O percurso de Keri Hilson em 5 canções

 

Keri Hilson deixou uma marca breve mas indelével no panorama hip hop e R&B do final dos anos 00 e início dos anos 10. Protegida de Timbaland, notabilizou-se também pela sua veia de compositora de hits para Britney Spears ("Gimme More", "Break the Ice"), Pussycat Dolls ("Wait a Minute"), Omarion ("Ice Box") ou Chris Brown ("Forever"), antes de se lançar a uma carreira a solo que ainda originou dois álbuns.

Depois disso, foi uma das primeiras vítimas de cancelamento da cultura da internet e cessou praticamente a actividade musical. Hoje recordamos o seu importante e saudoso legado:


"Return the Favor", In a Perfect World... (2009)

Depois de "The Way I Are" ter feito virar cabeças em 2007 com a sua mescla futurista de electro-hop, era mais do que natural que a parceria com Timbaland fosse replicada no debute a solo de Keri. "Return the Favor" não está nem por sombras na liga do primeiro assalto, mas foi um sofisticado encontro entre as influências electropop da época e o background R&B de ambos, tão avant-garde quanto 2008 poderia pedir. 

 
"Knock You Down", In a Perfect World... (2009)

Até aqui Hilson ainda aguardava pelo seu primeiro êxito mundial em nome próprio, e ele chegou materializado em "Knock You Down", fruto de um feliz alinhamento de factores: o lendário Danja aos comandos de uma imaculada construção hip hop e R&B com apelo pop e as contribuições de Mr. West e Ne-Yo. O corolário do seu trabalho atingia o nº1 na Nova Zelândia, nº2 na Irlanda, top 3 nos EUA e top 5 em Inglaterra. 


"I Like", In a Perfect World... (2009)

Keri sempre teve um certo apelo europeu devido às suas experimentações com a electropop e a dance pop, mas nenhuma investida a solo será tão aclamada quanto "I Like". Composta originalmente para a banda-sonora do filme alemão Zweiohrküken, foi depois acrescentada a uma edição expandida do seu debute, tendo alcançado bastante sucesso na Europa continental: foi nº1 na Alemanha, Polónia e Eslováquia.


"Pretty Girl Rock", No Boys Allowed (2010)

Nem só Beyoncé fazia por esta altura gigantescas canções de empoderamento. Keri Hilson teceu a maior da sua discografia à entrada do álbum nº2, criando em "Pretty Girl Rock" um imenso hino de amor-próprio e união feminina, cujo maravilhoso vídeo orquestrado por Joseph Kahn homenageia uma série de mulheres norte-americanas que desbravaram caminho ao longo das décadas: de Josephine Baker, Dorothy Dandridge a Patty das Andrews Sisters, passando por Diana Ross, Donna Summer ou Janet Jackson, até T-Boz das TLC. Quanto aprumo e primor.


"Lose Control", No Boys Allowed (2010)

Ainda o último single a solo de Miss Hilson, "Lose Control" passa pela versão duplicada de "What's My Name?" de Rihanna - mas ainda assim bastante satisfatória - partilhando ambas os mesmos produtores (o colectivo StarGate) e tendo sido lançadas com uma diferença de escassos meses. Obviamente que o sucesso não foi sequer semelhante, com o tema a ter dificuldade em replicar o êxito do single anterior, mas destaca-se o estiloso vídeo de Colin Tilley: Keri estava cada vez mais confortável na sua condição de popstar. 


Depois de 2011, comentários menos elogiosos feitos sobre Ciara e Beyoncé geraram um ódio massivo dirigido a si nas redes sociais, e Keri Hilson deixou de ter o suporte que tinha da comunidade do R&B e hip hop. Talvez não tenha sido o único motivo para dez anos de silêncio, mas o certo é que de lá para cá só a escutámos em duas colaborações de menor perfil.

A única movimentação de relevo no seu percurso foi mesmo a transição para a dramaturgia, tendo marcado presença em Think Like a Man (2012), Riddick (2013) ou Almost Christmas (2016), e mais recentemente em telefilmes para o canal por cabo Lifetime. Mas todos a queremos ver no seu habitat natural e a contar a sua versão dos acontecimentos, mais cedo do que tarde. 

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