Muse- The 2nd Law
Após ter enfrentado o meu maior desafio na semana passada e de ter ficado bastante satisfeito com o resultado final, é chegada a altura de prosseguir a minha aventura com um novo álbum. Sem medo e sem rodeios, esta semana atiro-me com bravura ao novo álbum dos Muse, The 2nd Law.
Passados 3 anos de terem conquistado o mundo com The Resistance, o épico álbum que os tornou nuns autênticos gigantes do rock, a expectativa em redor deste The 2nd Law é mais que muita, sendo que este pode ser o álbum que os confirmará como a maior banda do mundo. Será este o passo que faltava para o trio de Teignmouth usarpar esse título aos Coldplay? Partilharei com vocês a minha opinião na análise que se segue:
1) Supremacy- Isto é o que eu chamo uma verdadeira abertura triunfal. "Supremacy" tem escrito James Bond do primeiro ao último segundo e os próprios Muse já afirmaram tê-la escrito a pensar no filme. Essa sorte coube a Adele, mas, verdade seja dita, este tema seria tão bom ou melhor até do que o eleito. Épico em todos os sentidos, é um trovão caído do céu e que me põe os sentidos alerta para o que aí vem. (9/10)
2) Madness- À primeira vista parece um "Undisclosed Desires 2.0", mas "Madness" é muito mais do que isso. Logo ao primeiro segundo a voz robótica deixa-nos inebriados com a cadência mecânica com que entoa o refrão, para no instante a seguir Matt Bellamy começar a declamar versos acerca de uma paixão inflamada e doentia. O rastilho acende-se e a electrónica dá lugar a uma guitarra em brasa, acabando por explodir num final tremendamente épico. Não só é o melhor tema do álbum como um dos melhores que 2012 deu à luz. (9,5/10)
3) Panic Station- Os Muse podem estar a lutar pela coroa dos Coldplay, mas não nos esqueçamos que o que eles verdadeiramente perseguem é o trono dos Queen. O próximo single do álbum facilmente passa por um novo "Another One Bites the Dust" e é do mais contagiante que se encontra em The 2nd Law. Deliciosamente funky e com os maneirismos vocais de Freddy Mercury, é fascinante a todos os níveis. (8,5/10)
4/5) Prelude/Survival- O prólogo de escassos segundos presente no 4º tema desemboca num hino à sobrevivência que serviu de tema oficial aos últimos Jogos Olímpicos. A toada épica continua, assim como os tiques à la Freddy (que até têm o seu encanto). A fasquia está bem lá no alto e começo a achar que os Muse criaram, de facto, a sua verdadeira obra-prima. (8,5/10)
6) Follow Me- E ao 6º tema, a revolução. Os Muse mandam as guitarras passear e chamam a dupla de dubstep Nero para lhes dar uma mãozinha naquele que é o tema mais electrónico, fora da sua zona de conforto, e que - digo eu - fará os fãs mais hardcore torçer o nariz à aventura. À primeira audição pareceu-me formidável, mas após algumas audições mais atentas, perdeu algum do encanto inicial. (8/10)
7) Animals- Cheguei a meio do disco e a toada experimental continua presente neste "Animals", que presumo que seja uma farpa lançada aos dirigentes políticos que governam este mundo. É o primeiro momento em que a banda abranda e em que me consigo acalmar da amálgama sonora que me estava a inundar os ouvidos. Não a considero má, apenas não me convence como as anteriores. (7/10)
8) Explorers- A fazer lembrar a velhinha "Unintended", este "Explorers" é mais um momento de aparente calma, mas com versos que apelam à libertação da alma, confinada a um mundo à beira do desespero. Seria de esperar que sentisse a falta da carga épica que inundou os primeiros temas, mas sabem que mais? Estou a gostar bastante do sítio para onde o álbum me está a levar. Liberdade é, sem dúvida, a palavra de ordem. (8/10)
9) Big Freeze- O título remete para um cenário apocalíptico, mas a letra é um verdadeiro hino de resistência e esperança contra a opressão (?). Está de volta a força e bravura dos temas iniciais, com um Matt Bellamy magnífico a nível vocal. É um momento que me soa bastante a U2, mas que pertence inegavelmente e com todo o mérito aos Muse. (8,5/10)
10) Save Me- Anhh?! Será que mudei para outro álbum sem dar por isso? Uma nova vista de olhos diz-me que não. Acontece que aqui o microfone é ocupado por Chris Wolstenholme, o baixista, numa impressionante reviravolta dos acontecimentos. E não é que o senhor soa incrivelmente bem?! Muda-se o vocalista mas a ânsia da fuga, o arrependimento e a libertação do espírito continuam presentes. Tiro-lhes o chapéu por esta ousadia. (8,5/10)
11) Liquid State- O pedido de ajuda foi lançado, a vida e a morte são agora duas faces da mesma moeda. Entre o céu e o inferno, este é a derradeira tentativa da salvação da alma. De novo com o baixista ao leme (wow, estou deveras impressionado com o senhor), "Liquid State" acende de novo a fogueira e indica-me que está para vir o derradeiro apocalipse. (8,5/10)
12) The 2nd Law: Unsustainable- É o pânico, o drama, o horror. O cenário apocalíptico confirma-se bem como as piores suspeitas: "Unsustainable" ilustra uma economia insustentável, um mundo á beira do fim que não soube aproveitar os seus recursos. Foram precisas várias audições para me habituar a este tema: aqui reside dubstep puro e cru, do qual confesso que não sou fã, mas que aqui faz todo o sentido. Infernal e caótico, deixa-me arrepiado e totalmente fascinado. (9/10)
13) The 2nd Law: Isolated System- Depois de engolido pelas chamas do inferno, sou arrastado para um transe que me leva a sair do meu próprio corpo. "Isolated System" é uma neblina misteriosa, como um portal para outra dimensão. Se isto é o fim, então posso dizer que cheguei ao céu. (9/10)
Finalmente regressei da minha viagem sobrenatural e já consigo tocar com os pés no chão. Caramba, isto não é um simples álbum, é uma alucinante experiência que me leva a repensar o conceito da minha própria existência. Ouvir The 2nd Law aproxima-se da sensação de ter uma epifania. Não duvidava do poder e da fibra épica que emanava dos Muse, mas agora sinto que eles estão num patamar de excelência que poucas bandas do séc. XXI conseguiram alcançar. Não é tão imediato como o fulminante The Resistance, mas está repleto de experiências na sua maioria bem conseguidas e de uma ambição que os ameaça levar cada vez mais longe: têm a genialidade e a liberdade necessária para alcançarem tudo aquilo que quiserem. Posso não entender nada das leis da termodinâmica, mas se há algo que perceba é quando estou perante algo especial. Com The 2nd Law, acabam de encostar os Coldplay a um canto. Bravo, Muse!
Classificação: 8,5/10
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