Dez êxitos para celebrar os 20 anos das Destiny's Child


Antes de Queen B o ser, existia um trio (ou quarteto, dependendo da época) que no final da década de 90 e início dos anos 00 foi o expoente máximo do R&B enquanto expressão pop, berço para múltiplos hinos de empoderamento feminino, de amor adolescente e auto-proclamada independência. 

As Destiny's Child (sobretudo) de Beyoncé, Kelly Rowland e Michelle Williams (mas também de LaTavia Roberson, LeToya Luckett e Farrah Franklin) são ainda a última grande girlsband que a América deu ao mundo e cumprem em 2018 vinte anos de existência. Razão mais do que suficiente para recordar o seu legado e as canções que ainda hoje atravessam gerações e influenciam o tempo presente.

10º "No, No, No", Destiny's Child (1998)- Went from a dream to the Young Supremes, profetizava Wyclef Jean há duas décadas - e hoje não poderia ser mais verdade. Depois de oito anos a batalhar por um contrato discográfico, o quarteto estreava-se pela Columbia Records no final de 1997 com "No, No, No", elegante pedaço de neo soul tanto na versão clássica (Part 1) como na remistura (Part 2) alinhavada pelo homem forte dos Fugees com base num sample de "Strange Games and Things" da The Love Unlimited Orchestra. O sucesso da canção - top 3 nos EUA e top 5 no UK - não se traduziu, contudo, no êxito do seu disco. Mas a ascensão das DC estava apenas a começar.

9º "Soldier", Destiny Fulfilled (2004)- Ahhh, that thug life. Do seu quarto e último álbum de estúdio saiu este tributo ao southern hip hop em que Beyoncé, Kelly e Michelle versam em cama midtempo de sintetizadores, teclas e drum machine sobre o seu tipo de homem favorito: preferencialmente do ghetto e munido de "big things". T.I. e Lil Wayne ajudam a conferir a desejada credibilidade street. Dificilmente o trio fica mais lascivo que isto.

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8º "Jumpin', Jumpin'", The Writing's on the Wall (1999)Vamos saltar todas juntas, amigas forever! Quarto single do segundo disco de originais, "Jumpin', Jumpin'" pertence ao arsenal de club bangers do aqui quarteto, um tão divertido quanto promíscuo hino sobre apreciar a noite na ausência da cara metade, que Beyoncé comanda praticamente sozinha. Há demasiada trepidação, mas o sentimento de independência está lá todo. Marca a última aparição de Farrah Franklin enquanto membro da banda. 

7º "Emotion", Survivor (2001)- Não se compreende o porquê de não terem existido mais baladas no catálogo das Destiny's Child. Se excluírmos "Stand Up for Love", apenas "Emotion" transporta a bandeira das canções emotivas da banda. Trata-se de uma versão do êxito de 78 da australiana Samantha Sang que em 2001 as DC recuperaram em ambiência soul/R&B, numa altura em que a América lidava com o luto do 11 de Setembro. É um prodígio de harmonizações e um raro momento em que Michelle brilha vocalmente. 

6º "Lose My Breath", Destiny Fulfilled (2004)- Can you keep up? Depois de um hiato de três anos dedicado ao arranque das carreiras a solo, as Destiny's Child voltavam revigoradas e com uma urgência de vida que "Lose My Breath" tão bem foi capaz de disseminar: um frenético exemplar de dance pop e R&B construído em torno de percussão militar e da ideia que a ala masculina não está à altura das promessas que faz. No vídeo, a versão street, fashionista e ultimate diva do trio enfrentam-se numa batalha coreográfica épica de perder o fôlego.

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5º "Bills, Bills, Bills", The Writing's on the Wall (1999)- Beyoncé, Kelly, LeToya e LaTavia, decididas a causar um impacto maior do que a estreia, depressa regressaram a estúdio para gravar um segundo álbum. "Bills, Bills, Bills", bop R&B acusatório para com um homem que não ajuda nas despesas lá de casa, foi o certeiro avanço de The Writing's on the Wall, que as levou pela primeira vez ao topo da Billboard Hot 100. Bastou-lhes reunir com o produtor de "No Scrubs", também ele um tema que ajudou a moldar o som do final do milénio. O talento, esse, esteve sempre lá.

4º "Survivor", Survivor (2001)- A banda chegava ao terceiro álbum francamente combalida com os dramas que estiveram na origem da saída de três elementos, mas também com um espírito combativo e de resiliência que a ajudou a prosperar. Foi então assim que nasceu "Survivor", numa boa adaptação do reality show com o mesmo nome, complementado por um vídeo na mesma tónica de sobrevivência que doze anos mais tarde Katy Perry recriou com sucesso. Valeu-lhes um Grammy e um VMA. 

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3º "Independent Women, Pt. 1", Survivor (2001)- Question! Gravado para a banda-sonora do primeiro capítulo da saga Charlie's Angels em 2000 e aproveitado no ano seguinte para o terceiro álbum da banda, trata-se de um gigantesco manifesto de independência e emancipação feminina que amplificou o que "Bills, Bills, Bills" tinha apregoado aos sete ventos. Com Kelly, Beyoncé e Michelle ao leme, constituía-se assim a formação mais aclamada da banda. É o seu maior (mas não melhor) êxito, com 11 semanas consecutivas passadas na liderança da tabela de singles norte-americana. 

2º "Bootylicious", Survivor (2001)- Não nos esqueçamos de que foram as DC a colocar os traseiros na ordem do dia da cultura pop. E a influência de "Bootylicious" é de tal forma, que até o Oxford English Dictionary acrescentou o vocábulo às suas edições, em 2004. Segundo single extraído de Survivor, é um dos mais divertidos e imediatos do catálogo da banda, construído em torno do riff de "Edge of Seventeen" de Stevie Nicks, da noção curvilínea e voluptuosa da mulher, e da voz de Kelly Rowland, num raro momento de protagonismo. Foi o quarto e último nº1 da banda nos EUA. 

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1º "Say My Name", The Writing's on the Wall (1999)- A banda soube guardar o maior trunfo do segundo álbum para terceiro single, naquela que se viria a tornar a sua canção de assinatura e um dos momentos fulcrais do R&B na viragem do milénio. Se deixarmos de lado o escândalo que foi a substituição de LaTavia e LeToya - sem o conhecimento destas - por Michelle e Farrah no dia da gravação do vídeo (ahh, a doce inocência de um mundo sem redes sociais), sobra um clássico intemporal arquitectado por Darkchild que assenta em pioneiras sincopações conferidas por intermédio de staccato, numa melodia incrível e na forte estrutura de harmonias que só a formação original sabia produzir.


Bonito bonito, era o trio reunir-se para mais um álbum ou digressão. Vamos acender uma velinha, pelo sim pelo não, ok?

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