Sons Frescos #59


Para levar no regaço ou debaixo do braço:

1) Alessia Cara- "Ready"- Talvez já tenham reparado, mas as coisas não andam favoráveis para Alessia Cara. A prestação desastrosa de The Pains of Growing quase que a eclipsou da face da Terra e a resposta combativa surge agora na forma de um novo EP, This Summer, que tem neste "Ready" - derivativo da costela alt pop dos Twenty One Pilots - o primeiro cartão-de-visita. Vamos lá a derrubar essa maldição dos Grammys de uma vez por todas.

2) Ava Max- "Blood, Sweat & Tears"- Miss Ava está naquela posição mui delicada em que qualquer passo em falso pode prejudicar as suas chances de sucesso. "So Am I" fez exactamente o que se esperava de uma canção de ressaca de um grande hit, mas agora é essencial não desperdiçar o mediatismo gerado. O primeiro de dois novos singles promocionais passa por uma sólida faixa de álbum, uma que poderia pertencer a The Fame de Gaga. Mas é um estalinho - e precisávamos de um foguete.

3) Taylor Swift- "The Archer"- A pouco mais de vinte dias do lançamento de Lover, TayTay começa a revelar mais das peças que compõem o álbum. Decididamente melhor e mais maduro que os dois primeiros singles - mas não necessariamente mais entusiasmante - "The Archer" é um número  de synthpop vulnerável e reflexivo, que surge também como metáfora para a sua capacidade de infligir e receber dor. Jack Antonoff assume os comandos e mimetiza a atmosfera de 1989 ou até mesmo de Melodrama.

4) Caroline Polachek- "Ocean of Tears"- Depois de gravar a solo enquanto Ramona Lisa e CEP, a antiga vocalista dos Chairlift emerge agora como uma espécie de feiticeira pop em nome próprio. Acompanhada por A. G. Cook e Danny L Harle da família PC Music, Caroline tece um assombroso tema sobre amar e sofrer por alguém à distância, servido em conjunto com o mais místico e igualmente belo "Parachute". Ambos integram Pang, longa-duração que editará este Outono. 

5) Natasha Bedingfield- "Roller Skate"- Vimos carreiras a despontar, algumas a chegar ao zénite e outras tantas a terminar. Amy Winehouse e Whitney Houston ainda eram vivas quando Natasha Bedingfield lançou o seu último álbum, imagine-se. Esperámos tanto por este dia e agora o regresso sabe a pouco, talvez porque "Roller Skate" seja um primeiro avanço confuso, disperso entre soul, funk rock, afrobeat e dancehall sem ponta de ligação. A icónica voz de "Unwritten" regressa no final deste mês com Roll with Me, o seu primeiro álbum em quase uma década, e para já... vai de patins (desculpem, não resisti). 

6) Lykke Li- "Neon"- Foi na passada sexta que Lykke Li lançou o EP Still Sad Still Sexy, espécie de epílogo para o seu quarto álbum, composto por seis temas: quatro regravações e dois inéditos, entre eles este "Neon" iluminado por Kid Harpoon, escrito abandonado nas sessões de gravação de So Sad So Sexy e em boa hora recuperado, sobre agarrarmo-nos a um amor tóxico que ainda nos traz algum consolo. 

7) Friendly Fires- "Run the Wild Flowers"- A apenas duas semanas da chegada de Inflorescent recebemos a peça mais disfuncional do quarteto de singles até agora revelados pelo trio britânico. Com assinatura de James Ford, "Run the Wild Flowers" ainda centra as suas artérias na pista de dança, mas vem imbuído de uma melancolia exótica que recaptura a atmosfera de Pala (2011). 

8) Beyoncé, Saint Jhn & Wizkid feat. Blue Ivy Carter- "Brown Skin Girl"- Esperamos pacientemente há três anos pelo sucessor de Lemonade, mas quando as aventuras exploratórias pelo meio são tão ricas e emocionantes quanto Everything Is Love o foi e este The Gift, inspirado no remake de O Rei Leão o está a ser, a espera mais do que compensa. Oiça-se "Brown Skin Girl", uma serena demonstração de orgulho feminino e racial em cama afrobeat a que se juntam os préstimos do nigeriano Wizkid, do guianês Saint Jhn e da pequena Blue Ivy #kelimpulso. Maravilhoso. 

9) Ava Max- "Freaking Me Out"- Não é boa ideia construir uma nova canção em torno do imaginário assombrado/paranóico de "Sweet but Psycho", mas no final do dia "Freaking Me Out" vence porque é uma boa canção, com semi-gostinho disco e tudo - apenas não é forte o suficiente para descolar-lhe o rótulo de one hit wonder. Daqui entende-se que há boas razões para termos acreditado em Ava Max, mas precisa de encontrar o quanto antes o tema que a levará ao próximo patamar.

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