Sons Frescos #56


E o Verão já ali à espreita:

1) Mark Ronson feat. Camila Cabello- "Find U Again"- Mark Ronson tem motivos para sorrir por estes dias. "Late Night Feelings" é uma séria candidata a canção do ano e o álbum com o mesmo nome chega já no próximo dia 21. "Find U Again", em colaboração com Camilita reina de Havana, é a última das amostras reveladas, uma hipnotizante construção disco/synthpop tecida a meias com Kevin Parker sobre a angustiante sensação de perder definitivamente o rasto ao crush

2) Kim Petras- "Do Me"- Kimmy Kim, tende piedade de nós. Ainda ninguém conseguiu processar muito bem o facto de estar a ser nutrido semanalmente com bops acima da média, mas para este vamos precisar de muito fôlego e temperança. Em "Do Me" a nossa barbie alemã canta sobre ser uma orgulhosa vadia porquitxona promíscua incurável, naquele limbo entre o êxtase e a loucura que ela tão bem sabe atravessar. Gememos a uma só voz: woo-ah!

3) Chris Brown feat. Drake- "No Guidance"- Por esta altura já todos se perguntam "o que raio é preciso para travar Old Town Road?". Enquanto um novo single de Adele ou Rihanna não chega, talvez um team-up muito aguardado entre Chris Brown e Drake - aqui a enterrar um machado de guerra de sete anos - possa ter uma palavra a dizer. Melódico pedaço de R&B cardíaco excepcionalmente produzido, "No Guidance" atreve-se não só a dominar o Verão como a figurar na lista de melhores oferendas do catálogo de ambos. 

4) Sabrina Carpenter- "In My Bed"- Para os 0,2% que se importarem, isto é um temazaço no dicionário de Sabrina. A passada disco-funk e o trocadilho do título conferem uma leveza e diversão a uma canção que versa sobre perdermo-nos de forma caótica no nosso oceano de pensamentos. E tal como "Bad Time", também ele single promocional do disco anterior, talvez "In My Bed" se venha a tornar no diamante de Singular: Act II

5) The Academic- "Superlike"- O que é do Verão sem o seu hit indie pop de eleição? Talvez os irlandeses The Academic possam ocupar esse lugar com "Superlike", o primeiro cartão-de-visita do seu segundo álbum, que não se situa num pólo muito distante de "It's Not Living (If It's Not with You)" dos The 1975 com a sua quota parte de sintetizadores e guitarras oh-so-80s. Para tostar ao sol.

6) Craig David- "When You Know What Love Is"- Aí está Craig David com o primeiro inédito revelado em 2019, por sinal um bastante fantástico. Reconquistado o seu lugar na configuração pop britânica, resta-lhe não perder o fulgor. O novo single é caso disso: uma luminosa feel-good song sobre essa maravilhosa sensação de nos apaixonarmos por alguém, que cruza a sua voz celestial com sensibilidades pop e house. 

7) Miley Cyrus- "Mother's Daughter"- Swish swish, motherf*cker. É o regresso da Miley impura, indomável e imprópria a ouvidos mais conservadores, se bem que agora - assim esperemos, pelo menos - com maior maturidade e menor necessidade de choque. "Mother's Daughter", desculpabilização matriarcal do seu ADN libertino, é apenas a primeira peça de um puzzle que ficará completo após a edição de mais dois EPs, lá para o Verão e Outono. 

8) Tove Lo- "Glad He's Gone"- É um facto que o single de avanço do quarto álbum da sueca Tove Lo não é um banger electropop infeccioso como o foram "Cool Girl" ou "Disco Tits", mas há encanto e múltiplas camadas para descobrir na constituição mais despida e acústica de "Glad He's Gone", a celebração da reconquista da independência e do fortalecimento dos laços femininos no pós-desvinculamento amoroso. O balançozinho reggae-pop é inteiramente devedor dos compatriotas Ace of Base.

9) Kim Petras- "Clarity"- Confidence is boomin'. Bem que merecemos um bop mais relaxado para desanuviar da tensão sexual libertada por "Do Me": felizmente que ele surge na figura de "Clarity", novamente a personificar os trejeitos pop-rap de Post Malone e a dar aquele boostzinho no ego tão necessário de vez em quando.

10) King Princess- "Cheap Queen"- Estamos todos concentrados em Billie Eilish, a vê-la ter o seu merecido momento de aclamação, mas outros tantos já estão de olho em quem será a próxima grande sensação do mainstream. Umas quantas fichas estão investidas em Mikaela Straus aka King Princess, que se tem tornado maravilhosamente estranha e aventureira desde que editou o EP de estreia. "Cheap Queen" é um novo hino queer poderoso, relatável e desafiante. 

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