2013: Um Balanço Sónico- Parte VI

  As figuras  

Pharrell Williams

Em 2013, Pharrell Williams foi aquele actor secundário que rouba as grandes cenas aos protagonistas, ofuscando-os com as suas deixas curtas, mas intensas e memoráveis. Assim se pode resumir o ano deste senhor que esteve um pouco por todo o lado: marcou presença nos dois grandes indiscutíveis hits deste Verão - "Get Lucky" ao lado dos Daft Punk e "Blurred Lines" a meias com Robin Thicke - que ficarão para a história do ano que agora chega ao fim, assumiu funções de produtor em álbuns de Jay-Z, Beyoncé, Miley Cyrus, Mayer Hawthorne, Kelly Rowland, John Legend, Nelly, entre outros, e ainda compôs a banda-sonora do filme Despicable Me 2, de onde foi retirado "Happy", o seu único, mas (lá está) memorável single em nome próprio, tendo criado um vídeo de 24 horas para o mesmo. Termina o ano nomeado para 7 Grammys e num patamar de excelência que nunca antes havia alcançado nos seus 20 anos de carreira - é uma consagração há muito merecida. E para 2014 prevêm-se voos ainda mais altos.

  As canções nacionais  

MAU- "Safari Entrepreneur"

Nunca mais me vou esquecer do assombro que tive quando a ouvi pela primeira vez, via Vodafone fm, há escassos meses atrás. Sintetizadores musculados a rebentar de tensão, vozes processadas que clamam "wuóoohhhhhhs" místicos num cenário que faz lembrar uma tempestade num deserto das Arábias - nem percebi de onde tinha sido atingido. Primeiro demorei a perceber que eram portugueses, e depois então vim a saber que eram os mesmos que há uns anos atrás fizeram um vídeo com um coelho bastante... ordinário. Espantosa evolução.



Noiserv- "I Was Trying to Sleep When Everyone Woke Up", Almost Visible Orchestra

Nunca antes me tinha cruzado com a música de Noiserv, projecto a solo de David Santos cujas origens remontam a 2005, senão este ano. Há poucos meses atrás editou o seu 2º álbum, de onde foi retirado este tema formidável, delicadamente tecido e sonhador, que tanto me faz lembrar o imaginário dos Sigur Rós. É de uma sensibilidade incrível e a sua melodia de embalar transporta-me para bem longe... Temos aqui um pequeno grande génio nacional. 



Capitão Fausto- "A Célebre Batalha de Formariz", Pesar o Sol

Mais uma vez, a Vodafone fm cultivou o meu interesse por uma banda que, se não tivesse sido graças a ela, dificilmente se cruzaria no meu caminho - foram os meus Unknown Mortal Orchestra nacionais, portanto. Eu nem sou um rapaz do rock, muito menos cantado em português, mas há algo nos Capitão Fausto que me leva a querer embarcar numa odisseia musical por sons que nunca antes explorei - nomeadamente o psicadelismo via The Doors ou os mais contemporâneos Tame Impala que se encontram no seu ADN. Acho mesmo que eles são uma das maiores esperanças da música portuguesa. Por isso digo - às suas ordens, meu capitão!



Os álbuns

Disclosure- Settle

Guy e Howard Lawrence já tinham despertado a minha curiosidade com os 3 singles que antecederam Settle, fantástico álbum de estreia que veio justificar o hype que pairava em seu redor. Mas quando finalmente o escutei, numa das muitas noites quentes deste Verão, os meus ouvidos rejubilaram com tamanho brilhantismo - aqui estão 14 temas das melhores águas de house e garage britânico que vieram agitar um género à beira do colapso, com tantas derivações de fórmulas gastas de que vinha a ser alvo. Esta dupla de irmãos pode não ter apontado as coordenadas do futuro, mas pelo menos definiu a fasquia que todos os outros artistas do meio tentarão igualar nos próximos tempos. Irei para sempre associá-lo à minha libertação/evolução enquanto melómano e aos meus 21 anos.
Pontos altos: "Latch", "White Noise", "Help Me Lose My Mind" e "January"

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