O Legado das Doce - Os (outros) hits
Segundo de uma coleccção de posts dedicada ao maior grupo feminino português de todos os tempos.
Nem só das passagens pelo Festival se fez o percurso das Doce. Para além dos dois títulos originais - OK KO (1980) e É Demais (1981) - houve uma vintena de singles entre o seu catálogo que também foi ganhando espaço em colectâneas ou apresentações ao vivo. São essas pérolas que revisitamos neste segundo post:
"Amanhã de Manhã" (1980)
Quando um single de estreia é tão convidativo e peganhento quanto este, o estrelato é o único caminho possível. Aliás, fosse esta a sua primeira entrada no Festival da Canção, a vitória não lhes teria fugido, mas quanto mais árdua, mais... doce. Ei-las, quais amazonas coqueluche, numa magnífica apresentação n'O Tal Canal em 1983, harmonizando e cantando com primor.
"OK KO" (1980)
Da mesma costela vanguardista de "Doce", o tema-título do debute combina ginga pop/rock upbeat e elementos sintetizados numa canção que reclama por satisfação duradoura num tom provocatório que culmina com aviso de despejo imediato. A actuação aqui presente é retirada do programa Decisão 80, e apesar de um pouco descoordenada (Teresa Miguel esqueceu-se de ensinar a coreografia às restantes), é competente e encantadora.
"É Demais" (1981)
Ser-se vanguardista tem um custo, e para o quarteto foi a crítica/censura do seu país para com tudo aquilo que representavam. O cartão de visita do segundo álbum com o mesmo nome nascia então como resultado da frustração sentida, mas acabou por se transformar mais numa declaração de êxtase perante o compromisso da pessoa amada, do que num hino contestatário, ainda que seja cantado com mais ira do que prazer. Gabemos-lhes também o arraso do figurino - mil vivas para José Carlos.
"Jingle Tónico" (1981)
É como estar numa ilha deserta, olhar em volta e gritar água à vista. É como estar debaixo de uma palmeira ao sol tropical, tropical, não há quem resista - impossível dar um golinho e não ascender ao paraíso. Lado B desse memorial synthpop que é "Ali Bábá", "Jingle Tónico" reveste-se de aroma ska/reggae-pop, vocalização cálida e de uma mistura audaz de fonemas destinados a dar a volta à cabeça. Ei-las quais ninfas aquáticas em plena actuação no programa Eu Show Nico.
"Quente, Quente, Quente" (1984)
Este é o grupo que tanto actua no cimo de uma carroça (verdade, espreitem o documentário do making of do filme) como em pleno horário nobre no noticiário nacional - como não idolatrar? E esta tem que ser das actuações mais icónicas das Doce: do figurino cintilante para noite de gala no Lux, da plateia de intelectuais olhando embasbacados, do êxtase de Laura Diogo (na sua sequência coreográfica livre, leve e solta) ao furor de uma canção tão instantânea quanto esta, nas pegadas de "Chico Fininho". Que escaldão feliz.
Comentários
Enviar um comentário