Os covers sublimes de Miley Cyrus em 2020

 

Desde o ano passado que Miley Cyrus está a conduzir-nos para uma nova era que ainda ninguém percebeu muito bem como se irá materializar: começámos com "Mother's Daughter" e a sua carga thug, passámos para um emotivo e arrebatador "Slide Away", e já vamos na purpurina disco-rock de um impetuoso "Midnight Sky". O caldeirão do costume, portanto. 

Mas se há algo que ela nunca perde é o faro e a consistência para covers notáveis. 2020, esse ano maldito, tem sido próspero na matéria. Vejamos:

Houve "Maneater" - infelizmente não a sua versão do homónimo de Nelly Furtado que merecemos, mas uma não menos esmagadora releitura do clássico de 82 dos Hall & Oates - no programa de Jimmy Fallon, com Miley transformada numa Dolly Parton rockeira dos anos 70 pronta a dar-nos um biqueiro na boca, se preciso. Estamos totalmente a fim de aventuras sujas e arrojadas destas no novo álbum.


Houve uma leitura repleta de significado de "My Future", o mais recente tema do repertório de Billie Eilish, em floreados jazz. Onde a versão de Billie é carregada de esperança pelo futuro que ainda pode agarrar, a de Miley soa mais desolada, como se já tivesse desperdiçado parte da sua vida mas ainda fosse a tempo de um recomeço.  


Houve um belíssimo "Wish You Were Here" à lareira, em plena quarentena, integrado nos programas caseiros da última temporada do Saturday Night Live. A acompanhá-la à guitarra neste clássico eterno dos Pink Floyd estava o parceiro musical Andrew Watt. Novamente o triunfo da interpretação, com heranças de Stevie Nicks à mistura, entregue na medida certa.


E, mais recentemente, houve um fantabulástico "Heart of Glass" dos Blondie integrado na sua apresentação no iHeart Music Festival, totalmente alinhado no espírito analógico de rock chic setentista que nos está a transmitir, que só não chega a faixa bónus do seu próximo álbum se não quiser. 


Talvez esteja ao virar da esquina o álbum que catapultará Miley Cyrus para um sério patamar de credibilidade, porque faz seriamente falta um conjunto de inéditos que ateste o vulto em que se transforma quando se lança em versões de terceiros. Que o mullet possa ficar pelo caminho, mas que este arrojo e maturação não mais a abandonem.

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