Lady Gaga e a poesia da dor em "911"

 


Não é bem uma pop emergency, mas voltámos aos tempos em que um novo vídeo de Lady Gaga assinalava um evento na cultura pop: os fãs e a crítica pediam e a performance nos VMAs assim fez crer - "911" é o terceiro avanço de Chromatica.

O compelativo objecto euro disco de batida techno-funk forjada por BloodPop e Madeon, ancorado na experiência da cantora com o uso de antipsicóticos e na consequente oscilação da sua saúde mental, tornou-se na primeira curta-metragem desta sua nova era, chegando-nos ilustrada pela mão do realizador indiano Tarsem Singh (The Cell, The Fall).

Ao longo de uma narrativa surreal e críptica com inspiração directa na película The Color of Pomegranates (1969) do arménio Sergei Parajanov, vamos à boleia pelo deserto onde nos deparamos com uma confusa Gaga, em mais uma brava performance, a interagir com uma série de personagens aparentemente bíblicas em actos bizarros, como se voltássemos aos manuscritos de "Judas". Mais tarde percebemos que se trata de um delírio da Mother Monster ao melhor estilo de O Feiticeiro de Oz, que sofre um acidente de viação e alucina com as últimas coisas que a sua mente captou antes de perder os sentidos. 

Uma parábola para aquela que chegou a ser a sua realidade, e que agora consegue transformar em poesia audiovisual. 

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