REVIEW: Ariana Grande- Dangerous Woman


Evolução na continuidade para a melhor estrela pop sub-23 da década: mais perversão, maturidade e um impressionante ror de hits à vista. Perigo, só de vício. 

Nos últimos dois anos só quem tenha estado numa redoma longe das modernas tendências pop não terá reparado que Ariana Grande é a verdadeira força a ser considerada da nova leva de vozes femininas que povoam o mainstream. Da filiação à família Nickelodeon já poucos se lembram, e em termos de concorrência há muito que deixou as congéneres (Miley, Demi e Selena) a milhas de distância, com apenas três anos de labuta e uma série de argumentos às costas. 

Pouco antes de completar 23 primaveras atira-se a uma terceira aventura discográfica já com a confiança e assertividade de quem sabe estar a competir lado-a-lado com os grandes nomes da primeira liga pop. E o resultado é francamente bom. Dangerous Woman é, para todos os efeitos, um My Everything 2.0 - mais aprumado e letal - mas na teoria foi concebido com o desejo de romper com a imagem ainda algo pueril e teenager da sua autora.

O que é conseguido, em parte, pela lírica mais atrevida e explícita e pelo visual mais arrojado (se é que a máscara de coelhinha em látex da capa é indicativo de algo), mas não necessariamente pela concretização sónica, uma amálgama de géneros quase sempre impecavelmente contornados, mas que não ajudam a delinear a identidade da jovem cantora.



O tema-título é essencial no processo de maturação, fortemente a emular "Earned It" de The Weeknd, potente na sua declaração de auto-confiança e languidez combinada com vocalizações estrondosas e um mui respeitoso solo de guitarra. Nenhum outro iguala a qualidade deste primeiro single, mas não escasseiam bons exemplos da versatilidade e apetência de Miss Grande para corporizar hits.

"Be Alright" soa à colaboração com os Disclosure que não chegaremos a ouvir, canalizando a deep house da década de 90 em versos inequivocamente optimistas; "Into You" é o "Break Free" after-dark, a ferver em lume disco pop para depois explodir num monstruoso refrão europop que fará sacudir corpos por esse Verão fora; "Let Me Love You" a encarnação pura da Mariah Carey pós-milenial, hipnótico e ofegante pedaço de R&B-andróide com Lil Wayne a arrastar a asa em seu redor e "Everyday" uma bem-conseguida (e escandalosa) parceria com Future em embrulho electro-hop.



Há tempo para recordar a candura R&B da estreia no introdutório "Moonlight" e no confessional "I Don't Care", mas o foco está quase sempre na criação de potenciais números 1. Como no fabuloso "Greedy", cintilante objecto disco pop/funk na veia do que (novamente) Mariah Carey fez nos anos 90 ou em "Sometimes", uma quase malha trap adornada com guitarra acústica que não destoaria no último álbum de Bieber. E nem nos temas bónus essa intenção é esquecida: do extâse romântico sem arrependimentos de "Bad Decisions", à electropop eurovisiva de "Touch It", passando pelo estupendo segmento electro hop/deep house do díptico "Knew Better / Forever Boy" até à pop luminescente e imersiva de "Thinking Bout You" - os êxitos sucedem-se em catadupa, fluindo com espectacular naturalidade.

A existirem momentos menos bem conseguidos, eles estão em "Side to Side", pouco vitaminado número reggae-pop com a sempre requisitada Miss Minaj e o estranho dueto com Macy Gray (ou uma versão mais máscula daquilo que conhecíamos dela) em "Leave Me Lonely", fumaçento tema soul em ambiente cabaret.

Pura dinamite de rastilho curto, assim é este Dangerous Woman. Garante-lhe desde já um segundo semestre fenomenal e abre caminho para novas e entusiasmantes aventuras. Até porque mais do que perigosa, Ariana precisa de se tornar numa mulher capaz de correr riscos e dar-se bem com eles.



Classificação: 8,1/10

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