Eurovisão 2019: 21 tiradas sobre as semi-finais

Algumas palavras que sintetizam aquilo que foi assistir às duas semi-finais do concurso:

                                                               

- Aquele palco é qualquer coisa de espectacular. Amplo, triangular, com profundidade e visualmente fantástico, suportado por um potente jogo de luzes e um projector de vídeo. Sim senhor, os israelitas a marcarem pontos.

- Montenegro fez um throwback pré-milenial aos S Club 7. Foi, hum, embaraçoso.

- Minhotas em palco para uma inflamada versão folk-rock dos Cranberries? Não, era só a Polónia a destilar orgulho nacional.

                                                                 

- A Finlândia e a Estónia ainda estão agarrados ao modelo EDM do início da década. Bem, para esta última, resultou. Já Darude continuará a viver nos memes para a eternidade.

- A Eslovénia trouxe-nos pop alternativa parcialmente snob e inteiramente cool que soa bem em qualquer discoteca europeia depois das 3h da manhã. Havia receio que se perdesse o encanto quando fosse transposta para o palco, mas ficámos todos hipnotizados e perdidos no olhar de Zala e Gašper. 

- Como a canção da República Checa cresceu em palco! "Friend of a Friend" foi o momento mais divertido da noite, defendida com brio por uns Lake Malawi repletos de personalidade. 

- Não posso crer que Zena, a representante da Bielorrúsia, tem apenas 16 anos. Mas faz sentido, porque "Like It" é completamente pop de instagrammer teen. E ela é a cara chapada da Ashley Tisdale.

- E perceber o furor em torno da Austrália? Canto lírico suspenso no ar com a projecção do planeta Terra e do cosmos? Uma pi-i-i-i-i-i-i-roseira.

- A Islândia foi medonhamente fascinante, como se esperava, a provar de que material os pesadelos são feitos. Vamos guardar para sempre a imagem de felicidade do tocador de rolo da massa gigante (?) a agitar a bandeirinha no desfecho da emissão, com os restantes apurados em palco.

                                                        

- A Grécia, como se temia, perdeu algum do encanto em palco. Faltou a fantasia e a gigantesca comitiva do vídeo - mas continua a ser uma canção magnífica.

- Conan foi incrível do início ao fim. Teve a maior ovação da noite, uma performance sólida e tudo indicava que poderia garantir o apuramento. Mas a Estónia e (sobretudo) San Marino tinham que estragar tudo. Foi um representante magnífico, mostrando à Europa o lado mais disruptivo e ambicioso da música portuguesa. Tudo o resto escapa-nos ao controlo e é na na na de fundo.



- Foi pena a Arménia ter ficado pelo caminho. Fez o suficiente para garantir a passagem à final, ainda que tenha sido atraiçoada pelos nervos. Pecou pela falta de componente cénica/humana em palco.

- Na segunda semifinal os comentadores portugueses estavam de língua mais solta e com propensão para maiores disparates, mas a coisa mais certa que disseram foi como "She Got Me" de Luca Hänni, o concorrente suíço, os fazia lembrar a canção de um Ricky Martin de tempos idos. Mas como é que não cheguei lá primeiro?

                                                                

- Depois de dois anos a fazer pop artificial e genérica, a Suécia estudou bem a lição da Áustria do ano passado e optou por um híbrido pop/soul com influências de gospel que é uma das fortes candidatas ao título.

- Notou-se a inexperiência e a falta de desenvoltura em palco de Michela, que defendia um inescapável "Chameleon" pelas cores da Malta. Menos potato quality e mais atitude na final, por favor.

- "Scream" de Sergey Lazarev é teledrama puro em horário nobre. Coisa chata aquilo dos desdobramentos humanos em ecrã.

- A Noruega é basicamente a Finlândia do ano passado com bizarrias folk pelo meio. Passava melhor sem o senhor étnico.

- Vamos terminar o suspense e atribuir logo o troféu à Holanda. O tema é imensamente bonito e a interpretação de Duncan Laurence arrebatadora. Mas parece que o piano é uns dois tamanhos abaixo que o devido e será suposto aquela orbe de luz passar por uma homenagem ao Pac-Man?

                                                                  

- Como não ficar um bocadinho desiludido com o staging do Azerbaijão? Um triângulo e braços robóticos que projectam um coração acima do que é suposto? A sorte é que Chingiz é competente e "Truth" uma canção formidável.

- Aquele quarteto de apresentadores é uma seca. Não fosse por Bar Refaeli e passávamos os segmentos não musicais agarrados ao telemóvel.

- Israel parece ter esgotado os trunfos todos logo nas semi-finais: Netta e Dana International na de terça-feira e um momento lindo protagonizado pelos Shalva Band na de ontem. À excepção de Madonna - contratação na mouche - no Sábado será baralhar e voltar a dar?

Não se esqueçam de sintonizar a final este Sábado, pelas 20h.