Um fenómeno chamado Chappell Roan
O Verão de 2024 não se conta sem mencionarmos Chappell Roan. Arrojada e orgulhosamente queer, a norte-americana nascida há 26 anos no Missouri, está a tomar de assalto a indústria musical e encaminha-se para ser o maior fenómeno pop desde o aparecimento de Lady Gaga.
Uma profecia que se desvenda nas suas actuações televisivas e em festivais - fez-se grande no Coachella, Governors Ball ou Lollapalooza - ou na forma como lançou o seu primeiro álbum, The Rise and Fall of a Midwest Princess, em Setembro passado, e quase um ano depois está a invadir as tabelas mundiais com temas novos e antigos, obtendo sleeper hits em catadupa.
"Good Luck, Babe!", um bombom synthpop via 80s à Cyndi Lauper sobre uma rapariga que tenta negar os seus sentimentos por outra, sem qualquer ligação ao debute e editado em antecipação à sua actuação no festival Coachella, em Abril passado, lançou-a em definitivo para os holofotes, originando o interesse pelo seu catálogo até então editado. E é um dos actuais êxitos da temporada estival, a ganhar tracção a cada novo dia.
Pelo caminho, despertou singles como:
"Pink Pony Club"
Em 2017, Chappell assinava pela Atlantic Records e lançou um EP de canções folk. Não resultou. Aos 22 de idade, mudou a trajectória e experimentou a cartilha pop pela mão de Dan Nigro. Não compreendida, foi dispensada pela editora. Dois anos volvidos, e depois de um regresso a casa e à vida independente, assinou pela Island Records. Em 2024, os seus sonhos cumprem-se, e hoje dançamos todos de forma livre e celebrada no Pink Pony Club que a viu (re)nascer.
"Red Wine Supernova"
Uma canção pop queer imensamente charmosa sobre sucumbir de amores por outra rapariga, superiormente cantada e com pináculo no verso "I heard you like magic, I've got a wand and a rabbit". O que não haverá para amar?
"Hot To Go!"
"H-O-T-T-O-G-O, snap and clap and touch your toes". Mais uma esfuziante composição synthpop queer que vê Roan a viver a sua fantasia de cheerleader e a dar ao público a versão moderna de "Y.M.C.A.", com coreografia catita a condizer.
Entre as melhores canções de The Rise and Fall of a Midwest Princess, contam-se também:
"Femininomenon"
Possivelmente o maior crime de toda a campanha promocional do debute é o facto do avassalador tema de abertura ainda não ter tido direito a um videoclip. Disruptivo pedaço de dance pop e new wave com influências barrocas pelo meio, é mais um manifesto queer e um soco no status quo da pop, demasiado absurdo para funcionar, mas tão genial para passar incólume.
"Kaleidoscope"
"Casual" parece estar a recolher mais amor no sector das baladas do álbum, mas as flores deviam estar a ir para "Kaleidoscope", uma das mais devastadoras jamais editadas desde "Someone Like You". Tem a interpretação de ouro do álbum e versa sobre como amar alguém no espectro queer é delicado, e como as relações que começam em amizade e passam a amor, terminam em algo mais indefinido, não menos belo, não totalmente definitivo.
"Super Graphic Ultra Modern Girl"
Petição para Chappell não partir para o álbum nº2 sem antes dar o tratamento a single que "SGUMG" grita por todos os poros. Decididamente o momento mais Gaga de todo o disco, é uma agitada e urgente construção dance pop que não esconde e entrega declaradamente a ambição de banger.
Chappell Chapell Chapell. Todos querem um pedaço - onde é que este femininomenon irá parar? A aclamação definitiva está a uma actuação de distância nos VMAs, e os frutos colhidos a umas quantas e já previsíveis nomeações para o Grammys de 2025. Ahh, que tempos emocionantes, estes!!
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