MTV Video Music Awards 2018- ¡Viva Latino!


Os VMAs voltaram a Nova Iorque na sua 35ª edição, numa noite dominada sobretudo por mulheres - Camila Cabello, J.Lo e Cardi B reinaram - e em que o canal finalmente reconhece a febre latina como sinal dos tempos. 

Conheçam a lista completa dos vencedores:

Video of the Year- Camila Cabello feat. Young Thug- "Havana"

Artist of the Year- Camila Cabello

Song of the Year- Post Malone feat. 21 Savage- "Rockstar"

Best New Artist- Cardi B

Best Collaboration- Jennifer Lopez feat. DJ Khaled & Cardi B- "Dinero"

Push Artist of the Year- Hayley Kiyoko

Best Pop- Ariana Grande- "No Tears Left to Cry"

Best Hip Hop- Nicki Minaj- "Chun-Li"

Best Latin- J Balvin & Willy William- "Mi Gente"

Best Dance- Avicii feat. Rita Ora- "Lonely Together"

Best Rock- Imagine Dragons- "Whatever It Takes"

Video with a Message- Childish Gambino- "This Is America"

Best Art Direction- The Carters- "Apeshit"

Best Choreography- Childish Gambino- "This Is America"

Best Cinematography- The Carters- "Apeshit"

Best Direction- Childish Gambino- "This Is America"

Best Editing- N.E.R.D & Rihanna- "Lemon"

Best Visual Effects- Kendrick Lamar & SZA- "All the Stars"

Song of Summer- Cardi B, Bad Bunny & J Balvin- "I Like It"

Michael Jackson Video Vanguard Award- Jennifer Lopez

E isto é o que há a retirar:


Estava escalada para actuar, mas Cardi B acabou apenas por abrir a cerimónia com um breve monólogo que, na verdade, serviu apenas para se vangloriar do Moonperson (plot twist, não era a filha recém-nascida ali embrulhada) que já havia recebido na categoria de Song of Summer. O essencial era aparecer, mesmo.



É o Bruce Springsteen de Born to Run? É a edição masculina da miss t-shirt molhada? Talvez algo entre o meio. Cardi B evade-se para dar lugar a Shawn Mendes, numa actuação assim assim de "In My Blood" que mostra a capacidade do músico se acompanhar à guitarra eléctrica. "Youth" ou "Nervous" teriam dado melhor conta do recado.



Após um longo e certeiro monólogo de Tiffany Haddish e Kevin Hart com mira apontada às Fifth Harmony e defesa pronta de Nicki Minaj (a tirada de "don't be coming for them, 'cause Normani is that bitch" ganhou a noite), a autora de Queen arrebata a estatueta de Best Hip Hop e deixa Drake, Cardi B, J. Cole, Migos e Beyoncé e Jay-Z para trás. Hummmm. Vamos acreditar que sim.



Instantes depois, é a bestie Ariana Grande que sobe ao palco para recolher Best Pop por "No Tears Left to Cry". Era também uma categoria bastante concorrida, mas parecia ser aquela em que a autora de Sweetener tinha mais hipóteses de triunfar - e ir para casa de mãos vazias nem era uma opção.



Não é de todo interessante ter Logic no palco dos VMAs pelo segundo ano consecutivo, mas quando a actuação se prende com questões tão pertinentes quanto a política de imigração de Trump que separa milhares de famílias, há que aplaudir a MTV por lhe dar tempo de antena. O hip hop como defensor de causas e veículo humanitário.



Doze (!) anos depois, Brendon Urie e os seus Panic! at the Disco voltaram ao Radio City Music Hall para defenderem as cores de "High Hopes" do último álbum Pray for the Wicked, que não é mais do que o vocalista a pôr em canção a sua resiliência e receita para o triunfo. Foi bonito e um pouco comovente até. 



Decisão arrojada a da MTV em premiar uma canção por si só numa cerimónia em que se celebram os vídeos, na estreada categoria de Song of the Year. Qualquer uma das nomeadas poderia ser vencedora, mas quis o voto popular que "Rockstar" de Post Malone e 21 Savage a arrebatasse. Bem jogado.



A passar por uns dias difíceis depois de saber que Queen se estreou em 2º na tabela de álbuns dos EUA e, como consequência, ter espingardado em várias direcções, Nicki Minaj mostrou que é no palco que continua a ter mais relevo. Ao vivo da estação metropolitana do World Trade Center, houve "Majesty", "Barbie Dreams", um "Ganja Burns" acapella e o seu verso no controverso "Fefe" numa actuação régia pautada por ferocidade e rigor.



Entra em cena Miss Lopez para o momento mais aguardado da noite. Numa cativante actuação de dez minutos cabem praticamente todos os êxitos das últimas duas décadas, uns com paragem mais demorada que outros, mas a celebração é autêntica e o amor por J.Lo também. Houve lasers, squads masculinas e femininas, danças fiéis recuperadas aos videoclips, booty shake, um Ja Rule arrancado da sepultura e o profissionalismo de sempre. É isto a glória.



Após a performance, o discurso de agradecimento. De todas as pessoas possíveis, quem lhe entrega o Vanguard Award é Shawn Mendes que tem, ora vejamos... ligação absolutamente nenhuma com J.Lo. Francamente, MTV. Os cinco minutos de oratória são bem empregues em agradecimentos à família, fãs, colaboradores e todas as pessoas que acreditaram em si. Um percurso feito à custa de muito empenho, coração e fé - ovação de pé à lenda latina.



Ariana Grande convida-nos para a sua versão inteiramente feminina de A Última Ceia, naquela que é muito bem capaz de ser a melhor actuação da noite. "God Is a Woman" é defendida ao vivo sem mácula, recriada como se de um videoclip vivo se tratasse. Triunfo absoluto.



Desde o ano passado que a MTV aboliu as categorias de género e funde tudo numa só. É Camila Cabello quem leva o Moonperson (outra medida do canal na luta pela igualdade) e há razões de sobra para concordar: foram uns últimos doze meses fantásticos para a primeira desertora a solo das 5H, desde que encontrou o seu rumo com "Havana". Ninguém duvidava que acontecesse, a rapidez com que tudo se deu é que torna a proeza mais incrível.



Actual líder da tabela de álbuns norte-americana com o aclamado Astroworld, Travis Scott traz ao palco do Radio City Music Hall um medley visualmente arrebatador composto por "Stargazing", "Stop Trying to Be God" (com James Blake em palco) e "Sicko Mode", mas peca por alguma falta de coesão. Momentos antes, Cardi B recebe, sem surpresas, o prémio de Best New Artist - okkurrrrrrrr!



E já que tanto J.Lo, como Cardi B e DJ Khaled se encontravam no edifício, porque não lhes atribuir o troféu de Best Collaboration? O fogoso "Dinero" muito provavelmente não entrará para as contas de final de ano, mas é mais uma forma de compensar Jennifer Lopez pelos Moonman perdidos ao longo dos anos - foi apenas o seu quarto em vinte e quatro nomeações.



Sinal dos tempos que correm: há quantas edições não víamos um artista latino a ter lugar na line-up da cerimónia? Há treze, pelo menos. Podia ter sido J Balvin ou Luis Fonsi, mas coube a Maluma erguer a bandeira: com o já velhinho mas ainda caloroso "Felices los 4", espalhando o seu charme de mulherengo que, convenhamos, por vezes é exagerado.



Como roubar as atenções de um tributo em cinco minutos ou mostrar um valente dedo do meio ao dress code com um figurino de, hum, bruxa xamã? Bitch, she's Madonna. Erro crasso da MTV que lhe pediu para contar um episódio da sua carreira que envolvesse Aretha Franklin, mas depois tem a lata de mascarar o momento de homenagem póstuma. Adivinhem quem ficou mal na fotografia? Ah sim, pelo meio houve um Video of the Year entregue a "Havana", com uma Camilita mui emocionada e a desfazer-se em vénias à Rainha da Pop. Icónico.



Juntar Post Malone aos dinossauros Aerosmith tem muito que se lhe diga, mas o risco compensou de certa forma. Posty dá o pontapé de saída com o colossal "Rockstar" e depois transita para ditas cujas de pleno direito com um mash-up dos clássicos do hard rock "Dream On" e "Toys in the Attic", acompanhando Steven Tyler à guitarra. Desfecho improvável, mas celebrado.

Recordemos agora as actuações da noite:



Contas feitas, esta foi a edição menos vista de sempre da história dos VMAs, mas esse é um declínio que, infelizmente, nem um espectáculo bem oleado e produzido consegue evitar. Para o ano haverá (sempre) mais.

                                                   GIF by 2018 MTV Video Music Awards

Comentários

  1. A actuação da Jennifer Lopez foi a MELHOR! Adorei! Aquela mulher é incrível :)

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