Sons Frescos #45


Tudo a postos para o show das poderosas:

1) Normani & 6LACK- "Waves"- Incrível a sucessão de singles robustos da antiga militante das 5H, prestes a seguir os passos de Camila numa bem-sucedida carreira a solo. Depois de experimentar outras latitudes com Calvin Harris, Normani liberta agora uma sofisticada composição electro-R&B ladeada por 6LACK, sobre a natureza tumultuosa das relações amorosas. Em cheio, como uma onda.

2) Little Mix- "Told You So"- Nos dias que conduziram ao lançamento de LM5, fomos agraciados com uma série de mimos da nossa girlsband favorita. "Told You So" foi o segundo single promocional de suporte ao álbum, uma enternecedora (e um tanto natalícia, até) balada acústica com assinatura de MNEK que evidencia o laço inquebrável que une o quarteto. Venha de lá esse abraço colectivo.

3) Mariah Carey- "A No No"- Também a caminhada para o 15º álbum de estúdio da diva norte-americana foi generosa a nível de amostras. O irrecusável "A No No" foi o terceiro e último single promocional de Caution, um bop R&B uptempo como as oferendas anteriores não o souberam ser, sobre não desperdiçar tempo e paciência com calúnias. A produção vivaz é do parceiro habitual Jermaine Dupri, a evocar a atmosfera majestosa de The Emancipation of Mimi (2005) ou E=MC² (2008).

4) Rita Ora- "Cashmere"- Estamos em contagem decrescente para o lançamento de Phoenix, e Rita Ora passou a semana inteira a desvendar faixas da edição deluxe - uma boa estratégia, visto que metade do alinhamento da edição standard é já conhecido. "Cashmere" soa à versão after-hours de "Wolves" de Marshmello, com uma tónica de luxúria e desejo adicionada à mistura. 

5) Kelly Clarkson- "Never Enough"- Que sacrilégio seria deixar uma das vozes mais estrondosas da sua geração fora da reimaginação da banda-sonora de The Greatest Showman, já conhecida na íntegra. Tal como o fez de forma excepcional na mixtape do musical Hamilton, Kelly Clarkson agracia com perícia de performer de alta competição o original interpretado por Loren Allred. Para quando uma banda-sonora completa, mesmo?

6) Billie Eilish- "Come Out and Play"- Não se esperava um novo single de Billie Eilish até ao fecho do calendário, mas ele aí está - e é fantástico. Escrito por ocasião do anúncio festivo da Apple deste ano, "Come Out and Play" desenrola-se como uma gentil e calma composição algo folk de lírica imaculada que incita à expressão e partilha de emoções. Bonita mensagem, magnífica canção.

7) Alessia Cara- "Not Today"- Passando para alguém que nunca receou ser vulnerável de forma a canalizar as suas emoções, Alessia Cara diz-nos em "Not Today" - terceiro avanço para The Pains of Growing - que a ponte para a outra margem do pós-desgosto romântico não é uma miragem, mas que pelo caminho não há mal nenhum em entergarmo-nos momentaneamente à autocomiseração. Porque no fim, melhora sempre. 

8) Dido- "Hurricanes"- Há quanto tempo não tinhamos notícias de Dido, mesmo? O suficiente para quase nos esquecermos da sua existência. A voz de "Here with Me" revelou por estes dias o cartão de visita do seu quinto álbum de estúdio, uma compelativa balada trip hop sobre a superação de obstáculos no amor e na vida, arquitectada em conjunto com o seu irmão, Rollo Armstrong, dos Faithless. Antecede a chegada de Still on My Mind, a 8 de Março. 

9) Rita Ora- "Velvet Rope"- A secção deluxe de Phoenix está de tal forma consistente, que devemos começar a pensar se a espera de seis anos não terá valido realmente a pena. "Velvet Rope" soa a algo que Sam Smith poderá ter descartado de The Thrill of It All e que os Rudimental não consideraram suficientemente bom para incluir no novo álbum. Assenta-lhe bem, esta tristeza trauteada com um sorriso.

10) Troye Sivan & Jónsi- "Revelation"- O maior ícone queer dos nossos dias junta-se ao frontman dos Sigur Rós para uma belíssima canção escrita para Boy Erased, filme de Joel Edgerton sobre um adolescente que é obrigado pelos pais a fazer terapia de reorientação sexual. "Revelation" é inspirado por uma cena do filme em que o protagonista interage de forma íntima pela primeira vez com outro rapaz, e a epifânia e aceitação que daí advém. 

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