmente assinou com uma major, dá-se a estreia em cerimónias de prémios. E logo com (mais) uma canção dance pop extasiante que revalidou o nosso optimismo num futuro pós-Covid, levada ao palco do pre-show com moda vanguardista, coreografias precisas e uma vocalização pristina. That's our girl.


2) Tinashe agora é repórter

Longe vai o tempo em que era a equipa da MTV News que assegurava os directos da red carpet: agora pegam em influencers e nos underdogs do nosso tempo. Talvez até tenha sido ideia da própria Tinashe candidatar-se ao lugar, porque infelizmente a probabilidade de vermos uma actuação acesa de "Bouncin'" no palco dos VMAs era muito escassa. Valeu pelo tempo de antena, mas Nashe merece muito muito mais. 

3) Olivia Rodrigo teve a actuação mais celebrada da noite

Pudera, andámos todos a cantar "Good 4 U" este Verão, no carro, na praia, a caminho do trabalho ou no chão do quarto: para efeitos comerciais, "Brutal" ou "Traitor" teriam sido melhor escolha, mas imperava uma actuação de celebração deste hit maior pop-punk que dá chama ao adolescente angustiado que vive em todos nós. Olivia esteve um bocadinho ofegante, mas o delírio do público era tanto, que isso não importou nada. 


4) Lil Nas X em estado de glória

Comandou a red carpet com o seu vestido lilás, teve uma das actuações da noite com o motim da prisão de "Industry Baby", seguindo para um "Montero" suado que trouxe à memória as orgias de palco de Miss Spears, e ainda ganhou o prémio mais cobiçado na noite, defendendo a concorrência pesada de "WAP", "Save Your Tears" ou "Kiss Me More". Uma vitória que fez lembrar um pouco a desilusão de 2019, quando "You Need to Calm Down" de Taylor derrubou "Bad Guy" ou "Thank U Next".

5) A festa latina de Camila Cabello

Assim se baila em Cojímar! Infelizmente já não estamos em 2017 e um grande single latino já não é aclamado de forma tão efusiva como dantes, mas Camila esteve irrepreensível na apresentação ao vivo do cartão de visita de Familia, o seu próximo disco. O melhor cenário e corpo de baile da noite.


6) Estará Shawn Mendes a entrar em declínio?

"Summer of Love" até é uma canção bastante decente, diferente do que habitualmente lhe escutamos, mas porque razão parece que o entusiasmo em seu redor está a diminuir? Tirando as groupies da fila da frente, ninguém parecia estar muito interessado na nova proposta do luso-canadiano. É certo que a crise de identidade no vestuário (arrancado ao de Harry Styles, concerteza) não ajuda, mas de todas as actuações de Shawn nos VMAs - e foram quatro nos últimos cinco anos - esta foi a menos memorável e aplaudida. 

7) Doja Doja Doja Doja Doja Doja 

Não nos conseguimos cansar dela, simplesmente. Fez o pleno da noite ao apresentar, actuar, estar nomeada e ainda vencer em duas categorias. A cerimónia foi tão vasta e preenchida que quase dispensava apresentador, mas valeu pelo seu à vontade e pelas arrojadas escolhas estéticas. Já no campo da performance, o combo de "Been Like This" e "You Right" não foi o mais memorável que já vimos de Miss Doja, mas valeu pela aposta cénica e pela dimensão mais intensa e emocional da mesma. 

8) O capuz de Bieber

Abriu a cerimónia com "Stay", o hit do momento, ainda cantou um excerto de "Ghost", o aparente próximo single de Justice, e subiu duas vezes ao palco para receber o prémio de Artist of the Year e Best Pop - e em nenhuma das ocasiões foi capaz de largar o maldito capuz que lhe tapava o rosto. Os dias de enfant terrible já lá vão, então porque é que Justin insiste em continuar a ser um adolescente mimado?

9) No Dua Lipa? No fun.

Bem, isto é um não momento. Esteve ausente da cerimónia de 2020, por motivos compreensíveis, mas voltou a estar de fora da deste ano, por motivos menos compreensíveis. Foi só a artista feminina mais ubíqua dos últimos dois anos e apesar de ter participado noutras cerimónias de prémios, os VMAs continuam a escapar-lhe. Apesar de ter perdido os quatro prémios para os quais concorria, merecíamos no mínimo uma actuação de "Levitating". Ou "Love Again". Ou até mesmo de "Pretty Please". Raios, um mash-up inteiro de Future Nostalgia.

10) Todos de cara à banda com a estreia a solo de Chlöe

Lord, have mercy, indeed!! O vídeo arrojado devia ter-nos preparado para uma actuação de igual intensidade e lascívia, mas nem por isso conseguimos ficar menos estupefactos com o que aconteceu naquele palco. Da dramatização inicial (aquele grito!), à coreografia energética que não prejudicou a componente vocal, passando pela tal intensidade que ameaçava explodir numa fúria descontrolada de booty bounce e golpes no ar, ao finishing de língua assanhada e palmada no traseiro, de quem sabe que fez algo incrível. Beyoncé criou um monstro. 


11) A Deusa Normani é do povo

E pensar que se não fosse pelo choradinho no Twitter, Normani nem tinha agraciado o palco da edição de 2021 dos VMAs - a união do povo ainda faz a força. A actuação de "Wild Side" foi exactamente aquilo que merecíamos e esperávamos, sendo que quando pensávamos que não podia ficar melhor, ficou: aquele whistle inesperado e a lap dance sensual a uma Teyana Taylor amarrada que figurou como uma homenagem a um momento semelhante na All for You Tour de Janet Jackson, foram de cortar a respiração.


12) O prémio de carreira dos Foo Fighters

Parece que a MTV está mesmo decidida a extinguir o Video Vanguard Award. Depois de o ter substituído no ano passado pelo Tricon Award dado a Lady Gaga, em 2021 alinhou pela linguagem dos EMAs e apresentou o inagural Global Icon Award, concedido aos veteranos Foo Fighters, que nem por isso tiveram o tempo de antena que um artista homenageado costuma ter. A actuação foi uma curtição, apesar de breve, e a própria banda pareceu não dar muita importância ao sucedido. Vamos voltar a homenagear os artistas de forma correcta em 2022, sim MTV? 

13) Busta Rhymes a mostrar à nova geração como se faz

Busta Rhymes pareceu mais ter um momento de homenagem que os próprios Foo Fighters, tendo direito a um medley incendiário que percorreu os seus vinte e cinco anos de carreira. O melhor é que o público, que nem idade tinha para se lembrar da maioria das músicas, celebrou de tal forma o catálogo do rapper nova-iorquino como se estivessem diante de Post Malone. Ora, isto é comportamento lendário. 

Para o ano talvez seja precisa uma selecção mais criteriosa de performers, porque o line up preenchidíssimo obriga a uma maior rigidez de uma cerimónia que se quer mais espaçada e espontânea. Mas estamos no caminho certo para devolver aos VMAs o entusiasmo e a credibilidade dos seus anos áureos.

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