21 grandes canções pop frequentemente esquecidas


Diz-se que dos grandes temas pop não os apaga o tempo nem o pensamento. Fosse assim em todas as listas essenciais e nas cabeças da maioria, até porque nem todos podem inscrever o seu nome a ouro nos registos da história da música moderna e o espaço de memória não é infinito.

Mas uma grande canção pop é sempre uma grande canção pop, e não precisa de um nº1 ou de um intérprete icónico para que tal aconteça. A seguinte lista tenta provar isso mesmo:

1) Nicola Roberts- "Beat of My Drum" (2011)- Nunca subestimem uma underdog. Durante anos foi considerada o patinho feio das Girls Aloud, demasiado vulnerável e até insípida para uma das bandas femininas de maior calibre do Reino Unido. Até que encontrou poiso a solo num fulminante e esquizóide tema synthpop coadjuvado por Diplo, onde a sua fina voz de porcelana convive com sirenes, breaks de bateria e espasmos electro. Facilmente o melhor e mais arrojado tema lançado depois da separação do grupo.

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2) Alesha Dixon- "The Boy Does Nothing" (2008)- Em 2008 Alesha Dixon alavancava de vez a carreira a solo pós-Mis-Teeq com este inescapável pedaço de dance pop repleto de influências de mambo e swing, a que a sua vitória na quinta edição de Strictly Come Dancing, um ano antes, não será alheia. "The Boy Does Nothing" conta com o recorte dos Xenomania, a equipa de produtores britânicos hip dos anos 00, sendo o mais fiel equivalente de "Mambo No. 5". And if the man can't dance, he gets no second chance.

3) Agnes- "Release Me" (2008)- Podemos sempre contar com a qualidade dos artesãos suecos para a criação de hinos pop intemporais. Agnes Carlsson havia-se sagrado vencedora da segunda edição de Ídolos em 2005, e três anos volvidos já havia chegado ao resto do mundo com a cadência europop/disco avassaladora de "Release Me", nada menos do que um fenomenal single superiormente cantado sobre desesperar por uma desvinculação romântica. 

4) Jamelia- "Superstar" (2003)- Poucos se lembrarão de quem Jamelia é - está sem editar há treze anos - mas provavelmente já se cruzaram com esse brilhante híbrido pop-R&B dos anos 00 que é "Superstar", a derradeira definição de uma killer track. Eis o que poucos sabem: trata-se de um cover de um tema de uma cantora pop dinamarquesa que o havia integrado no seu álbum de estreia poucos meses antes. Julgamentos à parte, devemos agradecer-lhe por ter dado uma plataforma e um propósito maior à canção. 

5) Amerie- "1 Thing" (2005)- Pode um produtor acertar no jackpot por duas ocasiões? Rich Harrison havia estado na origem de "Crazy in Love", o monumento sobre o qual Beyoncé ergueu a sua carreira a solo, e dois anos mais tarde replicou o modelo R&B-funk percussivo para a então emergente Amerie dar o salto para o mainstream. Entram bongos, chocalhos, pratos de condução, uma entrega estonteante e aquela centelha especial indecifrável.

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6) Kylie Minogue- "Get Outta My Way" (2010)- Indiscutivelmente o single de Kylie mais subvalorizado dos anos 10. Nada menos do que um colossal pop banger de dedo desafiador no ar e anca movediça na pista de dança, "Get Outta My Way" foi entregue à entrada da quarta década de actividade de Minogue, numa era dominada por Lady Gaga, Rihanna, Katy Perry e afins. Nem Madonna se saiu com algo tão formidável nos seus últimos trabalhos...

7) Rachel Stevens- "Sweet Dreams My LA Ex" (2003)- O relógio discográfico de Rachel Stevens também parou algures em 2005, mas não esqueçamos que para trás ficou uma triunfante carreira a bordo dos S Club 7 e um espectacular arranque a solo ao som deste "Sweet Dreams My LA Ex", perfeição pop fabricada por Bloodshy & Avant, naquela que seria a resposta de Britney a "Cry Me a River" de JT. Spears declinou-a e optou por outro tema da dupla, um tal de "Toxic". E como o lixo de uns é o tesouro de outros, Rachel Stevens ainda hoje deve acender umas velinhas em sua honra.

8) Aly & AJ- "Potential Break Up Song" (2007)- Não se sabe ao certo em que ácido estas ninas estavam quando decidiram iniciar a campanha do segundo álbum com este inebriante pedaço de synth rock que estilhaçou com estrondo a imberbe sonoridade pop/rock da estreia - mas funcionou. Desde logo o mais arrojado tema a ter saído com a chancela da Disney, "Potential Break Up Song" esvai-se em camadas de pop, rock, electrónica e até tango (!), reconhecendo também o cliché de ser (mais) uma canção de separação. Incrível.

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9) Robbie Williams- "Lovelight" (2006)- Do ainda mais expedito álbum do ex-Take That, "Lovelight" foi uma das cinco covers que o músico escolheu para integrar Rudebox. Com uma nova roupagem dance pop/funk sofisticada cortesia de Mark Ronson, é cantada quase na íntegra em falsete e está a milhas de distância do restante catálogo de Robbie Williams. Um senhor bop.

10) Emma Bunton- "What Took You So Long?" (2001)- Na contagem dos melhores singles lançados a solo pelas Spice Girls, este tem que estar no top 3. Cartão de visita de A Girl Like Me, o disco inaugural da Baby Spice, vive ancorado de heranças pop/rock da segunda metade dos anos 90 e conserva um certo aroma rock latino que Santana não desdenharia. A interpretação cálida de Emma Bunton faz o resto. 

11) Diana Vickers- "Once" (2010)- Vivemos todos para este pequeno bop reluzente. Espécie de Ellie Goulding de alta-costura revelada na série 5 de The X Factor, Diana Vickers fez-se anunciar com esta fabulosa construção electropop com guitarras, sintetizadores, lágrimas e cabelos desgrenhados à mistura que fez prometer uma carreira bem mais entusiasmante do que na realidade foi. Bem... I'm only gonna let you kill me-eee!

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12) Esmée Denters- "Outta Here" (2009)- Esmée Denters tinha tudo para dar certo: o embrulho pop completo, com a voz, o look e as canções ideais para funcionarem na configuração musical da época, a que se adicionava a benção de Justin Timberlake na sua Tennman Records, sendo já uma estrela do YouTube ainda antes deste a detectar. O estrelato foi fugaz mas a breve obra é imponente: "Outta Here" ainda hoje causaria abalos sísmicos com as suas sensibilidades pop-R&B comandadas por aquela voz titânica. You should be proud, gurl. 

13) Bridgit Mendler- "Ready or Not" (2012)- Em 2012 parecia que Demi e Selena estavam prestes a ter uma adversária directa na figura de Bridgit Mendler, também ela estrela emergente da Disney a preparar a sua transição para o estrelato pop. Quando o cartão-de-visita é tão estupendo quanto "Ready or Not", uma divertida reconstrução reggae-pop do tema de 68 dos Delfonics mais comumente associado ao êxito com o mesmo nome dos Fugees, perdoa-se qualquer palpite ao lado. 

14) Lucie Silvas- "What You're Made Of" (2004)- É necessário termos uma ténue recordação das transmissões idas do VH1 para nos lembrarmos de Lucie Silvas, que em 2004 causava boa impressão pela Europa fora com "What You're Made Of", uma notável balada ao piano interpretada com brio sobre o lamento de mais uma relação que não funcionou. O tema chegou ao top 10 do Reino Unido e o respectivo álbum de estreia, Breathe In, seria platina aí, na Holanda e em Espanha. Mas a carreira esmoreceu depois disso.

15) Sam Sparro- "Black and Gold" (2008)- O australiano Sam Sparro vive a sua carreira praticamente na obscuridade, mas não esqueçamos que teve um luminoso tiro de partida com "Black and Gold", estelar construção synthpop entoada com primor soul, a versar acerca da sua relação com a religião. A produção é formidável, a interpretação portentosa e o vídeo um colírio visual - não admira, por isso, que tenha estado nomeada para Melhor Gravação de Dança nos Grammys 2009. 

16) Carly Rae Jepsen- "Run Away With Me" (2015)- Foi há sete anos que Carly Rae Jepsen varreu o globo inteiro com a candura efervescente de "Call Me Maybe" - e a generalidade do mundo ficou aí parado no tempo. A maioria dos amantes da pop, felizmente, não - Emotion, o disco que se seguiu, é ainda o seu pináculo artístico e "Run Away With Me" um dos maiores monumentos erguidos à pop na última década: bastaram um loop de saxofone, cascatas de sintetizadores e aquele êxtase jovial incontrolável tão bem propagado por Jepsen. Fugimos juntos. 

17) Holly Valance- "Kiss Kiss" (2002)- Mwah! Outro caso de abandono precoce do estrelato pop: não da face da terra mas para a televisão e cinema. Como esquecer, pois, o primeiro contacto de Holly Valance com o mainstream? A canção do beijinho é afinal um original turco - daí o exotismo - de 1997, que ainda recebeu uma segunda encarnação antes de ir parar às mãos de Holly Valance em 2002. O molde já era bom e um vídeo quente quente, a escaldar, fez o resto.

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18) Alphabeat- "Fascination" (2006)- The word is on your lips - say the word! Ora aqui está uma gigantesca feel-good song que põe todas as outras a um canto. Da inescapável estreia de 2007 do grupo dinamarquês, "Fascination" permanece ainda como a perfeita porta de entrada para a ginga pop upbeat e para as cantaroláveis harmonias rapaz-rapariga que são marca identitária dos Alphabeat. O single musicou até um anúncio da Coca-Cola à época, mas não se pode dizer que tenha o crédito devido. 

19) Brian McFadden & Delta Goodrem- "Almost Here" (2005)- Brian McFadden provavelmente já se arrependeu vezes sem conta de ter batido com a porta dos Westlife cedo demais, mas nem sempre foi assim. Em 2004 assinava com Irish Son uma respeitável estreia que lhe proporcionou três exitos de top 10 só no Reino Unido, pontuado por este esplêndido "Almost Here" em dueto com o cisne australiano Delta Goodrem - aqui no seu melhor registo Céline - de quem chegou a estar noivo. Prostem-se de joelhos, porque isto é para lá de emotivo.

20) Robyn- "Call Your Girlfriend" (2011)- Quem não se recorda da fabulosa tríade musical da sempre bem-aventurada Robyn em 2010? A memória colectiva reteve sobretudo a ópera electrónica desolada de "Dancing on My Own", mas entre as muitas outras pérolas da série Body Talk estava outro compelativo objecto de massiva energia cinética, no pólo oposto da tristeza que clamava no citado single: o tom confrontacional de "Call Your Girlfriend" espelha-se também em sensibilidade e compaixão para com a namorada que em breve deixará de o ser.

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21) Sugababes- "Push the Button" (2005)- Elevador a postos. Venham Girls Aloud, Pussycat Dolls e qualquer outra girlsband da década passada, que nenhuma terá argumentos para competir com a perfeição pop de "Push the Button". O grupo formado por Keisha, Mutya e Heidi estava no auge das suas capacidades e o single de avanço do quarto álbum apontava às estrelas: uma estonteante construção electropop de versos sugestivos, trazidos à vida com um vídeo igualmente sensualão, que nasce da frustração pela recusa dos avanços românticos para com um potencial parceiro. 

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Toca a dissipar essa amnésia:



Wow, isto foi divertido a valer, não?

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