Quando "My Mistake" definiu a carreira de Gabrielle Aplin
Na altura talvez não o tenhamos apercebido, abafada que foi pelos lançamentos do último trimestre de 2018, mas esta monumental e vulnerável balada ao piano é o corolário do percurso que Gabrielle Aplin vem a trilhar há uma década. Por isso importa voltar atrás, reconhecendo-lhe o valor e o impacto tanto na sua obra como na vida de quem a escuta.
O seu currículo aponta uma cover dos Frankie Goes to Hollywood como maior êxito, e a própria memória possivelmente retém "Please Don't Say You Love Me" ou a belíssima "Salvation" como pontos altos, mas "My Mistake" merece muito mais do que uma breve nota de rodapé que indique que foi somente o single de avanço do seu terceiro álbum, em que regressou à independência.
É uma canção que a obriga a ser brutalmente honesta consigo própria e a aceitar a tristeza profunda como uma amiga passageira, mas necessária, tal como todos os outros sentimentos mais positivos que acabamos por aceitar com maior naturalidade. Porque amanhã essa mesma rapariga saberá levantar-se e perceber que essa tristeza foi fundamental para se sentir de novo na sua pele e desbloquear a melhor versão de si mesma.
O vídeo é igualmente belo, com Gabrielle no seu charme encantador de Emma Watson, presa a actividades rotineiras e a uma apatia de espírito, até que se recompõe, expressando-se num manifesto de movimentos graciosos à medida que a canção cresce e cresce, num esplendor emocional.
Já que aqui estão podem sempre escutar Dear Happy (a cumprir precisamente um ano!), que o vosso tempo não será em vão. Que possamos cada vez mais receber a tristeza e melancolia como uma visitante passageira e valorizar as pérolas perdidas (mas não esquecidas) que passam pela nossa vida.
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