O Legado das Doce - As aventuras Festivaleiras
Primeiro de uma colecção de posts dedicada ao maior grupo feminino português de todos os tempos.
Em 1979 nascia aquela que se tornaria na mais icónica e influente girlsband portuguesa. Fátima Padinha, Laura Diogo, Teresa Miguel e Lena Coelho revolucionaram a pop de então e os costumes da sociedade portuguesa com a sua música progressiva aliada a uma identidade visual arrojada. Neste primeiro post recordamos as suas quatro participações no Festival da Canção:
"Doce" (1980)
Antes do debute no mais reputado certame de canções português, o quarteto já se havia feito notabilizar com a graça de um hit tão orelhudo quanto "Amanhã de Manhã", mas a primeira das quatro participações no Festival foi ao som do tema homónimo, disco pop cintilante à la Donna Summer com feixes de luz em vez de sintetizadores, ginga coordenada no corpo e muito Bowie no azul e púrpura galáctico do figurino. Apenas "Um Grande, Grande Amor" de Cid levou a melhor sobre elas, mas ninguém pararia tão cedo este cometa luzidio.
"Ali Babá" (1981)
Novo ano, nova tentativa, desta vez com inspiração directa na princesa Sherazade e no protagonista de Os Quarenta Ladrões, ambos personagens do livro de contos As Mil e Uma Noites. Pedaço imaculado de pop sintetizada levado a palco com mais verve rock que a versão de estúdio, "Ali Babá" foi incapaz de deter "Playback" de Carlos Paião na luta pelo título, ficando ainda atrás de temas de José Cid e Maria Guinot. A inspiração árabe e a ousadia do figurino foi demais para a mentalidade portuguesa, mas as Doce continuavam a trilhar o seu percurso de glória.
"Bem Bom" (1982)
Não se conteste o ditado de que "à terceira é de vez", porque o quarteto levou-o à risca e reformulou os seus argumentos na participação que as levaria à vitória. O som era demasiado visionário e progressivo para o povo português? Então toca de introduzir arranjos típicos do nosso folclore. A indumentária era demasiado arriscada para um evento do género e para os costumes modestos da nação? Então vamos cobri-las da cabeça aos pés. É certo que tudo isto terá ajudado, mas na génese estava uma canção pop plena de luxúria que derrete como ouro líquido.
"O Barquinho da Esperança" (1984)
Dois anos depois de terem representado as cores lusas em Inglaterra, as Doce voltaram ao certame que as viu despontar, talvez porque a sua pópria história se confunde com a do Festival, ou por não terem mais a provar se não a elas mesmas. Com música de Pedro Ayres Magalhães e letra de Miguel Esteves Cardoso, "O Barquinho da Esperança" figura como a menos memorável das participações do grupo (valendo-lhes um 11º lugar), mas apresenta a sua mais sólida prestação vocal.
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