Os 12 melhores singles de Ciara

Figura marcante do panorama R&B dos anos 00, dançarina excepcional e uma das artistas mais negligenciadas do nosso tempo - são 15 anos de Ciara, repletos de altos e baixos, mas sempre com o fervor e o coração do primeiro dia.

Numa altura em que a vemos retornar às edições discográficas com Beauty Marks, o sétimo álbum de estúdio, percorremos os melhores momentos do seu catálogo no habitual formato de contagem decrescente. The princess is here, our beloved dancing warrior:

12º "Oh", Goodies (2004)- All my ladies to tha flo'! É longínqua a memória de um tempo em que Ciara dominava o mainstream, mas numa era pródiga em hits urbanos Miss Harris cavalgava a onda do crunk&B com uma sucessão de singles fantásticos que povoaram o top 3 da Billboard Hot 100. A cadência downtempo de "Oh" - missiva de amor à sua Atlanta natal com a benção de Ludacris - ainda hoje convida a um slow grind na pista. 

11º "Work", Fantasy Ride (2009)- When the song come on in the club - put it up, put it up, put it up! Ahhh, sempre que estas duas se juntam, a magia acontece. Quarto e último single do mal-amado Fantasy Ride, "Work" é um torpedo electropop com assinatura de Danja que instituiu na cultura pop o vocábulo de eleição do proletariado, muito antes de Rihanna e das Fifth Harmony. O vídeo de Melina Matsoukas mostra CiCi e as suas colegas em mais um dia de suado trabalho no local de construção.

                                                             

10º "Dance Like We're Making Love", Jackie (2015)- Soltam-se feromonas nesta. Produzida por Dr. Luke e ilustrada por Dave Meyers, o segundo avanço do seu sexto álbum desenrola-se em sedutora atmosfera pop/R&B midtempo, assumindo heranças do catálogo de Janet Jackson e espelhando volúpia e desejo carnal como gente crescida. É uma masterclass de sensualidade a que se assiste no videoclip, com pináculo no tributo ao desfile de Charlize Theron no anúncio de J'Adore.

9º "Level Up", Beauty Marks (2019)- Five, four, three, two, one, leggooo! A cultura pop estava prestes a vetar Ciara ao esquecimento quando esta decide estilhaçar um jejum de três anos com o seu cartão-de-visita mais voltaico de sempre, trazido à vida com uma ofegante coreografia das ReQuest Dance Crew de Parris Goebel -  a mesma comitiva que adornou "Sorry" de Justin Bieber - originando uma série de desafios virais e recuperando algum do mediatismo perdido.

                                                              

8º "Like a Boy", Ciara: The Evolution (2006)- É a canção mais memorável do seu segundo disco, aquela que a vê a imaginar como seria inverter os papéis num relacionamento e não ser alvo das mesmas críticas a que a mulher está sujeita (Beyoncé chegaria dois anos mais tarde ao mesmo conceito com "If I Were a Boy"). O vídeo ilustrado por Diane Martel é fortemente coreografado e tem o seu ponto alto na reprodução do icónico movimento do Matrix.

7º "Ride", Basic Instinct (2010)- Nove anos volvidos e acho que ainda ninguém recuperou totalmente do dia em que "Ride" nos aterrou no colo que nem uma bomba atómica. Portento R&B slowtempo de sintetizadores cintilantes e batida cardíaca da dupla de sonho Tricky Stewart e The-Dream, veio servido com mais um indispensável featuring de Luda e uma coreografia harder-than-ever fortemente sexualizada que fez com que o vídeo fosse banido no Reino Unido e em certos canais norte-americanos. É o único testemunho de vida de Basic Instinct, completamente ignorado pelo público. 

                                                                

6º "Goodies", Goodies (2004)- Tudo começa aqui. Uma jovem Ciara de apenas 18 anos emerge da cena urbana em Atlanta, apadrinhada por L.A. Reid e pelos produtores Jazze Pha, Lil Jon e Sean Garrett com uma intoxicante construção crunk&B/hip hop de cadência ultra-sedutora sobre manter a abstinência, apesar dos insistentes avanços da ala masculina ("Gennie In a Bottle" mostra o seu anel de castidade em consentimento). Passou sete semanas consecutivas na liderança da Hot 100 e é reconhecida como a equivalente feminina de "Yeah!" de Usher. 

5º "Got Me Good" (2012)- A caminhada até ao aclamado disco homónimo de 2013 foi um tanto atribulada: o plano era que One Woman Army fosse um álbum que tivesse como singles de avanço o tépido "Sorry" e este delicioso "Got Me Good" - frenético pedaço de R&B talhado por Darkchild - que irradia felicidade e amor por todos os poros, traduzido numa explosão de dança incrível no deserto da Califórnia. O conceito da era foi abandonado e o tema nunca conheceu edição física, mas fica para a posteridade como o seu zénite coreográfico. L-e-n-d-á-r-i-o.

                                                               

4º "Promise", Ciara: The Evolution (2006)- "Get Up" fez com sucesso a ponte entre o primeiro e o segundo álbum, mas seria "Promise", estonteante composição R&B midtempo da lavra de Polow da Don, a marcar o arranque do álbum nº2 e a conceber um modelo para as entregas apaixonantes de cadência sedutora que lhe passaríamos a escutar com maior regularidade. Resume-se tudo à performance no hipnotizante vídeo. 

3º "Love Sex Magic", Fantasy Ride (2009)- Deu-se uma chuva de meteoros no dia em que Justin Timberlake decidiu emparelhar com Ciara numa fantabulástica e lasciva construção dance pop de recorte electro-funk, ainda reminiscente do seu formidável FutureSex/LoveSounds (2006). "Love Sex Magic" teve um breve mas significante impacto no mainstream de então, sendo reconhecido como o primeiro momento em que CiCi decide pensar e agir como uma estrela pop. A química entre ambos é impressionante e o vídeo ridiculamente bom. 

                                                               

2º "Body Party", Ciara (2013)- Uma slow jam com assinatura de CiCi dificilmente fica melhor que isto. "Body Party" funcionou como uma reinvenção para Ciara numa altura em que o público já a havia de certa forma abandonado e a crítica deixado de ter razões para a aclamar. Bastou-lhe um sensacional sample de "My Boo" dos Ghost Town DJ's e um notável trabalho de Mike Will Made It na mesa de mistura, que será certamente celebrado no fecho de contas da década. Foi sem dúvida a melhor coisa a nascer da sua história com Future, a par do filho.

1º "1, 2 Step", Goodies (2004)- This beat is: automatic, supersonic, hyp-notic, funky fresh! E tudo mais o que houver neste mundo, porque passados quinze anos ainda é absolutamente insano! Alinhado na génese do crunk&B e fortemente influenciado pela música electro da década de 80, "1, 2 Step" não só é o maior clássico de Ciara, como se traduz num standard da pista de dança e de qualquer festa que se preze. A arquitectura é de Jazze Pha e o toque de excelência conferido por Missy, mas o mérito maior é da nossa guerreira dançante. Ooooh-weeeeee!

                                                             

Obrigado por todos estes anos de boa música e coreografias magistrais, CiCi Queen.