Já Não Há Caminhos Seguros
Avril Lavigne-"Nobody's Home"
Under My Skin (2004)
Crescer é uma coisa tramada. Não falo da adolescência que essa já lá vai. Refiro-me a ser adulto. Ou pelo menos como descobrir a sê-lo. É toda uma jornada que nos leva a pensar nos caminhos que tomámos, a enfrentar essas escolhas, tentando ser a pessoa que um dia idealizámos ser. O pior é quando tudo acontece ao contrário.
Passamos as primeiras décadas da nossa vida com uma vontade indomável de crescer, ansiando pela emancipação e por entrar no fascinante mundo dos adultos. Acontece que afinal, quando lá chegamos, as coisas não são assim tão idílicas. E só nos apetece voltar atrás. Sim, tenho um Peter Pan dentro de mim e não quero crescer. Mas tenho também outra coisa: medo.
Esse terrível papão que nos tempos idos de infância habitava debaixo da minha cama, hoje em dia mora no meu cérebro. Mas afinal, medo do quê? Não é apenas um. São vários. Multiplicam-se à velocidade da luz e pairam à minha volta, perseguindo-me para onde quer que vá. O maior, talvez, será aquele que me sussurra ao ouvido que não serei o adulto que idealizei.
Então mas e onde é que a Avril entra? Pois bem, ela é uma das figuras de proa que marcaram o fim da minha infância/entrada na adolescência, principalmente na era de Under My Skin, em 2004, da qual guardo óptimas memórias. Sem o saber, esses seriam os últimos tempos de uma vida tranquila, longe de preocupações e receios.
Ouvi Under My Skin vezes sem conta nesse Verão. Sabia as letras de trás para a frente. Óbvio que não me identificava com a temática das relações, mas achava piada à miúda e além disso os temas ficavam na cabeça. Ainda hoje guardo um especial afecto por este "Nobody's Home" que julgo ser uma das suas melhores canções. Sempre que sou assolado por estes receios, lembro-me muito deste tema e foi por essa razão que o escolhi para ser a banda sonora deste post.
Gostei dela até essa fase, mas a partir do 3º álbum perdi grande parte do interesse. A maria-rapaz cheia de interesse havia sido transformada numa princesa pop punk para agradar às massas. Foi demasiado para mim. Desde então Avril tem-se agarrado a essa fórmula mas cada vez mais perde relevância no panorama musical, estando a seguir as pisadas da sua conterrânea, Alanis Morissette, rumo ao esquecimento.
Sonhos todos os temos, guardamo-los na mão na esperança de que um dia se concretizem. Por força de vontade, milagre ou obra do destino. Do alto dos meus assustadores 21 anos, começo a tomar decisões cruciais que me perseguirão para todo o sempre e sinto que esta deve ser a fase mais aterradora para um ser humano. Em que cada nova etapa é sinónimo de um novo desafio e cada escolha feita é um passo em frente num precipício.
Acho que o título deste post se aplica tanto a mim como a Avril. Mesmo que a medo, tacteando o desconhecido e sem a certeza de que todos os passos vão dar a bom porto, é preciso arriscar e fazer do medo um aliado. Mantém-nos vivos.
Das poucas certezas que hoje tenho, sei que não estou disposto a enterrar os meus sonhos. Não sem antes dar luta. Acredito que todos temos uma razão de existência e este blog é apenas o início da minha. Tudo o que virá a seguir, aterroriza-me. Mas estou pronto. Afinal de contas, já não há caminhos seguros. E este post foi o meu primeiro passo rumo à insegurança do desconhecido.
É bom saber que não sou a única a sentir-me assim. Mas também é bom que nos apercebamos que o medo faz parte de todos nós e sem ele nós não nos sentiamos bem por ultrapassá-lo e atingir metas porque conseguimos passar obstáculos, conseguimos vencer o medo. Acho que só basta erguermo-nos e lutarmos. Deixar o conhecido para trás talvez e olhar para ele apenas quando estamos muito em baixo e precisamos de força para continuar.
ResponderEliminarMas pronto quem somos nós neste pequeno mundo? Será que alguma vez vamos conseguir concretizar aquilo que queremos? É melhor fazer pequenas metas para a desilusão depois não ser muito grande...
Mas nunca desistas Gonçalo!
Mesmo que não façamos as escolhas certas há sempre algo a aprender com elas, por isso eu acho que tudo tem uma razão de ser ;)
Depois do comentário da Sara que poderei dizer? Atira-te ao desconhecido, abraça o medo e aprende com eles! Força :)
ResponderEliminarQue comentários tão inspirados para um post tão inspirado também. Obrigado!
ResponderEliminarMas tenho que descordar contigo, Sara, quando dizes que somos insignificantes neste mundo. Cada um é valioso à sua maneira e se alcançamos as metas da nossa existência é porque merecemos de facto o nosso lugar no mundo - e seremos grandes por termos conseguidos isso. Quem não sonha está morto para a vida, é uma cadáver adiado. Eu quero, aliás queremos todos, deixar a nossa marca neste mundo. Sentir que fomos alguém e que, acima de tudo, fomos felizes.
Uma vez mais, obrigado pelas vossas palavras. Podiam ter falado da Avril... mas fiquei contente na mesma =D
Lol da Avril? Tanta coisa para falar e falo dela! loool Realmente o cd dela também marcou a minha adolescência, mas o primeiro, pelo menos para mim, também me marcou.
ResponderEliminarSim tens razão Gonçalo. O mais difícil é tornarmos a nossa existência significante e positiva. Espero que todos queiram marcar a sua presença neste mundo como nós...acho que pelo menos já é meio caminho andado para o bem da Humanidade. Opa isto só me faz lembrar das desgraças que vemos nas notícias, de todas as guerras no Mali e na Argélia e sei lá mais onde.