Lemonade: O Novo Álbum de Beyoncé


Em Dezembro de 2013 Beyoncé apanhou-nos a todos desprevenidos com o lançamento relâmpago do seu registo homónimo apresentado ao mundo como um álbum visual. Sábado passado a artimanha repetiu-se, mas desta vez tinhamos sido convocados para um especial de 60 minutos a ser transmitido em exclusivo no canal do cabo norte-americano HBO.

O misterioso gesto artístico revelou Lemonade, o 6º álbum de estúdio de Queen B, que viu as suas 12 canções estreadas numa ambiciosa curta-metragem alinhavada pelo engenho de sete ilustres realizadores sob a visão criativa de Mrs. Carter. Eis o que há a saber acerca deste novo projecto:

Porquê Lemonade?

Já diz o ditado, "se a vida te dá limões, faz limonada". É um dizer que Beyoncé parece ter levado bastante a sério na criação deste disco, inspirada pelo discurso da avó de Jay-Z na celebração dos 90 anos da senhora. O momento é, aliás, retratado na curta-metragem - "I had my ups and downs, but I always found the inner strenght to pull myself up. I was served lemons, but I made lemonade".


Que Beyoncé aqui se escuta?

É a continuidade da revolução artística iniciada com o último álbum, mas com texturas ainda mais interessantes. É dominado por questões de raça e políticas, não fugindo aos temas do coração (e nesse aspecto é bastante sumarento) com várias canções a dar força aos rumores de infidelidade por parte de Jay-Z. Honestidade e crueza, como dantes: Beyoncé já não se retrai, dando-nos um vislumbre sincero daquilo que é o seu mundo. Sonicamente parece existir ainda maior liberdade para testar novas e inventivas receitas sem qualquer pretensão comercial. Lemonade soa a 2036 e isso só pode ser bom. 

           


Como foi o filme?

Uma experiência de outro mundo. Se em 2013 Beyoncé já marcava pontos pela audácia de apresentar um novo álbum com visuais à medida para cada tema, em Lemonade supera-se e constrói toda uma narrativa coesa e ambiciosa em redor de 11 etiquetas - intuição, negação, apatia, vazio, fúria, responsabilidade, reformação, perdão, ressurreição, esperança e redenção - que representam o significado por detrás de cada tema. 

A curta-metragem está também recheada de participações especiais, como é o caso da tenista Serena Williams (quem diria que é tão boa dançarina?), a actriz Quvenzhané Wallis, Amandla Stenberg, Zendaya, as Ibeyi, Winnie Harlow ou Chloé e Halle Bailey. A elas juntam-se todo um batalhão de mulheres africanas de todas as formas e feitios - que polvilham a solo, em procissão ou comunhão vários momentos da narrativa - naquilo que é uma autêntica celebração de Beyoncé enquanto mulher e artista negra, orgulhosa da sua herança e das suas origens. 

             beyonce animated GIF


Quem colabora no projecto?

Uma admirável data de ilustres, tendo em conta o secretismo do álbum. Jack White, The Weeknd, James Blake e Kendrick Lamar dão vida a algumas das canções de Lemonade. Já nos créditos do álbum surgem à cabeceira nomes de primeira água como Diplo, Mike WiLL Made-It, Just Blaze, Mike Dean, Hit-Boy e outros mais improváveis como o de Ezra Koenig (Vampire Weekend), Kevin Garrett, Wynter Gordon ou Danny Boy Styles. No que à realização diz respeito, encontramos Mark Romanek, Khalil Joseph, Jonas Akerlund, Dikayl Rimmasch ou Melina Matsoukas. Quanta malta talentosa.


Onde podemos escutar o álbum?

Começou por ser um exclusivo - e de que forma - do Tidal, essa maravilhosa criação do digital detida pelo maridão Jay-Z e da qual Beyoncé é co-proprietária. A premissa é a de continuar a ser um exclusivo da plataforma no que ao streaming diz respeito (Apple Music e Spotify ficam por isso privados de o ter), mas desde segunda que está diponível para download na loja do iTunes. Respirem de alívio os mais conservadores, porque está marcada para 6 de Maio a edição física do álbum a ser comercializada com o DVD que contém a curta-metragem. 


1-"Pray You Catch Me"
2-"Hold Up"
3-"Don't Hurt Yourself"
4-"Sorry"
5-"6 Inch"
6-"Daddy Lessons"
7-"Love Drought"
8-"Sandcastles"
9-"Forward"
10-"Freedom"
11-"All Night"
12-"Formation"

Quaisquer outras considerações iniciais serão precipitadas. Primeiro é preciso que oiçamos o álbum em condições e depois esperar que ele se revele em toda a sua magnitude. Por agora rejubilemos por termos direito a mais um capítulo discográfico da maior artista feminina do nosso tempo. Bendita limonada.

Comentários

  1. De falta de criatividade ninguém pode acusar a B. É sempre a surpreender!

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    1. É por isso que o epíteto de Queen lhe pertence por direito :)

      Não sabia como se poderia superar depois do último álbum, mas acho que conseguiu. Talvez seja o grande lançamento do ano, so far.

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