Sons Frescos #32


Um cabaz cheio de amêndoas entregue ao domicílio:

1) Sabrina Carpenter & Jonas Blue- "Alien"- Que belo encontro, este. Ela está à procura da canção que faça a sua carreira descolar de uma vez por todas, e ele precisa de renovar a caderneta de êxitos depois de a ter carimbado em 2016 com "Fast Car" e "Perfect Strangers" e em 2017 com "Mama". Sorte de ambos, parecem ter acertado no jackpot: "Alien" é uma muito fiável construção dance pop bem estruturada e interpretada, que pisca o olho à house dos anos 90 com um delicioso saxofone. Só pode dar certo.

2) Halsey feat. Big Sean & Stefflon Don- "Alone"- Primeiro as más notícias: ainda não é desta que temos "Strangers" como single. Agora as boas: a campanha de Hopeless Fountain Kingdom fica bem entregue nas mãos de "Alone", cativante na sua toada de Gatsby meets Jay-Z, que acaba de ganhar uma nova versão que adiciona versos de Big Sean (bem-vindo) e da debutante Stefflon Don (um tanto deslocada). Vamos aguardar que a quarta tentativa nos traga a recompensa desejada. 

3) James Bay- "Pink Lemonade"- "Wild Love" não foi decididamente um bom arranque para a campanha de Electric Blue, mas aí está "Pink Lemonade" - num surpreendente piscar de olho ao indie rock garageiro dos Strokes - a devolver James Bay ao bom caminho, acentuando as texturas eléctricas que se faziam sentir em "Best Fake Smile", um dos momentos mais vívidos da estreia.

4) Charlie Puth feat. Kehlani- "Done for Me"- Puth anda a fazer a mesma canção de há um ano para cá, desde que se aproximou de um hit substancial com "Attention", e está-lhe a ser difícil desviar-se da fórmula pop/funk reminiscente dos anos 80 aí utilizada. É Kehlani, cada vez mais bombeira de serviço, quem repele a monotonia de "Done for Me", e ainda assim não conta com tempo de antena suficiente. 

5) Louisa Johnson feat. 2 Chainz- "YES"- Oh la la... o que temos nós aqui? Nada mais, nada menos do que a metamorfose pop de Louisa Johnson, decidida a ombrear com Dua Lipa e Anne-Marie nas tabelas e a puxar forte dos galões com uma sonora e ostensiva produção electropop que nasce dos embriões de "When I Grow Up" das Pussycat Dolls e "Dirrty" e "Express" de Xtina. É um ambicioso revamp que poucos agoirariam para a teenager que venceu o X Factor, mas que deverá resultar. Fingers crossed

6) Chvrches feat. Matt Berninger- "My Enemy"- Depois de um lustroso "Get Out" que os puxou para patamares declaradamente pop nunca antes almejados, o trio escocês renova de certa forma a credibilidade indie com uma muito recomendável colaboração com o homem-forte dos The National, que demonstra ser o depositário perfeito para os rancores cantados por Lauren Mayberry. Love Is Dead, o terceiro álbum da banda, segue a 25 de Maio. 

7) Lily Allen- "Higher"- No Shame, o quarto álbum de estúdio de Lily Allen, ainda está a dois meses e meio de distância (8 de Junho é a data a fixar), mas o excelente "Trigger Bang" ganhou recentemente dois novos companheiros: "Three" e este "Higher", uma relaxada mas amarga construção pop de elementos dancehall que versa sobre o desmoronar do seu matrimónio. E em boa companhia continuamos.

8) George Ezra- "Hold My Girl"- À margem dos ditos singles oficiais, George Ezra tem pautado a campanha promocional do novo Staying at Tamara's com uma série de singles promocionais ilustrados por aprumados vídeos líricos. "Hold My Girl" - balada folk rock na senda de "Run" dos Snow Patrol - é porventura a melhor até agora revelada. O resto descobre-se já esta sexta. 

9) Kylie Minogue- "Stop Me from Falling"- É verdade que sentimos um bocadinho de saudades da Kylie que comandava as pistas de dança, mas há que valorizar a vontade e a ambição em querer fazer algo diferente, ainda para mais quando já se fez e conquistou quase tudo. Seguindo na linha country pop radiosa do anterior "Dancing", o segundo avanço de Golden convoca-nos para mais uma volta no touro mecânico da matiné onde Avicii está de redor dos pratos. 

10) SOHN- "Hue"- Prestes a embarcar em mais uma digressão europeia (que não passa por Portugal) o britânico presenteia-nos com a edição de dois singles, os primeiros inéditos revelados após a edição de Rennen, no início do ano passado. Delicado e atormentado pedaço de electrónica ambiente com influências neo-clássicas, "Hue" é o mais compelativo e arrojado do díptico. Mas "Nil" recaptura com mestria a ambiência R&B da estreia.

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