A minha estreia no CCB para ver Rodrigo Leão
Mais uma oportunidade proporcionada pela minha "estadia" na ETIC que em boa hora não quis desperdiçar - assistir ao concerto de Rodrigo Leão no CCB. Visto que a vida de aprendiz de jornalismo leva-me a escrever peças para o blog de turma, aproveito para partilhar o artigo que fiz a esse respeito:
Rodrigo Leão leva "O Espírito de um País" ao CCB
Os ponteiros do relógio pouco passavam das 21h em ponto quando Rodrigo Leão subiu ao palco do Centro Cultural de Belém perante uma vasta plateia que compunha o grande anfiteatro do mítico edifício lisboeta para mais um concerto inserido no Misty Fest.
O artista fez-se acompanhar por cinco músicos - três violas de arco, um violoncelista e a ilustre Celina da Piedade ao acordeão e, volta e meia, ao metalofone. O autor de Ave Mundi Luminare ou Cinema apresentou o espectáculo "O Espírito de um País", erguido a propósito da comemoração dos 40 anos do 25 de Abril, e que recentemente foi lançado em formato físico.
Para além dos inéditos, o concerto levou-o a revisitar alguns dos temas mais antigos do seu reportório ("Tardes de Bolonha", "Vida tão Estranha" ou "La Fête") e contou com a participação especial de Camané, alvo dos maiores aplausos da noite, para soberbas interpretações de "Voltar", a já referida "Vida tão Estranha" e o inédito "Restos da Vida", criado propositadamente para o espectáculo. Também Celina da Piedade deixou por momentos o seu fiel acordeão para dar voz a duas canções que Rodrigo Leão diz ter escrito em conjunto com Pedro Ayres Magalhães para Os Madredeus, recebidas com agrado pela plateia.
É verdade que o público nem sempre acedeu ao pedido da organização para não serem captadas fotos nem vídeos, mas nunca deixou de ovacionar os músicos em palco após o final de cada canção, obrigando-os inclusivamente a um encore que trouxe de novo Camané para um portentoso reprise de "Restos da Vida".
E foi assim que ao longo de quase duas horas, Rodrigo Leão não só apresentou "O Espírito de um País" como elevou o espírito de cada um dos presentes que naquela noite se dirigiram ao CCB para testemunharem o magnífico talento de um dos maiores génios nacionais.
Demasiado certinho para um post do Into the Music, certo? Pois, isto fui eu a tentar ser o mais profissional possível e a reprimir ao máximo as emoções que me assolaram. Deixem-me esvazá-las um pouco então.
Rodrigo Leão está longe de me ser indiferente. Tenho acompanhado a sua carreira desde os tempos de Cinema (2004) e admiro-o desde então. Mas nunca o tinha visto em concerto nem nunca tinha estado no CCB - calculam e bem que foi (será, aliás) uma estreia inesquecível. Por sorte foi logo no grande auditório do edifício que é imponente quanto baste.
Bem, ao primeiro minuto eu já estava rendido. Aquela sinfonia chegava até mim sem filtros e eu recebi-a imediatamente de peito aberto. Demasiado bonito e mágico para ser transposto em palavras. Sente-se e pronto. Mas quando as houve - primeiro pela voz de Camané e mais tarde na de Celina da Piedade - deu-se cá dentro uma epifania.
Eu já estava encostado à parede - fiquei na última fila do 1º balcão - mas de qualquer forma quando o Camané solta aquela voz das profundezas, pensei que fosse lá ficar pregado o resto da noite. Dei-me por feliz estar num sítio relativamente discreto pois a dada altura (especialmente no "Voltar") temi desfazer-me em lágrimas, tamanha era a força com que a sua interpretação chegava até mim. Magnífico não chega, é preciso um enorme "porra" para descrever aquele homem em acção. Farto de ler o quão bom era estava eu, mas só ao vivo é que se pode ter noção da magnitude de Camané.
Claramente que a participação dele foi o ponto alto do espectáculo. Mas a noite teria valido apenas por Rodrigo Leão e o conjunto de músicos que o acompanhavam. Sentado à minha frente tinha um casal que passou grande parte do concerto de mão dada ou abraçado e, romantismo à parte, entendi o gesto como uma manifestação da urgência emocional perpetuada pelas composições de Rodrigo Leão, se é que isso faz sentido. Para mim foi como subir ao cume do Evereste, ver uma das sete maravilhas do mundo ou saltar de páraquedas - sinto-me tão mais vivo e desperto para o que me rodeia depois ter tido esta experiência. Pois então que daqui em diante venham muitas, muitas mais.
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