O que 2022 nos trouxe até ao momento

O novo ano já leva trinta e um dias em cima (e zero actualizações neste endereço, já agora), e tanto já se passou, para o qual vale a pena olhar e comentar. Fiquem com o compêndio essencial de 2022 até ao momento:

- The Weeknd lançou um novo álbum (quase de surpresa) logo na aurora do ano, porventura o mais upbeat e dançável do seu percurso, que apesar de não representar uma evolução face ao anterior After Hours, atesta o seu estatuto de titã da pop contemporânea, ainda que a coroa tenha deslizado um nadinha e exista uma certa confusão quanto aos singles a lançar. "Less than Zero" (ou "Save Your Tears 2.0", se preferirem) ainda será a sua melhor chance de ter um êxito massivo na era de Dawn FM.

- Longe vão os tempos em que Mars era o único Bruno dos tops. Agora é uma tal canção intitulada "We Don't Talk About Bruno", desse sucesso de bilheteira da Disney que é Encanto, a reinar por esse mundo fora. Lin-Manuel Miranda reformulou o velho conceito de baladas a uma só voz do gigante da animação, trouxe o universo da música latina para a banda-sonora e o resultado é um dos hits mais inesperados do ano, que chegou já a nº1 nos EUA e Reino Unido.

- Desde que "X" rompeu o éter, sabíamos que tinha que ganhar estatuto de single - e um vídeo arrasador a condizer. Dito e feito, porque Tinashe cumpre S-E-M-P-R-E. E como é seu hábito dar 110%, a ilustração chega entrecortada com ecos de "I Can See the Future", outro celebrado momento do último 333. Não há altar mais justo aos telediscos dos anos 90 de Aaliyah ou TLC - deusa enormíssima.

- É bom demais que Griff e Sigrid se tenham juntado para o mais inventivo single pop que escutámos nestes primeiros trinta e um dias de 2022. Há grandiosidade 80s, um pós-refrão com ecos de Neverland e um vídeo de conceito livre, absolutamente maravilhoso, em que as duas fazem simplesmente aquilo que lhes dá na gana, enquanto reduzem um teatro a chamas. 

- O mainstream continua não muito interessado num potencial revival de Katy Perry, mas pelo menos ela está a fazer tudo ao seu alcance para voltar às boas graças do público (ou pelo menos para honrar o seu legado junto dos fãs). E isso inclui uma sólida produção dance pop/house servida por Alesso e ilustrada por um vídeo imbatível de Hannah Lux Davis que inclui a primeira coreografia (!) da sua carreira. Contado ninguém acredita. Werk, gurl. 

- "I Drink Wine" chegou a estar na calha para ser o segundo single de 30, mas o vício imediato de "Oh My God", que vê Adele a trocar a tristeza crónica por conflitos internos pós-divórcio numa paleta sonora mais expedita que o costume, era demasiado para ser posto em espera. O elegante vídeo monocromático reune-a com Sam Brown, realizador de "Rolling in the Deep" - daqui é só seguir para "Can I Have It" e a era está ganha.

- Sem surpresa, a cerimónia dos Grammys foi adiada pelo segundo ano consecutivo. A edição deste ano deveria ter-se realizado precisamente hoje, dia 31 de Janeiro, mas foi remarcada para 3 de Abril precisamente pelo crescimento dos casos da nova variante de Covid. Ainda assim, os BRIT Awards decorrerão a 8 de Fevereiro próximo, como previsto. 

- Depois do intrigante "Tears in the Club" ter chegado no final de 2021, FKA twigs brindou o novo ano com Caprisongs, uma mixtape mui livre com produção executiva de El Guincho e que não teme aproximações às linguagens pop, com incursões trap, drum n bass, dancehall ou afrobeats, e convidados como Pa Salieu, Shygirl ou Jorja Smith. Este "Jealousy" desce pela garganta como soda fresca num dia de Verão. 

- Ora ora, o que temos nós aqui...? Muni Long é a nova identidade criativa de Priscilla Renea (compositora de êxitos como "California King Bed", "Worth It" ou "Timber"), que em 2020 decidiu fazer um revamp sonoro e visual e renascer enquanto tigresse R&B. A luxuriante "Hrs and Hrs" tem morada no seu terceiro EP, e com um empurrãozinho do TikTok está-se a tornar na slow jam favorita da temporada, como não acontecia desde os tempos de Ella Mai.

Estamos bem encaminhados, não estamos? Siga a dança.