Sons Frescos #35


Nos featurings está o ganho:

1) Pharrell Williams feat. Camila Cabello- "Sangria Wine"- Qué, qué? Reza a história que das sessões conjuntas entre Pharrell e Miss Cabello nasceram dois temas: "Havana", o estrondoso êxito de Verão tardio a que tivemos direito o ano passado, e este "Sangria Wine", pedaço insular de pop latina com elementos de salsa e reggae, que por alguma razão ficou fora do alinhamento de Camila. Menos vitaminado e convidativo que o irmão mais velho, arrasta-se enfadonho muito por culpa da prestação de Pharrell - "She Loves Control" ainda pode salvar a temporada.

2) Clean Bandit feat. Demi Lovato- "Solo"- Depois de "Symphony" e "I Miss You", dois singles mais midtempo, o trio britânico precisava de voltar a aumentar o compasso. "Solo" chega então para devolver os Clean Bandit à pista de dança, mesmo a tempo da época estival, e para dar a Demi Lovato a melhor colaboração da sua vida. Misto de "Rockabye" (sem a brisa dancehall) e de "Anywhere" (a mesma cama de vocoders), a canção celebra a emancipação e independência pós-desolação amorosa. #hinaodaporra, pois claro.

3) Christina Aguilera feat. Demi Lovato- "Fall in Line"- Demi continua em grande com aquela que é possivelmente a sua parceria de sonho, unindo forças com Legendtina para outra tremenda manifestação de poder e emancipação feminina em agitados tempos de movimentos como #timesup e #metoo, que soa à continuação natural de "Can't Hold Us Down". Depois do arranque não consensual com "Accelerate", Xtina canaliza aqui as influências R&B e power ballad de Stripped que poderão converter mais fãs à era de Liberation

4) Troye Sivan- "Bloom"- No que toca à pop no masculino em 2018, Troye Sivan está um passo à frente de todos. "Bloom" segue no encalço do excelente "My My My!", tremenda canção sobre desejo queer e indutora de borboletas no estômago, como só as grandes canções pop conseguem suscitar. O álbum com o mesmo nome chega a 31 de Agosto - até lá é indo acompanhando este maravilhoso desabrochar. 

5) Jennifer Lopez feat. DJ Khaled & Cardi B- "Dinero"- Se em 2017 tivemos "Wild Thoughts", este ano o equivalente surge na figura de "Dinero", fogoso híbrido de trap latino com elementos de bachata, assistido pelo mestre de cerimónias DJ Khaled e pela sista do Bronx, Cardi B, a entregar collabs até dar o check in na maternidade. Tudo a postos para que se torne no maior êxito de J.Lo desde "Ain't Your Mama".

6) Bastille- "Quarter Past Midnight"- A recepção menos calorosa do segundo álbum fez com que o quarteto londrino não esperasse tanto tempo pelo terceiro. "Quarter Past Midnight", o cartão-de-visita do próximo álbum, não está ainda bem ao nível da indie pop trepidante a que Bad Blood nos habituou, mas prova que os Bastille não perderam a aptidão para temas de refrão fácil. 

7) Rita Ora feat. Cardi B, Bebe Rexha & Charli XCX- "Girls"- Rita Ora andava há que tempos para fazer a sua versão de "Lady Marmalade" e lá conseguiu levar os seus intentos avante com um hino pop-rap pró-LGBT um tanto tacanho assistido competentemente por Cardi, Bebe e Charli. Problema: estamos em 2018 e estas temáticas já não podem ser abordadas com a leviandade de um "I Kissed a Girl". Será demasiado tarde para cancelar?

8) Diplo feat. MØ- "Stay Open"- Já se perdeu a conta à quantidade de encontros musicais entre o produtor e a intérprete dinamarquesa, apenas que a química entre ambos resulta sempre em momentos de puro deleite auditivo. "Stay Open", pedaço de tropical house relaxado com ténue brisa dancehall, não é a excepção à regra - para quando um álbum colaborativo?

9) Meghan Trainor- "Can't Dance"- Está um tanto complicado o regresso de M-Train à primeira liga da pop. "No Excuses" não convenceu o público e agora a estratégia tem gancho duplo: de um lado o disco-ecstasy refreado de "Let You Be Right", e do outro a dance pop bamboleante e tutorial de "Can't Dance", ambas com um certo recorte 90s e com produção de Andrew Wells. É não deixar escapar esse comboio!

10) Poo Bear feat. Zara Larsson- "Either"- É suposto uma faixa escondida no alinhamento do álbum de estreia de um produtor relativamente anónimo resultar tão bem? Ahhh, não faz isso connosco não, Zara. "Either" tinge-se da mesma tónica pop tropical de "TG4M" - uma das melhores do debute internacional da sueca - ainda que com mais aura R&B, e vive no caos da indecisão romântica crónica. Mais destas no próximo álbum, por favor.

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