O dia em que Portugal ganhou a Eurovisão
Aconteceu. 53 anos após a estreia e 48 participações depois, Portugal venceu a Eurovisão pela graça e encanto de "Amar pelos Dois", a canção tecida pelos irmãos Sobral, composta pela Luísa e tão bem interpretada pelo Salvador.
A aparente entrada "anómala" do Festival da Canção, que tanto ódio colheu como amor granjeou, soube conquistar a Europa e trazer-nos um título inédito que volta a extasiar e encher de esperança a nação, menos de um ano depois de nos termos tornado campeões europeus de futebol e num dia que já tinha sido agraciado pela visita papal e pelo 36º título nacional do Benfica - mais glorioso que isto seria impossível.
Com uma classificação recorde de 758 pontos, distribuídos tanto pelo júri de 41 nações como pelo televoto, "Amar pelos Dois" triunfou em português, despida de artifício, com uma enternecedora melodia tantas vezes apelidada de "Disney jazz" e, sobretudo, pela intuitiva interpretação de Salvador Sobral que não pede referências ou inspirações a mais alguém, chegando assim ao coração da Europa da forma mais genuína possível.
Por muita boa fé que depositássemos na nossa canção, a incredulidade é geral. Afinal de contas, sempre fomos os párias da Eurovisão - por alguma razão éramos o país com mais entradas e zero vitórias - e mesmo que desta vez os indicadores fossem tremendamente optimistas, achamos sempre que por alguma razão nos será retirado o momento de glória e que não somos merecedores de tanto júbilo.
E mesmo que essa questão não se colocasse, tínhamos rivais de peso pela frente. Desde a crítica cultural feita hino de estádio pelo carismático concorrente de Itália numa actuação gorilífica, passando pela colossal canção da Bulgária, pelo irresistível saxofone da Moldávia, pela pop sombria e introspectiva da belga Blanche até à electropop com precisão de laser da entrada sueca - todos cenários de vitória possíveis que não se concretizaram porque esta era a nossa vez.
E não deixa de ser impressionante a forma como acontece. Vínhamos de um interregno de um ano no concurso - o segundo esta década - utilizado para repensar o modelo do Festival da Canção pela RTP. E logo à primeira reestruturação sai-nos não a sorte grande, mas a recompensa pelo esforço e trabalho árduo aplicado para que a nossa triste sina deixasse de se repetir.
Ao chamar a si toda uma nova geração de intérpretes e compositores, a RTP mostrou ser possível reconciliar o público português com um dos eventos outrora mais populares do país, devolvendo o interesse e entusiasmo da nação pelo moribundo Festival da Canção. Ainda que a escolha de "Amar pelos Dois" não tenha sido consensual, tão pouco enquadrada aos canônes eurovisivos que era, ninguém ficou indiferente à proposta dos irmãos Sobral. E que o tempo mostrou ser a nossa melhor hipótese de sempre.
Que se juntem agora todos - leais apoiantes, maldizentes e recém convertidos - para celebrar este momento de glória. Que não se perca este brio e que os nossos autores e intérpretes continuem empenhados em devolver o bom nome ao Festival da Canção. Mas, sobretudo, que isto nos sirva de lição para empreitadas futuras: podemos chegar onde qualquer outra nação chega, basta acreditar e fazer por isso.
Portugal recebe para o ano a Eurovisão e certamente seremos uns honrosos anfitriões de um evento que sempre quisemos receber. Até lá, guardaremos na mão todo o entusiasmo, fervor e posterior júbilo que esta jornada eurovisiva nos proporcionou. Parabéns e obrigado, Salvador.
A aparente entrada "anómala" do Festival da Canção, que tanto ódio colheu como amor granjeou, soube conquistar a Europa e trazer-nos um título inédito que volta a extasiar e encher de esperança a nação, menos de um ano depois de nos termos tornado campeões europeus de futebol e num dia que já tinha sido agraciado pela visita papal e pelo 36º título nacional do Benfica - mais glorioso que isto seria impossível.
Com uma classificação recorde de 758 pontos, distribuídos tanto pelo júri de 41 nações como pelo televoto, "Amar pelos Dois" triunfou em português, despida de artifício, com uma enternecedora melodia tantas vezes apelidada de "Disney jazz" e, sobretudo, pela intuitiva interpretação de Salvador Sobral que não pede referências ou inspirações a mais alguém, chegando assim ao coração da Europa da forma mais genuína possível.
Por muita boa fé que depositássemos na nossa canção, a incredulidade é geral. Afinal de contas, sempre fomos os párias da Eurovisão - por alguma razão éramos o país com mais entradas e zero vitórias - e mesmo que desta vez os indicadores fossem tremendamente optimistas, achamos sempre que por alguma razão nos será retirado o momento de glória e que não somos merecedores de tanto júbilo.
E mesmo que essa questão não se colocasse, tínhamos rivais de peso pela frente. Desde a crítica cultural feita hino de estádio pelo carismático concorrente de Itália numa actuação gorilífica, passando pela colossal canção da Bulgária, pelo irresistível saxofone da Moldávia, pela pop sombria e introspectiva da belga Blanche até à electropop com precisão de laser da entrada sueca - todos cenários de vitória possíveis que não se concretizaram porque esta era a nossa vez.
E não deixa de ser impressionante a forma como acontece. Vínhamos de um interregno de um ano no concurso - o segundo esta década - utilizado para repensar o modelo do Festival da Canção pela RTP. E logo à primeira reestruturação sai-nos não a sorte grande, mas a recompensa pelo esforço e trabalho árduo aplicado para que a nossa triste sina deixasse de se repetir.
Ao chamar a si toda uma nova geração de intérpretes e compositores, a RTP mostrou ser possível reconciliar o público português com um dos eventos outrora mais populares do país, devolvendo o interesse e entusiasmo da nação pelo moribundo Festival da Canção. Ainda que a escolha de "Amar pelos Dois" não tenha sido consensual, tão pouco enquadrada aos canônes eurovisivos que era, ninguém ficou indiferente à proposta dos irmãos Sobral. E que o tempo mostrou ser a nossa melhor hipótese de sempre.
Que se juntem agora todos - leais apoiantes, maldizentes e recém convertidos - para celebrar este momento de glória. Que não se perca este brio e que os nossos autores e intérpretes continuem empenhados em devolver o bom nome ao Festival da Canção. Mas, sobretudo, que isto nos sirva de lição para empreitadas futuras: podemos chegar onde qualquer outra nação chega, basta acreditar e fazer por isso.
Portugal recebe para o ano a Eurovisão e certamente seremos uns honrosos anfitriões de um evento que sempre quisemos receber. Até lá, guardaremos na mão todo o entusiasmo, fervor e posterior júbilo que esta jornada eurovisiva nos proporcionou. Parabéns e obrigado, Salvador.
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Viva Salvador! Viva Luísa!
ResponderEliminarObaaaa! :)
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