Uma década de Lady Gaga em 12 canções


Sim, chegámos um bocadinho atrasados à festa - os redondos dez anos assinalavam-se em Agosto passado - mas agora temos razões para celebrar com mais afinco: Lady Gaga completa hoje 33 primaveras e atravessa um renovado fôlego artístico e comercial como há muito não se via.

Celebramos, por isso, da melhor forma que sabemos, aplaudindo o génio de uma artista ímpar que rompeu com todas as normas do mainstream e que tanto contribuiu para a criação de uma esfera pop mais igualitária, extravagante e livre de rótulos. Assim se conta a história de Gaga:



12º "LoveGame", The Fame (2008)- Let's have some fun, this beat is sick - I wanna take a ride on your disco stick, huh! Um dos quatro temas basilares sobre o qual se ergueu a sua fantástica estreia, "LoveGame" é uma transpirada ode electro-R&B à cultura underground nova-iorquina e aos encontros sexuais fortuitos por ela proporcionados. O vídeo com assinatura de Joseph Kahn teve inspiração directa em "Bad" de Michael Jackson.

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11º "The Edge of Glory", Born This Way (2011)- O cancioneiro de Gaga não fica mais Springsteeniano que isto. "The Edge of Glory" começou por ser um single promocional de antecipação a Born This Way, não tendo demorado a ser elevado a single oficial. Jubiloso manifesto electro-rock sobre atingir o zénite nos derradeiros momentos de vida, constrói-se em torno do saxofone de Clarence Clemons e de um vídeo mega simplista. 

10º "Million Reasons", Joanne (2016)- Ao quarto álbum as massas já quase tinham abandonado Lady Gaga, não fosse "Million Reasons" - uma imensa canção pop de inclinação country sobre querer perseverar perante um relacionamento tremido - trazê-las momentaneamente de volta a si, potenciada pela sua actuação no Super Bowl em 2017. É ainda um dos momentos-chave de Joanne e abriu caminho para explorações do género na banda-sonora de A Star Is Born

9º "Born This Way", Born This Way (2011)- Paws up! Foi na viragem da década que o histerismo em torno de Lady Gaga atingiu proporções gigantescas - cantar sobre ostentação, fama e moda já não se coadunava com o seu perfil e a advocacia da igualdade, aceitação e celebração da diferença passou a ser a prioridade máxima na sua agenda. "Born This Way" susteve o momento de transição com firmeza, tornando-se no equivalente a "Express Yourself" de Madonna para a sua legião de Little Monsters e demais marginalizados. Um elaborado vídeo de sete minutos amplificava a poderosa mensagem de libertação.

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8º "Alejandro", The Fame Monster (2009)- No Verão de 2010 a Gagamania estava no auge e "Alejandro" surgiu para rematar a gloriosa era de estreia. Nele assistimos à despedida amarga de Gaga para com os seus amantes hispânicos - Alejandro, Fernando e Roberto - numa mui recomendável construção synthpop de batida europop à la Ace of Base, complementada por mais um épico denso de 9 minutos de ambiência militar e homoerótica dirigido pelo fotógrafo Steven Klein.

7º "Paparazzi", The Fame (2008)- Três singles certeiros de enfiada não levavam a outra conclusão senão a de que Gaga estava destinada à grandeza. "Paparazzi", sobre o eterno binómio amor-fama e os extremos a que as pessoas se sujeitam para cumprir o sonho dos holofotes, comprovava a ascensão da sua autora com um ambicioso vídeo de Jonas Åkerlund em que referências aos clássicos Vertigo e Metropolis se cruzam com uma história de traição, crime e vingança. 

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6º "Telephone", The Fame Monster (2009)- O segundo avanço de The Fame Monster pegou exactamente onde a narrativa de "Paparazzi" ficou e trouxe-nos o dobro da loucura, do génio e da ambição. Originalmente desenhado para Britney Spears, "Telephone" - agitada composição dance pop sobre asfixia emocional - permaneceu na posse de Lady Gaga e ganhou não só uma fantástica adição na figura de Beyoncé como um vídeo absurdamente icónico que marcará para sempre a história audiovisual do séc. XXI. Um verdadeiro evento pop global. 

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5º "Yoü and I", Born This Way (2011)- Chegados a este ponto, é curioso pensar como Gaga ainda não tinha lançado uma balada como single, apesar de "Speechless" ter chegado perto. Monumental pedaço pop/glam rock que encerrou a campanha promocional do segundo álbum, "Yoü and I" recorreu a um sample de "We Will Rock You" e aos préstimos de Brian May na guitarra eléctrica, mas é sobretudo a performance vocal tórrida e arrasadora de Lady Gaga que conduzem a canção. Nebraska, Nebraska, I love ya! 

4º "Just Dance", The Fame (2008)- Ahh, a Lady Gaga sem cheta será sempre a melhor versão de Gaga. Tudo começava com "Just Dance", uma simples mas imbatível construção synthpop que versava sobre hedonismo e libertação na pista de dança. O arranque não foi fabuloso: demorou-lhe uns bons cinco meses para se tornar num êxito monumental, mas a adversidade e resiliência apenas tornaram a história de sucesso mais saborosa. 

3º "Shallow", A Star Is Born (2018)- É incrível pensar na trajectória desta canção, naquilo que significa para milhões de pessoas em todo o mundo e em como veio dar um novo alento à carreira de Gaga. Talvez "Shallow" não existisse sem a incursão country de Joanne, e muito menos sem estar associada ao universo de A Star Is Born, mas é uma autêntica dádiva no seu percurso que a elevou a novos (e inesperados) máximos de carreira. Seis meses volvidos, ainda estamos todos ligados a ela.

2º "Poker Face", The Fame (2008)- Mum-mum-mum-mahh! O mainstream ainda nem tinha percebido bem com o que é que tinha sido atingido, e já tinha "Poker Face" - bombástica criação dance pop de refrão robótico sobre os apetites-bi de Gaga - a formar uma implacável tag team com "Just Dance" e a tomar o mundo da pop de assalto. Nova parceria vitoriosa com RedOne, novo êxito a cimentar o seu estatuto de cometa flamejante. 

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1º "Bad Romance", The Fame Monster (2009)- O fenómeno de Gaga adensava-se a cada novo single, mas foi no fechar da década que nos entregou a sua pièce de résistance. "Bad Romance" é o momento que a catapulta para a estratosfera e que a destingue das demais contemporâneas: uma revolucionária construção electropop revestida de house e techno, acerca de amor condenado à nascença (como aliás se preza na tradição de clássicos pop). O icónico vídeo que o acompanha tornou tudo ainda mais incrível: uma metáfora macabra de como a indústria do entretenimento se assemelha por vezes ao tráfico humano, estilizada com figurinos absurdos, coreografias disruptivas e uma acutilância visual fora de série. Clássico absoluto.

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Parabéns, Gaga. Que a próxima década se preencha de feitos, momentos e canções igualmente formidáveis.

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