III, a nova vida dos Foster the People


Ainda estão para ser estudados os efeitos do mês de Abril na quebra do hiato criativo de inúmeras bandas, mas para já o fenómeno é real. Só nesta última quinzena do mês já assistimos a regressos dos Paramore, Haim, Phoenix e Foster the People - aguenta coração!

No caso do bando de Mr. Foster, o regresso chega a triplicar na forma de um novo EP - apropriadamente intitulado III - a abrir caminho para o terceiro álbum de originais do grupo californiano, esperado (figas nisso) no decorrer deste Verão. 

São os primeiros inéditos revelados desde "The Unforeseeable Fate of Mr. Jones" - faixa desvendada no final de 2015 na sequência da saída do baixista Cubbie Fink - e que a banda apresenta agora enquanto quarteto. A Mark Foster e Mark Pontius juntam-se o guitarrista Sean Cimino e o teclista Isom Innis, músicos que acompanhavam o grupo na estrada desde o início e que agora ganham também estatuto de membros oficiais. 

A avaliar pelas novas amostras - estreadas em concertos em festivais no ano passado - a banda não procura vincadamente uma nova identidade, acrescentando em vez disso alguns novos condimentos ao seu vívido caldeirão indie pop.



Sente-se sobretudo uma leve tónica hip hop que não se encontrava na indietronica de Torches (2011) ou no neo-psicadelismo de Supermodel (2014). O que faz todo o sentido, dado que as sonoridades urbanas estão novamente a tomar de assalto o mainstream. Ora, os Foster the People não são de todo uma banda pop, mas basta recordarmo-nos que o vocalista começou o seu percurso profissional a escrever jingles para filmes e televisão de modo a compreendermos de onde vem a sua apurada sensibilidade melódica.

A introdutória "Pay the Man" é onde as novas influências mais se sentem, com Mark Foster a debitar versos com a renovada confiança de quem descobriu em si um rapper até então desconhecido, num labirinto urbano que desemboca depois num refrão inequivocamente fosteriano. "Doing It for the Money" - que está para os Foster the People como "Money on My Mind" está para Sam Smith -  segue parcialmente a mesma receita, mas combina-o com a nébula psicadélica do último álbum. "S.H.C." - sigla para "Sacred Hearts Club" - por seu lado, poderia figurar na edição revista de Torches, infecciosa construção indie dance que traz logo à memória as linhas melódicas de uns Two Door Cinema Club de Tourist History (2009): é a canção mais imediata e indutora de vício do registo.



Belas amostras que aqui temos, a prolongar o fascínio por esta malta e a abrir o apetite para mais ainda. Há que perceber agora como funcionarão em disco, mas para já são bons indicadores do que poderemos esperar. E se a data de edição do novo álbum ainda não é assim tão certa, assegurada está a passagem do quarteto pela edição deste ano do Super Bock Super Rock, a 15 de Julho. Proposta essa que ficou bem mais tentadora depois disto.



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