"Positions": United States of Ariana

 
O hiato de Ariana teve a duração de um fósforo. Foi nos Grammys de Janeiro último que a vimos rematar a era de Thank U, Next com a prometida actuação de "7 Rings" que lhe foi negada no ano anterior, e pouco depois já estava a declarar a quarentena como sua ao assinar "Stuck with U" ao lado de Bieber. Quando o Verão se pôs no horizonte, "Rain on Me" já era o hino declarado da estação.

Se dois êxitos em período de pousio são notáveis, a hipótese de conseguir dobrar essa marca antes do ano chegar ao fim é demasiado tentadora. Daí que do anúncio à concretização, "Positions" tenha chegado num abrir e fechar de olhos. 

Leve e airoso objecto de pop/R&B em diálogos trap, com acordes de guitarra, violinos e trinados de grilo (?) à mistura, o cartão-de-visita do seu sexto álbum é facilmente o single de avanço menos entusiasmante do seu percurso, a viver na mesma linha não progressiva de "Boyfriend" ou "Don't Call Me Angel", num limbo pós-Thank U, Next. O melhor será mesmo o vídeo de Dave Meyers, que permite a Ariana viver o sonho de se tornar na primeira mulher presidente dos EUA, enredada num ror de tarefas ora inerentes ao cargo, ora domésticas. 

O seu sucesso será claramente insuflado pelas expectativas de a ver suceder ao melhor e mais bem-sucedido trabalho da sua carreira, mas talvez o tenhamos que entender como "Touch My Body" esteve para Mariah Carey há doze anos, tendo representado o ínicio do seu (segundo) declínio. Oxalá que Positions, o álbum, nos prove o contrário já na próxima sexta. 

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