Dez anos de Little Mix em 20 hits




Jade, Perrie e Leigh-Anne comemoram dez anos de Little Mix, num legado que compreende cinco singles número um, dezanove êxitos de top 10 e três milhões e meio de álbuns vendidos só no Reino Unido. Na semana em que editam a sua primeira retrospectiva de carreira, Between Us, percorremos a galeria de hits - ordenados num emocionante ranking - daquela que é a maior girlsband da sua geração. Todos a postos:


20º "Think About Us", LM5 (2018)- Num álbum com temas tão bombásticos e experimentais quanto "Strip", "Wasabi" ou "Joan of Arc", a chegada a single de "Think About Us" pode não ter sido a mais feliz, mas a sua hábil conjugação de elementos latinos, dancehall, afrobeat e tropical house, entregues em forma de power ballad, tornavam previsível a sua escolha. Ainda assim falhou o top 20 no Reino Unido, na ressaca da separação pouco amigável da Syco. 

19º "DNA", DNA (2012)- Inspirado pela sua performance de "E.T." de Katy Perry quando militavam no The X Factor, o tema-título do debute contrastou como do dia para a noite face ao anterior "Wings": um obscuro objecto electropop sobre amor obsessivo com incorporação de dubstep e de um épico middle eight gregoriano. Isto enquanto vivem a sua fantasia de Sin City e Watchmen no videoclip. 

18º "Bounce Back" (2019)- Steady, are you ready? Como consequência da saída da antiga editora, a campanha promocional de LM5 ficou concluída após o segundo single. Mas nesse mesmo Verão, o quarteto compensava os estragos com uma oferenda estival a estrear a nova casa na RCA Records - um bombom rítmico trap-pop que as devolveu aos dias de DNA (2012) e Salute (2013) e cujos figurinos do lustroso vídeo inspiraram os visuais das suas estátuas de cera no Madame Tussauds. 

17º "Love Me Like You", Get Weird (2015)- O segundo single de Get Weird está para as Little Mix como "Black Heart" esteve para as Stooshe ou "The Promise" para as Girls Aloud: uma investida doo wop com a Motown à lapela, inspirada nas Supremes ou Ronettes, que versa sobre insuperação romântica crónica. Ficou justamente à beirinha do top 10 na tabela de singles britânica.

16º "Change Your Life", DNA (2012)- Não é de todo a balada mais memorável do seu catálogo, mas é uma canção ainda hoje deveras emocionante, lançada numa altura em que as vidas do quarteto mudavam drasticamente. As vozes cresceram tanto desde então, mas muito dos ensinamentos que aqui cantam, guiaram-nas para a vida e fizeram com que se mantivessem unidas até hoje.

15º "Break Up Song", Confetti (2020)- Ninguém esperava que o cartão de visita do sexto álbum fosse uma valente ode synthpop aos anos 80, mais próxima da era jovial e garrida de Get Weird (2015) do que do caminho maduro e sensualão que trilharam com o anterior LM5 (2018), mas acabou por resultar porque era demasiado infalível. E deu mais um êxito de top 10 às meninas, ainda que a sua promoção e respectivo vídeo tenham sido comprometidas pela propagação inicial da pandemia. 

14º "How Ya Doin'?", DNA (2012)- Não era costume um álbum de estreia de um vencedor do The X Factor chegar com tanta vitalidade ao quarto single, mas aí estavam as Little Mix a provar de que massa eram feitas com o throwback jam hip hop/R&B de "How Ya Doin'?", feito de recortes de "Name and Number" dos Curiosity Killed the Cat e "Help Is on the Way" dos The Whatnauts, que para o tratamento de single ganhou a inclusão da enormíssima Missy Elliott. Comportamento lendário logo desde o início.

13º "Woman Like Me", LM5 (2018)- O cartão de visita do quinto álbum é o primeiro vislumbre das Little Mix enquanto mulherões plenos de assertividade e confiança, capazes de iniciar uma campanha promocional com um single reggae-pop mais sóbrio e sensual que as amostras puramente pop e garridas do passado, incrementado pela presença da espalha-brasas Minaj. Seria o seu último lançamento sob o selo da editora de Simon Cowell. 

12º "Confetti", Confetti (2020)- Poucas girlsbands recuperaram de uma baixa no alinhamento de forma tão fantástica quanto as Little Mix. A campanha do último Confetti poderia ter ficado comprometida depois da saída de Jesy, mas acabou por funcionar como um renascimento para o agora trio: o audacioso tema-título ganhou nova roupagem com a redistribuição de vocais, um feat de Saweetie, e um vídeo altamente meticuloso que lhes atribui alter-egos masculinos. Mais impressionante de tudo é o facto de tanto Leigh-Anne como Perrie o terem gravado grávidas, para estupefacção geral. 

11º "Salute", Salute (2013)- E ao álbum nº2 o quarteto lançava um sonante manifesto de independência e emancipação feminina que ainda hoje é bastante celebrado na sua discografia. Torpedo trap/hip hop de ambiência militar, levado à vida com um vídeo feroz e fortemente coreografado com assinatura de Colin Tilley, rematou a campanha promocional em estado de absoluta glória. 

10º "Wings", DNA (2012)- É tão raro para uma girlsband aparecer com um single de estreia distintivo e instantaneamente reconhecível, mas foi precisamente isso que Jesy, Perrie, Jade e Leigh-Anne conseguiram com "Wings": jubiloso híbrido de bubblegum pop e R&B rítmico sobre perseverança e auto-afirmação que lhes valeu um nº1 directo em Inglaterra, Irlanda e Escócia. Tão longe que as asas as levaram...

9º "No More Sad Songs", Glory Days (2016)- Glory Days foi a era mais icónica para o grupo, muito por culpa de canções como esta: um aditivo bop midtempo electro/tropical pop sobre fazer o maior esforço possível para voltar a sorrir depois de uma separação. Há referências a Coyote Ugly no videoclip, um feat dispensável de MGK e um momento vocal de ouro de Perrie nos segundos finais da canção. 

8º "Move", Salute (2013)- Nada menos do que um arraso de single, com as Little Mix a provar à entrada do álbum nº2 de que fibra eram feitas. E isso incluiu afastarem-se das tendências e de tudo aquilo que os outros estavam a fazer no mainstream da época, entregando um audaz e ginasticado tema R&B com ecos clubby dos anos 90 e as suas harmonias já típicas. Deveria ter sido nº1 em todo o lado. 

7º "Secret Love Song", Get Weird (2015)- É a balada de assinatura da banda, monumento vocal cantado a meias com Jason Derulo sobre amor proibido e não correspondido, que foi também comumente abraçada pelos fãs como um hino LGBTQ. Deveria ter seguido as pisadas de "Black Magic" e sido nº1 também, mas ficou à beira do top 5, tendo obtido a certficação de dupla platina. 

6º "Power", Glory Days (2016)- Os versos introdutórios arrasadores de Perrie, em modo hippie. O rap de Jesy, motoqueira de serviço. O drag show de Jade, sempre sólida. O crescimento vocal de Leigh-Anne, estrela do seu próprio street show. As mães de todas elas de mãos dadas com as filhas. Na verdade, apenas o cameo de Stormzy destoa numa canção que fala sobre empoderamento e emancipação feminina. Mas de resto, na escala de singles bombásticos da sua discografia, este é o GOAT. 

5º "Hair", Get Weird (2015)- Switch it up, switch it up! Get Weird foi a primeira era de singles imaculados para as Little Mix, que culminou com o lançamento de "Hair", aqui enriquecida pela adição de Sean Paul, num festim pop-R&B sobre irmandade feminina e cosmética em tempos de agrura romântica. O nº11 na tabela de singles britânica não reflecte bem o seu legado, pois continua a ser um dos temas mais celebrados do terceiro álbum. 

4º "Shout Out to My Ex", Glory Days (2016)- Os dias de glória das nossas meninas começavam com este valente kiss-off aos ex passados (olá, Zayn), directamente arrancada à biblía de enxovalhamentos públicos de Taylor Swift, entregue com estrondo num embrulho power pop e ilustrado com primor nas paisagens do Deserto de Tabernas em Andaluzia. Nº1 massivo com três platinas geradas, é o seu single mais vendido em solo britânico, e o segundo mais popular de sempre para uma girlsband, depois de "Wannabe". 

3º "Touch", Glory Days (2016)- Algo estava a mudar em 2017. "Shout Out to My Ex" já indicava, mas foi "Touch" - a estrela da companhia do álbum nº4 - que assinalou a mudança de escalão do grupo, de girlsband teen para girlsband adulta composta por quatro mulheres confiantes e plenas de sensualidade, a fazer canções que apelavam já não só a um público adolescente. Impossível de resistir a este preparado house tropical com aroma dancehall de MNEK, e ao aceso e colorido vídeo de Parris Goebel. 

2º "Black Magic", Get Weird (2015)- Este é não só um momento primordial no estabelecimento do grupo no mainstream, como um tema pop excepcional, carregado de heranças dos anos 80 (Cyndi Lauper e Whitney Houston resplandecem no horizonte), e um vídeo impecável que assentou que nem uma luva à canção. Foi a canção certa na altura certa das suas carreiras - e um novo êxito rotundo para o quarteto, com tripla platina e nº1 alcançado. 

1º "Sweet Melody", Confetti (2020)- Não é que a campanha promocional de Confetti estivesse a ser decepcionante - "Break Up Song" e "Holiday" eram sólidos, apenas não muito memoráveis no seu catálogo - mas nada, absolutamente nada, nos poderia ter preparado para o estrondo que aí vinha. E é impressionante pensar como é que guardaram para terceiro single este inflamado banger pop de inflexões reggaeton e dancehall sobre enterrar de vez um ex, que se tornou no seu quinto single nº1 e na última contribuição de Jesy antes da saída. Ficará para a história da cultura pop. 

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