Primavera Urbana: o Hip Hop no centro da cultura pop


O mainstream em 2017 é um lugar estranho, mas apetecível. Convivemos com quatro grandes tendências: a imbatível EDM que nomes como The Chainsmokers ou Calvin Harris não deixam desvanecer, a tropical house veículada por DJs como Kygo, Jonas Blue ou Kungs, uma pop travestida de reggae/dancehall que encontramos em êxitos recentes de Justin Bieber, Drake ou Ed Sheeran e, por fim, a movimentação mais interessante que importa desfiar: o retorno da música urbana ao centro da cultura pop.

Poderá afirmar-se isto à luz dos excelentes números alcançados pelo novo álbum de Kendrick Lamar na primeira semana de disponibilidade ao público - 600 mil cópias vendidas só nos EUA, a melhor marca pessoal do rapper e até agora do ano - mas isso é só o pináculo do renovado interesse das massas pelo hip hop, rap e seus derivados. 

Só nos primeiros quatro meses do ano, o nº1 da tabela de álbuns norte-americana já foi ocupado por seis álbuns afiliados ao hip hop: I Decided. de Big Sean, HNDRX e o homónimo de Future numa nunca antes vista dobradinha consecutiva, Culture pelos Migos, More Life, a dita playlist de Drake e o já citado DAMN. de K-Dot. Mais dois que à data homóloga em 2016. Mais três que em 2015. E quatro que em 2014. 

Na tabela de singles, os resultados são ainda mais estrondosos: 14 singles no top 10, sendo que três deles chegaram mesmo ao primeiro lugar da Billboard Hot 100: "Black Beatles", o desafio viral dos Rae Sremmurd, "Bad and Boujee" dos Migos e "Humble" de Lamar, o actual líder. Em todo o ano de 2016, registaram-se doze entradas. Tanto em 2015 como 2014 contaram-se oito.

Os exemplos são mais que muitos: dos virais "Watch Me (Whip/Nae Nae)" de Silento, "Juju on That Beat", ao mannequin challenge de "Black Beatles", passando pelas investidas trap de Fetty Wap em "Trap Queen" ou de Desiigner no incontornável "Panda", até aos mais globais "See You Again", "Bad Things" ou "Me, Myself & I", às obras mestras To Pimp a Butterfly, The Life of Pablo (Kanye West), Coloring Book (Chance the Rapper), Summertime '06 (Vince Staples) ou We Got It from Here... Thank You 4 Your Service (A Tribe Called Quest) - todos eles ajudaram a colocar de novo o hip hop no mainstream.

E se o presente do consumo de música passa pelo streaming, o hip hop é indiscutivelmente o género de maior consumo por entre as várias plataformas. Na verdade, desde que esta variável passou a fazer parte das componentes de cálculo das tabelas, que a profusão dos fenómenos acima citados se tornou mais constante. Colossos dos nossos dias como Views, More Life e If You're Reading This It's Too Late, ambos títulos de Drake, 4 Your Eyez Only de J. Cole ou o novíssimo DAMN. de Kendrick atingiram quantias astronómicas precisamente por beneficiarem de uma acérrima popularidade nessas mesmas plataformas digitais.

E assim se redesenha um tempo e uma geração que cresce a idolatrar Drake, Future, K-Dot e os coloca no mesmo patamar de ícones pop como Bruno Mars, Ed Sheeran ou Justin Bieber e que dispensa a MTV enquanto educadora-mor e trendsetter. Façamos pois um brinde a todos aqueles que têm feito desta Primavera quente o paraíso urbano de uma nação:


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