Sons Frescos #38


Entre a cesta de piquenique e o insuflável da piscina, estas vão debaixo do braço:

1) Tinashe- "Like I Used To"- Joyride tem pouco mais de três meses de vida, mas isso não impede a sua autora de apontar coordenadas para o que há-de vir. Diluído em sensibilidade pop-R&B, "Like I Used To" versa de forma assertiva e algo magoada sobre o fim da sua relação com o basquetebolista Ben Simmons. E de alguma forma fica connosco mais tempo do que as canções do último álbum. Mais Tinashe dentro de momentos.

2) Zedd feat. Elley Duhé- "Happy Now"- O DJ/produtor russo tem feito com sucesso a transição do universo EDM para o campeonato pop, muito por culpa também das vozes femininas que preenchem as suas criações. Depois de Alessia Cara e Maren Morris, cabe à estreante Elley Duhé prosseguir com a bem-sucedida missão: "Happy Now" vive tanto da sua prestação arrebatadora, como da instrumentação orgânica e da leve brisa tropical conferida pela mão sábia de Zedd. Agosto passa por aqui.

3) David Guetta feat Anne-Marie- "Don't Leave Me Alone"- Não entra para a lista dos temas mais memoráveis do DJ francês, mas é sólida o suficiente para nos acompanhar até ao final da estação. Também Anne-Marie não brilha particularmente em tão banal criação, mas o seu status actual chega para vender a canção. A questão é: porque a terá Guetta escolhido em vez da anunciada (e entretanto cancelada) colaboração com Balvin e Demi Lovato? Mistério não discortinado da pop nº 3174.

4) Charli XCX- "Girls Night Out"- Vamos brincar todas juntas, amigas 4ever!! É como se os Aqua, Robyn e Cyndi Lauper entrassem no laboratório de SOPHIE e saíssem de lá com um esquizóide bop eurodance altamente infalível. É o quarto tema que dona XCX lança este Verão, e por esta altura é mais do que claro que estamos apenas à espera que o seu próximo disco saia para que o possamos coroar como álbum pop do ano.

5) The 1975- "Love It If We Made It"- Há pelo menos cinco anos que os The 1975 apontam coordenadas para ser a melhor banda britânica do seu tempo - e a verdade é que já estiveram mais longe. "Give Yourself a Try" foi demasiado intempestivo para constatar o fogo que o novo A Brief Inquiry into Online Relationships prometeu, mas "Love It If We Made It" torna tudo tão mais claro: uma urgente e formidável amálgama synth-disco-rock de tons new wave que critica duramente o estado do mundo moderno, mas sem fechar a porta à esperança. Épico.

6) Meghan Trainor- "Treat Myself"- Face à performance quase nula dos últimos outputs, parece que a carreira de Meghan Trainor não estava destinada a acontecer. Reparem: a música não perdeu qualidade (há até uma melhoria face aos singles do último álbum), mas ninguém está lá para aclamar a versão feliz e equilibrada de Trainor. "Treat Myself", já a quinta amostra do novo álbum com o mesmo nome, vem com polimento disco pop catita e mensagem de amor-próprio incluída - mas não a aguarda melhor destino. A compaixão é #real. 

7) Billie Eilish- "You Should See Me In a Crown"- Primeiro as boas notícias: Billie Eilish continua a ser a melhor esperança da próxima geração da pop e - melhor ainda - o mundo começa finalmente a reparar nela. As menos boas? "You Should See Me In a Crown", presumível cartão-de-visita trap-pop de ambiência gótica do seu álbum de estreia, é a canção menos assombrosa que lhe escutámos até hoje. Quase que exige devoção sem a conquistar. "Copycat" fez melhor sem mover um músculo que fosse. 

8) Tinashe- "Throw a Fit"- She the shit, yeah, she super lit. Tal como Sasha Fierce foi a resolução encontrada por Beyoncé há uma década para expressar o lado mais imperial e assertivo da sua música, Nashe pode ser a conjugação de uma Tinashe DGAF/zero chill que ainda estamos para conhecer, representado  por "Throw a Fit": o banger R&B com sintetizadores à la Família Adams que não sabíamos que precisávamos este Verão. Oh Na-Nashe.

9) Maggie Rogers- "Give a Little"- Desde que emergiu com "Alaska", há pouco menos de dois anos, que Maggie Rogers não tem feito outra coisa se não pavimentar o seu caminho com canções fantásticas. "Give a Little" é outra tal que faz crescer a antecipação para o seu debute: uma imensa canção sobre empatia numa sociedade cercada pelo medo e ódio, produzida pelo mago Greg Kurstin, que mantém intacta a excentricidade e aura bucólica das criações da nativa do Maryland.  

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