"Wild Side" de Normani: agora é a valer

 


A lenda de Normani começou a cumprir-se no dia em que "Motivation" aterrou no nosso colo: corria o Verão de 2019 e achávamos que nada poderia travar a força que ali despontava de vez a solo, não mais escondida no grupo que a viu nascer ou escudada em colaborações. 

No final, a única coisa que a travou foi ela mesma. Presa às expectativas do público, da indústria e ao seu perfeccionismo. Entendemos e aguardámos impacientemente pela altura em que estivesse finalmente pronta. Quase sem aviso, "Wild Side" entrou de rompante pelos nossos ecrãs e o efeito, se não semelhante, foi de assombro e alívio: sucumbir de novo ao encanto de Normani e compreender que a demora não foi em vão.

Onde "Motivation" era jovialidade, nostalgia pop-R&B e reconhecer o legado das artistas que a antecederam, "Wild Side" é todo um outro nível de seriedade e ambição: é jogar na liga das divindades, sabendo que se conquistou antecipadamente o direito para tal. O sample de "One in a Million" da eterna Aaliyah sustenta os argumentos com que se lança a um musculado tema R&B dos sete costados, no qual também tem créditos de produção. Quase nem damos por Cardi B, numa breve e pouco impactante aparição, apenas para servir a pimenta que tanto lhe apraz, mas sem nos fazer desviar os olhos da tigresa-filha.

O vídeo da ucraniana Tanu Muino é também uma monumental carta de amor aos vídeos R&B de grande orçamento que adornavam a época áurea da MTV, com cenários amplos, esquema de cores coeso e coreografia massiva executada por um pequeno batalhão de dançarinos. Se o álbum de estreia for todo desta envergadura, não haverá estrutura que aguente - é soltar essa dinamite. 

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