Rihanna from the block
Não há nada como um pouco de @badgalriri para apimentar a nossa vida: a errante, obscena e sexualizada faceta de Rihanna que expressa o seu lado mais urbano, que só nos começou a ser servido por altura do quarto álbum.
Perscrutamos por isso os doze momentos do seu cancioneiro em que malhas R&B, trap e hip hop ressoam num léxico de impropérios, devassidão, alucinogénicos, violência armada e clubes de strip. A moral fica lá atrás:
1) "Wait Your Turn", Rated R (2009)- É com este subversivo segundo single do seu aclamado quarto álbum que Rihanna sucumbe ao lado negro da força: uma obscura composição hip hop mergulhada em dubstep da forja dos britânicos Chase & Status. "I'm such a fu**in lady / You don't have to be so afraid" - a pala no olho convence-nos do contrário. Arrrrrrr!
2) "Numb", Unapologetic (2012)- Ecsta-saaaayyyyyyy-yy in the air. A lírica é tóxica, mas o beat é demasiado hipnótico para recusarmos viver no seu fumo denso. Um riff de flauta egípcia, uma interpolação de "Can't Tell Me Nothing" de Kanye West e um rap insano de Eminem - na terceira de quatro colaborações do par - fazem o resto.
3) "Woo", Anti (2016)- Fujam enquanto podem, o Boogeyman vem no vosso encalço. Momento alto não consensual do seu último álbum de estúdio, "Woo" socorre-se dos préstimos autorais de Travis Scott, dono do trepidante urro do refrão, e de baixo distorcido regado a ácido - poderia ter lugar em Yeezus. Eis Rihanna na sua acepção mais sinistra.
4) "Nothing Is Promised", Ransom 2 (2016)- Alerta de banger intoxicante. Tema de avanço do álbum de estreia do produtor Mike Will Made It, "Nothing Is Promised" tem o seu quinhão de presunção e motto 4 life. Rihanna segue livre, leve e cheia de #bazófia, fazendo bom uso da sua herança caribenha no que toca à entoação com que ataca os versos.
5) "Hard", Rated R (2009)- Damn, dis sh*t is bout to go hard. Para o caso de não termos percebido a mudança de carácter na outrora rapariga do chapéu-de-chuva, aí estava um single feroz à prova de bala a atestá-la. Tricky Stewart e The-Dream fornecem o instrumental, enquanto Young Jeezy providencia street cred. E Rihanna à solta, impiedosa, ao melhor estilo alta costura-militar.
6) "Needed Me", Anti (2016)- Obscura construção electro-R&B de ambiência dubstep produzida por DJ Mustard, em que RiRi friamente descarta um homem que procura mais do que prazer - a inversão de papéis em pleno séc. XXI é lixada. Cavalo negro do seu oitavo álbum de estúdio, valeu-lhe uma nomeação para os Grammys e o seu hit com mais semanas de permanência na Billboard Hot 100.
7) "Loveeeeeee Song", Unapologetic (2012)- O amor e afecto são servidos com dose extra de champanhe, rosas e tudo mais que aprouver nesta ultra slow jam de Unapologetic, que a dada altura foi destacada como single. Future entrega o seu rap computarizado na cadência sensual dos versos de RiRi e o resultado é bem mais delicado e emotivo do que se possa pensar.
8) "Talk that Talk", Talk that Talk (2011)- É o hip hop na sua acepção mais pop, de cariz radiofónico. Na terceira colaboração de Rihanna com o seu mentor (depois de "Umbrella" e "Run This Town"), chovem insinuações e muita #pillowtalk. Steel drums, sintetizadores afiados e um sample de "I Got a Story to Tell" de Biggie ajudam a compôr o ramalhete.
9) "Rockstar 101", Rated R (2009)- Essas garras de fora. "Rockstar 101" é o momento em que Rihanna decide calçar as botas de Slash, carregar na pintura e dizer coisas tão desafiantes quanto "got my middle finger up / I don't really give a f*ck" ou "I never play the victim / I'd rather be a stalker". Grunge, crunk, hip hop e um pontapé bem dado no focinho - gostamos assim.
10) "Pour It Up", Unapologetic (2012)- All she sees are signs, all she sees are dollar signs. Directamente da valeta encontramos RiRi numa maléfica malha club/trap tecida por Mike Will Made It, que para além de glorificar o materialismo e ostentação, funciona também como testemunho de emancipação. O vídeo marcou a sua estreia na realização #mamamustbeproud.
11) "Bitch Better Have My Money" (2015)- Dificilmente as coisas se tornam mais agressivas - é a extensão máxima da sua bad persona. Calibrado e impetuoso tema trap com a marca autoral de Kanye West, chegou numa espécie de mini-crise de identidade e por isso perdeu o seu lugar em Anti. Deu-nos, porém, o mais errante, comprido e arriscado dos seus vídeos.
12) "Yeah, I Said It", Anti (2016)- Bem que precisamos de um pequeno aconchego depois de uma rajada de canções a que viraríamos costas numa noite escura. Encontramo-lo na slow jam de excepção de Anti, um lascivo tema R&B dos sete costados abençoado pelos bem-aventurados dons de Timbaland. Over and out.
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