10 Anos de Into the Music em 10 Vídeos


Dez referências maiores da cultura audiovisual dos últimos dez anos:


Britney Spears- "Hold It Against Me" (2011)
Realizador: Jonas Åkerlund

Evento pop nº1. Tanto o primeiro avanço de Femme Fatale como o vídeo de "Work Bitch" competem entre si pelo vídeo mais espectacular de Spears nesta década, mas aqui para as contas priveligia-se o conceito e o assombro em prol do aparato movido por Vegas. Conto da ascensão, queda e regeneração de Britney, "Hold It Against Me" impressionou pela capacidade de reerguer um ícone - subitamente, parecia 2001 outra vez - e pela visão arrojada do sueco Jonas Åkerlund, capaz de imprimir um ritmo febril à narrativa e atribuir um propósito maior a uma canção de horizontes restritos.



Justin Bieber- "Sorry" (2015)
Realizadora: Parris Goebel

3 biliões de visualizações não mentem. "Sorry" seria sempre um êxito de enormes proporções, mas resultou tão bem porque tinha um vídeo (inicialmente não oficial, atente-se) que encaixou que nem uma luva à canção e acabou por traduzir na perfeição aquilo em que Bieber se estava a tornar: na maior estrela pop do planeta, cool e transversal a várias faixas etárias. E nem vamos mais longe: esta é a melhor coreografia da década, idealizada e executada por uma squad inteiramente feminina. Escusado será dizer que os denominados dance videos ganharam toda uma outra dimensão depois disto.



Sia- "Chandelier" (2014)
Realizador: Sia & Daniel Askill

Impossível esquecer o vídeo em que os caminhos de Sia, Maddie Ziegler, o realizador Daniel Askill e o coreógrafo Ryan Heffington se cruzaram pela primeira vez. "Chandelier" era uma grande, gigante, canção pop com entranhas e negrume dentro, mas ganhou vida pela tour de force elástica, combativa e levemente insana da pequena Maddie, num desempenho incrível que a continuará a perseguir por muitos e bons anos. É também interessante perceber o papel que o vídeo teve na expansão e encorajamento da inclusão da dança interpretativa em telediscos de artistas de todos os quadrantes.



Lady Gaga feat. Beyoncé- "Telephone" (2010)
Realizador: Jonas Åkerlund

Evento pop nº2. É debatível se havemos de colocar a coroa da sua videografia em "Bad Romance" ou não, mas "Telephone" foi de um arrojo e inovação tremendos para a época. Recordo-me de ter assistido vezes sem conta, deslumbrado e incrédulo, como se fosse o equivalente ao "Thriller" da minha geração: uma epopeia de crime e vingança de quase 10 minutos com fashion statements absurdos, um sem fim de ideias fervilhantes, ecos de Tarantino e uma co-protagonista lendária na figura de Queen B. Oito anos volvidos, aguardamos ainda pela continuação...



Rihanna feat. Calvin Harris- "We Found Love" (2011)
Realizadora: Melina Matsoukas

Vídeo favorito para a canção favorita da minha artista preferida destes dez anos. Yup, é o quanto venero "We Found Love". Rihanna dá-nos basicamente a ilustração cinematográfica do seu relacionamento tóxico com Chris Brown, projectando um retrato vívido e intenso do amor louco e jovem quando combinado com alucinogénicos e estimulantes. É o Trainspotting dos telediscos da era YouTube, referência incontornável da cultura pop dos anos 10 e absoluto marco temporal e geracional. 



Beyoncé- "Single Ladies (Put A Ring On It)" (2008)
Realizador: Jake Nava

Não há como dissociar isto do nascimento do Into the Music: estava o blogue quase a entrar em trabalho de parto quando Beyoncé larga um dos seus êxitos de assinatura. Muito antes de "Gangnam Style", "Watch Me (Whip/Nae Nae)" ou "In My Feelings" incitarem a febres de dança, "Single Ladies" instaurou a primeira pandemia coreográfica do milénio, numa mistura de dança urbana moderna com elementos vintage do lendário coreógrafo de musicais Bob Fosse. Bastou-lhe um cenário amplo, duas back-up dancers e ferocidade nos movimentos. É-p-i-c-o.



Taylor Swift- "Look What You Made Me Do" (2017)
Realizador: Joseph Kahn

Evento pop nº3. Quão fabuloso é que Taylor Swift tenha conseguido em pouco mais de 4 minutos montar um grandioso espectáculo audiovisual e, ao mesmo tempo, liquidar o chorrilho de críticas e detractores que acumulara nos últimos anos? Repleto de detalhes deliciosos e de um aplaudido tom satírico, a narativa visual de "Look What You Made Me Do" foi a melhor reacção ilustrada da cultura pop desde "Piece of Me" de Britney. A audácia e o histerismo ainda estão bem presentes.



Katy Perry- "Last Friday Night (T.G.I.F.)" (2011)
Realizador: Marc Klasfeld

A era de Teenage Dream ia já bem avançada quando a ode às noites de sexta-feira desbragadas foi transformada em single. Katy Perry, então no pico da sua popularidade, fez muito bom uso das suas aptidões de actriz de comédia e deu-nos o melhor mini-filme de adolescentes do Verão'11 e um clássico de personagem imortalizada na figura de Kathy Bath Terry. Nada mais do que uma estrela pop a divertir-se (e a divertir-nos) à séria, comandando o espírito e a verve de uma época. Serão sempre os seus dias de ouro.



Pink- "Try" (2012)
Realizadora: Floria Sigismondi

Como melhorar uma canção banal através de um vídeo magnífico, ou momento incrível #116 no percurso da sempre underdog Pink. Lembro-me nitidamente do assombro da primeira visualização e do quão comovente foi finalmente vê-la a transpôr para um videoclip a destreza física e acrobática que já havia demonstrado em actuações ao vivo. Acho que despertámos todos aqui um bocadinho para Pink com esta expressão de alma, beleza e arte.



Florence and the Machine- "The Odyssey" (2015/2016)
Realizador: Vincent Haycock

Não é um álbum visual como o homónimo de Beyoncé ou Lemonade, antes uma colecção de nove capítulos que fizeram de How Big, How Blue, How Beautiful uma epopeia visual sem igual, essenciais para a compreensão do disco e representativos da jornada pessoal de redescoberta interior pela qual Flo passou após uma turbulenta desvinculação amorosa. Impressiona pela fisicalidade, qualidade da dramatização e crueza da expressão corporal de Welch, por vezes dignas de um Emmy ou Óscar.

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