Sons Frescos #64


Entre as margens, doses duplas e aparições:

1) Kash Doll, Kim Petras, Alma & Stefflon Don- "How It's Done"- Por esta altura já se percebeu que o reboot de Charlie's Angels vai ser tudo menos consensual. Haja esperança ainda na respectiva banda-sonora, que depois de um arranque não tão forte assim ao som de "Don't Call Me Angel", já nos dá indicadores mais optimistas com "How It's Done", festim pop-rap de empoderamento feminino liderado pela ainda desconhecida Kash Doll (onde andariam Megan Thee Stallion ou Saweetie?) e pela barbie alemã Kim Petras, impecável na personificação de Charli XCX. A finlandesa Alma e a Minaj da Grã-Bretanha selam a comitiva com estrondo.  

2) Camila Cabello- "Cry for Me"- Parece que ultimamente não há semana que não traga de arrasto um novo tema de Camilita - vem tudo à rede, mas nada que se aproveite. "Cry for Me" - sobre o desejo de ver um ex tão destroçado no pós-desvinculamento amoroso quanto nós - será provavelmente uma boa faixa para se escutar no alinhamento de Romance, com a sua infusão de pop/rock com salero a emular alguns dos momentos mais comerciais da discografia de Santana. Mas não tem força necessária de single - assim não vamos lá, corazón.

3) Jarryd James- "Let It Go"- Decididamente não precisamos de outro tema intitulado "Let It Go" nas nossas vidas, mas um pouco de Jarryd James só nos faz bem. Depois de um "Slow Motion" algo decepcionante no início deste ano, voltamos a encontrar o australiano em topo-de-forma com um deslumbrante tema produzido pelo compatriota M-Phazes que assume em pleno as heranças de R&B alternativo que sempre marcaram ao de leve o seu catálogo.

4) Majid Jordan- "Superstar"- Desde o meio da década que os Majid Jordan têm sido uns dos activos mais elogiados e produtivos da OVO Sound de Drake, mas em 2019 têm estado relativamente silenciosos, à excepção de um single bastante discreto com Khalid lançado este Verão. O estágio de preparação para o terceiro longa-duração ganha novos contornos com este "Superstar", um tanto mais upbeat e sintetizado que aquilo que lhes costumamos ouvir, nas pegadas disco-funk de "Can't Feel My Face". Tremendamente estiloso e recomendável.

5) Lauv- "Sims"- E vão seis singles para How I'm Feeling, o primeiro longa-duração oficial de Lauv, que só chegará a 6 de Março. "Sims" alinha pela facção dos melhores, não necessariamente bestiais, até agora lançados: é apenas uma versão mais diluída dos anteriores "I'm So Tired" e "Fuck, I'm Lonely". Lauv corre o risco de ficar datado e desinteressante pela falta de risco, maturação e heterogeneidade na sua música.

6) Kiana Ledé- "Easy Breezy"- A ascensão de Kiana Ledé à primeira liga do mainstream é inevitável. A questão resume-se a como e quando. Só este ano a nova princesa do R&B já nos deu um EP robusto, duas colaborações multidimensionais e dois singles avulso, o último dos quais este propulsivo pedaço de R&B upbeat assinado por D.A. Doman que forjou recentemente "Taste" de Tyga e "Zeze" de Kodak Black, sobre descomplicar e facilitar no jogo do amor. Flames everywhere.

7) DJ Spoony feat. Sugababes- "Flowers"- E agora para o dia que já ninguém esperava que chegasse, este que vê as Sugababes originais a conquistar o direito de reaver o seu nome de sempre, depois de uma tentativa falhada enquanto MKS e de sete miseráveis anos de espera. A ocasião é a participação de Mutya, Keisha e Siobhan num álbum de recuperação de clássicos da cena UK garage, dando nova vida a "Flowers" das Sweet Female Atittude, que se fez hit da tabela de singles britânica uns escassos cinco meses antes de "Overload" as catapultar para o mainstream. Muitas figas e orações para que seja desta.

8) King Princess- "Hit the Back"- Mikaela Straus edita esta semana o seu disco de estreia e parece que ninguém está devidamente preparado para o que aí vem. A campanha promocional de Cheap Queen conta já com quatro singles, o último dos quais este "Hit the Back", o equivalente de 2019 a "Bloom" de Troye Sivan, luxuriante e gingão na sua passada disco-pop de celebração queer

9) Camila Cabello- "Easy"- Camila bem tenta, mas Romance está condenado desde o início, resultado de um timing inapropriado e de uma campanha de singles estapafúrdia. "Easy", porventura uma das mais decentes da nova era, jogaria bem como faixa de encerramento do disco mas jamais como single, por estar demasiado próxima da sua outra balada de assinatura, "Never Be the Same". Estamos assim em contagem decrescente para a ver arruinar o que tão bem construiu até aqui.

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