Sons Frescos #54


Quanta agitação por estes dias:

1) Kim Petras- "Got My Number"- Quão entusiasmados estão por dose tripla da nossa barbie alemã? Ainda não tínhamos recuperado da perfeição destroçada de "Broken" e Kim já nos estava a servir um para-lá-de-animado "Got My Number", que retém o balanço pop-R&B noventista à la Rina Sawayama a que parece apontar esta nova era. Secure the bag, sis, SE-CU-RE THE BAG!

2) Ed Sheeran & Justin Bieber- "I Don't Care"- O que leva os dois actuais maiores titãs da pop no masculino a sair do hiato para uma colaboração surpresa? Saudades de querer esmagar um recordezinho de streaming, só pode. "I Don't Care" passa por uma recriação feliz de "Shape of You" e por uma reciclagem talvez intencional, talvez não, do êxito menor com o mesmo nome de Cheryl Cole. Não acrescenta nada ao portfólio de ambos, mas vamos ter que levar com ela por esse Verão fora - por isso não vale nem a pena criar resistência.

3) Bastille- "Joy"- A caminhada para o terceiro álbum dos Bastille iniciou-se há um ano com "Quarter Past Midnight", atrasando-se com a longevidade e sucesso massivo da sua colaboração com Marshmello. Mas aí está "Joy" - jubilante pedaço de indie pop/dance com ecos de 90s - a retomar a campanha de Doom Days, anunciado para 14 de Junho próximo. É como se "Pompeii" e "Of the Night" se cruzassem para dar vida a um dos singles mais vibrantes da banda em anos. 

4) Of Monsters and Men- "Alligator"- Da última vez que conferimos, os Of Monster and Men ainda eram uma banda indie folk. Mas quatro anos volvidos de Beneath the Skin, a nossa trupe islandesa favorita regressa com uma verve alt rock mais próxima de uns Arcade Fire de Funeral (2004). Mutação à vista, portanto, em Fever Dream, o terceiro disco que editam a 26 de Julho.

5) Logic feat. Eminem- "Homicide"- Straight fire over here. Não há muitos rappers da nova geração que possam contar com a benção de Eminem, mas o virtuoso Logic recebeu a honra neste "Homicide" - largado uma semana antes da edição do novo Confessions of a Dangerous Mind - que praticamente desfaz em ritmo supersónico os detractores que se acumularam no seu caminho. Passava bem era sem o irritante trecho que encerra o tema. 

6) Kim Petras- "Blow It All"- A outrora princesa dos bops uptempo é agora princesa dos laid-back bops: "Blow It All" serpenteia no céu estrelado como só uma feel-good-song o sabe fazer, em mais um intoxicante número pop-R&B que poderia pertencer a um dos álbuns de Post Malone. A saga KP segue dentro de momentos.

7) David Guetta feat. Raye- "Stay (Don't Go Away)"- Há muito que não escutávamos Guetta numa produção house clássica e há algum tempo que Raye tem vindo a perder terreno para as suas congéneres. Alguma dessa distância poderá ser colmatada com este tema - um regresso a um território em que já foi feliz ao lado de Jax Jones e Jonas Blue - à boa moda dos provadores de roupa das lojas trendy, mas que corre o risco de se tornar algo monótono com o passar do tempo.

8) Carly Rae Jepsen- "Too Much"- Mais uma robusta amostra de Dedicated: um reluzente número pop sobre sentir, viver, pensar e amar sempre em demasia, pontuado por um sintetizador bojudo e uma batida pop-dancehall relaxada, em oposição aos excessos descritos pelos versos. O álbum chega já esta sexta. 

9) Banks- "Gimme"- Depois de um par de singles em 2017, Jillian Banks dá oficialmente início à era do terceiro álbum com "Gimme", um pedaço de alt R&B/trip hop sobre saber exactamente o que se quer - e não ter receio de o expressar em voz alta. Assinala a primeira produção da norte-americana tecida pelo escocês Hudson Mohawke.

10) Sabrina Carpenter- "Exhale"- Depois de uma sucessão de cativantes temas uptempo, "Exhale" é a canção mais confessional e vulnerável que lhe escutamos à data, uma delicada composição pop-R&B de instrumentação acústica sobre ansiedade e a necessidade de deitar os problemas cá para fora. Fará parte de Singular: Act II, mas ninguém deverá estar interessado. 

11) Kim Petras- "Sweet Spot"- O que fizemos para merecer tanta produtividade? Na última de três novas investidas, Kim Petras instaura o delírio na pista de dança como boa barbie europeia que é, com uma oferenda nu-disco que parece nascer da costela de "One More Time" e de "Lady (Hear Me Tonight)", só para quem estava com receio de a perder para a equação R&B do mainstream. Wooo-ahhh!

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