Os maiores flops da música em 2017
Poderemos fazer uma retrospectiva do ano recordando apenas o que de melhor se fez? Possivelmente. Mas é tão mais frutuoso - e divertido - se tirarmos algum tempo para relembrar aqueles que foram com demasiada sede ao pote e falharam miseravelmente na missão de sair de lá com um hit capaz de definir 2017.
Para o efeito considerei dez temas de nomes de relevo que acabaram por ter uma prestação comercial bem abaixo do esperado. Venham eles:
1. Katy Perry- "Bon Appétit"- Pegámos, trincámos e definitivamente não metemos na cesta. Da pseudo pop conscienciosa e politizada de "Chained to the Rhythm" para um lascivo bacanal trap/dance pop, as coisas descarrilaram demasiado depressa e Katy Perry sofreu aqui o seu primeiro acidente de percurso. Uma certa apropriação cultural, um novo look que não caiu no goto do público e a indecência do vídeo ajudaram a compor o ramalhete.
2. Fifth Harmony- "He Like That"- O maior desafio que se colocava às 5H em 2017 era o de encontrar forma de sobreviver à saída de Camila Cabello. Resistiram, isso é certo, mas à custa de canções francamente débeis e sem o ímpeto dos hits de outrora. "Down" já tinha dado sinais da crise, mas "He Like That" - reconstrução reggae e R&B de "Pumps and a Bump", êxito de 94 de MC Hammer - trouxe a girlsband a mínimos comerciais e criativos. Este é um comboio que já passou...
3. Nick Jonas, Anne-Marie & Mike Posner- "Remember I Told You"- E se é verdade que há canções destinadas ao fracasso, outras há que não davam indícios de o ser. Tome-se o exemplo do primeiro dos singles lançado pelo Jonas mais novo à beira do Verão: uma muito decente e sólida composição pop/electro-R&B cantada a meias com uma Anne-Marie que vinha em estado de graça de "Rockabye" e "Ciao Adios". Não devia ter falhado. Uma pena.
4. Iggy Azalea- "Mo Bounce"- Iggy esgotou num ápice os créditos que conquistou em 2014 com uma série de singles catitas. Algum ódio generalizado e um sem fim de conflitos editoriais depois, "Mo Bounce" chegou vistoso mas foi derrubado por K.O. ao fim do primeiro assalto: uma mais enervante do que infecciosa malha EDM/hip hop produzida pelos Far East Movement (de "Like a G6") transformada em twerk fest para a idade viral. Só que ninguém estava para aí virado.
5. Machine Gun Kelly ft. Hailee Steinfeld- "At My Best"- Havia alguma esperança de que MGK se tornasse no próximo grande crossover pop vindo do hip hop, mas apesar de ter partido bem colocado, Post Malone levou a melhor. "At My Best", dueto inspiracional com a também emergente Hailee Steinfeld, deveria ter seguido no encalço de "Bad Things" ou ter-se tornado no seu "Love the Way You Lie" pessoal, mas acabou por cair em saco roto. Merecia melhor.
6. Pixie Lott- "Won't Forget You"- Céus, não há forma de Pixie Lott acertar. Há muito relegada para a terceira divisão da liga pop britânica, teve neste "Won't Forget You" - sólida construção dance pop/tropical house fora de época - uma boa oportunidade de reconquistar um público perdido, mas nem a alinhar pelo sabor da estação causou algum impacto. Por esta altura já nem os próprios fãs sabem que ela existe #fightforpixielott #stilllegsalott
7. Fall Out Boy- "Young and Menace"- Poucos se puseram tanto a jeito para um real fracasso como os FOB, que enveredaram por trágicas experiências de laboratório com este single de avanço do seu 7º álbum de estúdio, Mania. Um pesadelo EDM/electro-rock indeciso entre ser uma criação de Skrillex ou dos Muse circa 2012? Claro que ia correr bem. Resultado? O disco foi adiado por quatro meses na esperança de encontrarem um single que cativasse o público. Update: ainda não o encontraram.
8. Ariana Grande feat. Future- "Everyday"- Por este prisma Ariana termina o ano quase como heroína pela forma como lidou publicamente com o atentado em Manchester. Mas antes disso arriscava-se a terminar a estrondosa era de Dangerous Woman sem glória alguma, no momento em que elegeu a sexualizada malha electropop/trap com Future para rematar a promoção, ilustrando-a com um vídeo muito duvidoso.
9. Lorde- "Perfect Places"- Aconteceu um fenómeno estranho com Lorde este ano: manteve consigo e conquistou, inclusive, uma boa porção da crítica que não temeu eleger Melodrama como uma das obras maiores de 2017, mas o público não pareceu interessar-se por aí além pelos seus novos esforços criativos. Uma pena, porque a miúda está a fazer coisas fantásticas pelo estado da música contemporânea e merecia um pouco mais de afecto. Nevermind, teremos sempre Paris. E o Louvre.
10. Fergie feat Nicki Minaj- "You Already Know"- Facto: Fergie Ferg ainda faz grandes malhas hip house como se 2007 - e ela - nunca tivessem passado de moda. Pontapé de realidade: estamos em 2017 e ambos passaram de moda. Mas a nostalgia pode traduzir-se numa boa canção e em "You Already Know" o comparsa will.i.am concede à sua amiga a melhor canção de Double Dutchess ancorada no clássico hip hop "It Takes Two" e no flow ágil da ainda melhor rapper branca não oficial do mainstream.
Como viram, a linha que separa um êxito de um não êxito é ténue. Por vezes é uma questão de azar, de timing, de má escolha de palavras, de comprometedoras decisões de management ou simplesmente de incapacidade de ligação com o público. É uma treta ser-se medalha de lata, mas cada fracasso é uma lição para a vida - e o que os diferenciará será a forma como lidarão com ele. Melhor sorte e inspiração para o ano que vem!
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