The Dancing Warrior
Ciara-"1,2 Step"
Goodies (2004)
"This beat is: automatic supersonic, hypnotic funky fresh":
Bom, talvez hoje em dia o tema já não será tão inovador assim, mas em 2004 marcou o panorama musical bem como as minhas memórias, com a sua batida futurística e pulsante, os laivos de electrónica e uns maravilhosos passos de dança de fazer virar a cabeça.
Nunca o disse aqui, mas, para mim, um artista que incorpore a dança no seu ADN artístico, tem todo o meu respeito. Posso não gostar do artista em si, mas respeito e dou valor a todos aqueles que fazem da dança um modo de vida. Não me refiro a simples coreografias que qualquer artista pode criar, mas sim a um estado de alma que emana do corpo, que borbulha no sangue e que já nasce connosco.
No panorama musical e a nível feminino consigo identificar 3 cantoras que são exímias dançarinas e elevam as coreografias a outro nível: Beyoncé, Shakira e Ciara, a mais subestimada das 3, e a artista em que me pretendo focar.
Em 2004 e com apenas 19 anos apresentou-se ao mundo com a batida crunk e uma voz sedutora em "Goodies" e tomou, desde logo, a América de assalto. O seu álbum de estreia valeu-lhe o título de "Princesa do Crunk&B" e o sucesso não tardou a chegar. Em 2006 lançou o sucessor apropriadamente intitulado Ciara: The Evolution que viu nascer temas como "Promise" ou "Like a Boy". Com Fantasy Ride (2009) a sua carreira começou a ir por água abaixo, ao trocar o hip hop e o R&B por uma direcção mais dance pop, mas o descalabro deu-se com Basic Instinct (2010), o seu último álbum, que passou completamente despercebido.
O seu caso é daqueles que mais revolta me desperta, na medida em que tento perceber o porquê da nuvem de desprezo que se criou à sua volta e não consigo perceber o porquê. Ainda se estivessemos perante uma artista medíocre com fracas capacidades, entenderia, mas caramba, esta é daquelas situações injustas em que vejo uma artista na plenitude do seu vigor artístico e que simplesmente é desprezada sem justa causa.
O certo é que desde o fantástico dueto com Justin Timberlake em "Love Sex Magic", com o qual exalou uma química perfeita, a sua carreira nunca mais conheceu nenhum ponto alto. Não possui uma voz poderosa, mas é competente e tem um registo muito próprio adequado aos chamados "slow jams". Melhor do que tudo isso, tem uns passos de dança fenomenais que fazem toda a diferença e mereceram o meu respeito por ela desde 2004.
É óbvio que não é nenhuma Beyoncé (quanto muito uma digna sucessora de Janet Jackson) mas é muito superior a outras cantoras que actualmente se pavoneiam nas tabelas sem mérito nenhum. Acima de tudo, tenho esperança que muitas outras pessoas recuperem a fé nela e vejam aquilo que eu vejo: uma artista completa, com fogo no olhar e que ainda tem bastante para dar. Uma guerreira que dança pela vida e que o faz com paixão.
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