Factor X: 4ª Gala- Top 10

No programa em que o espírito natalício invadiu o palco do Factor X, os Yeah! Land e o Diogo acabaram por receber o presente mais indesejável da noite, que terminaria com a expulsão do grupo de Paulo Ventura.

Estas foram as minhas actuações favoritas:

D8- "Christmas in Harlem"

Mariana- "Rudolph the Red Nosed Reindeer"



Cupcake- "Jingle Bells/Deck the Rooftop"



Sara- "Last Christmas"

Bem, eu até sou um rapaz que gosta bastante do Natal, mas acho que esta gala foi uma valente seca. Não sei se por culpa dos concorrentes ou das canções que cantaram, mas senti que estava a ver um especial festivo e não uma competição de titãs - e se eu quisesse a primeira opção, tinha antes visto o Natal dos Hospitais. Portanto, vi-me e desejei-me para que o programa chegasse ao fim. Daí que as apreciações que se seguem serão algo sumárias e pouco apaixonadas, reflexo do pouco entusiasmo com que acompanhei a emissão.

Grupos

Yeah! Land- Sinto-me um bocado maquiavélico por dizer isto, mas não consigo esconder a minha satisfação por tê-los visto fora do programa - foi o melhor momento da noite. Não sei se foi um descuido por parte da vasta legião de fãs (o típico "ah e tal os outros votam") ou se finalmente perceberam que, afinal de contas, não são assim tão bons. Mas é curioso - e isto não é cinismo da minha parte - que esta foi a primeira vez que gostei de os ouvir, mas não sei até que ponto o coro que os acompanhou e o tema que cantaram não terão contribuído para isso. Não eram os piores, mas concordo com a saída: para mim nunca deviam ter existido e não deixam saudade alguma. 

X4U- Estes sim, mereciam ordem de marcha. Começa a tornar-se penoso ver as suas actuações: não afinam, não harmonizam, não acertam com os tempos, cantam temas a pender para o horroroso e - vim a descobrir hoje - têm uma completa falta de descoordenação motora. Deixemo-nos de ilusões: até é um pouco insultuoso compará-los aos próprios dos One Direction. Depois do susto da semana passada, era óbvio que não estariam entre os menos votados, mas começo a achar que o seu prazo de validade no programa está a chegar ao fim.

Cupcake- Bem, deixem-me ter algo de simpático para dizer. Cada vez gosto mais delas: destacam-se de longe como o grupo mais coeso e o que melhor harmoniza. Além do mais têm presença, boas vozes e não há discrepâncias entre elas - estão todas a um nível bastante satisfatório. Tiveram uma das melhores actuações da noite - um dos poucos momentos que me fez abrir a pestana. Mas o que raio foi aquilo do "fa la la"...?? O Natal já não é o que era...

Aurora- Os outsiders da noite. Quer dizer, então todos cantam temas alusivos ao Natal, e estas madalenas saiem-se com um "All You Need Is Love" dos Beatles... um momento: da última vez que conferi, este tema não se encontrava no Maravilhoso Livro de Clássicos de Natal... francamente... Depois o facto de terem alterado a melodia do refrão não abonou nada em seu favor. E não gostei nada do preconceito relativamente a cantarem na língua inglesa, como se tivessem assinado um contrato que os obriga a cantar todas as semanas na língua mãe. Poças, nem 8 nem 80. Assim não vão longe não.

Jovens

D8- Ainda não foi desta que esgotou a fonte criativa. Numa noite que apelava ao cliché, curiosamente ele conseguiu dar a volta por cima e teve uma das actuações mais interessantes da gala - isto porque lhe veio do coração e não do "caderno dos discursos politicamente correctos". Gostei bastante.

Mariana- Outra das concorrentes que contornou bem a monotonia da temática festiva, desencantando do baú um inesperado tema das Destiny's Child (escavaram bem fundo, hein?) com bastante groove à mistura. Volto a realçar a sua enorme desenvoltura em palco, que está à altura das suas prodigiosas capacidades vocais. 

Diogo- Acho que não esteve bem. A canção que interpretou dificultou-lhe a vida e quase que nem o reconheci - tanto pelo visual (grande melhoria) como pela interpretação (foi-se a rouquidão, veio um tom algo monótono). Enfim, foi propício ao bocejo. Calculei que fosse parar aos menos votados, de onde foi justamente salvo. Gostei muito mais quando cantou Prince no sing-off. E acho que será por aí que tem que apostar de modo a assegurar a sua sobrevivência no talent show.

Adultos

Sara- Esperava eu ser deleitado com uma actuação pouco convencional, bastante enérgica, e afinal sai-se com o enjoadinho "Last Christmas"... caramba, não havia nada menos óbvio? O que vale é que conseguiu imprimir o seu cunho e transformou-a à sua imagem - foi de artista. 

Berg- Bem, as escolhas da Sónia para os seus concorrentes foram as mais desinspiradas. Pôr o senhor Berg a cantar aquela-canção-da-Mariah-Carey-que-por-esta-altura-já-todos-ouvimos-à-exaustão foi como desafiar as leis da gravidade: não parece correcto. E temi pela actuação dele quando o ouvi patinar nos versos iniciais, não por sua culpa mas devido ao backing-track manhoso que lhe atribuíram. Claro que ele fez um óptimo trabalho, mas ficou a sensação de que poderia ter feito mais e melhor do que aquilo.

José Freitas- Também esteve na mó de baixo. Aconteceu-lhe o mesmo que o Diogo - uma duvidosa escolha da canção que o levou a cantar num registo pouco comum e que não trouxe ao de cima aquilo a que de melhor já nos habituou. E discordo do Paulo Ventura (como sempre, aliás) quando diz que o registo operático não é o seu habitat natural. Pois, é o mesmo que dizer que a Ciara não nasceu para fazer R&B. A comparação não foi a melhor, eu sei, mas perceberam o que quis dizer.

Vou ser muito breve nas minhas alegações finais. Esta gala natalícia poderia ter resultado melhor caso as canções tivessem sido menos óbvias e mais sumarentas. Será que ninguém ouviu "Underneath the Tree" ou "One More Sleep", os dois grandes clássicos natalícios que 2013 proporcionou? Podiam também aprender qualquer coisinha com a série Glee, que faz sempre episódios especiais de Natal fabulosos.

O único ponto positivo foi mesmo a inclusão dos bailarinos nas actuações (após os adereços terem chegado, por fim, ao palco do Factor X na semana anterior), algo que espero que se mantenha nas próximas galas. Desta forma ganham todos: ganham os concorrentes, o espectáculo e os telespectadores. Espero sinceramente que, em edições futuras, não voltem a apostar num especial natalício - é que fazer por fazer é escusado. O cúmulo seria se na próxima gala estivesse agendada um programa dedicado ao melhor de 2013. Não me obriguem a sintonizar no Canal Parlamento, ok?

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