REVIEW: Todd Terje- It's Album Time
Este post foi originalmente publicado para o Notas à Solta.
O desafio desta semana levou-me pelos caminhos da electrónica escandinava e conduziu-me à descoberta de Todd Terje, DJ, produtor e compositor norueguês que editou em Abril passado o disco de estreia, It's Album Time.
Antes disso o senhor já havia lançado uma mão cheia de EPs, assinado remisturas para ilustres como Bombay Bicycle Club ou Hot Chip e deixado a sua marca, por exemplo, no último álbum dos Franz Ferdinand.
É por isso seguro dizer que Todd Terje (lê-se Ter-yeah) chega ao primeiro longa duração com a licenciatura já feita e com o aprumo de quem se prepara para entregar uma belíssima tese de mestrado - não há como não ter as expectativas bem altas.
O que encontro é um corpo de trabalho sólido e coeso, que durante os seus quase 60 minutos de duração esgrime argumentos de sobra para me manter cativo à sua vasta e interessantíssima paleta sonora que percorre variantes da electrónica, perde-se na vastidão do cosmos da disco e incorre em deliciosas investidas de bossa nova - uma valente odisseia sonora.
Ao longo da sua audição não consigo encontrar um tema menos bom ou mediano, mesmo os que excedem os 6 minutos de duração, que por sinal acabam por ser os que melhor soam aos meus ouvidos, muito por culpa da espantosa progressão de que são alvo. Assim, "Delorean Dynamite" e "Inspector Norse" - que transitam dos anteriores EPs - destacam-se como as grandes pérolas do disco, enquanto "Johnny and Mary" (original de Robert Palmer), numa versão infinitamente bela e triste interpretada por Bryan Ferry - o único convidado do álbum - distancia-se da atmosfera extasiante que marca o disco e facilmente me fica encravado na memória.
Destaco ainda a fluidez perpetuada ao longo do alinhamento e a certa ambiência cinematográfica desenhada em momentos como "Leisure Suit Preben" e "Alfonso Muskedunder", o primeiro a fazer-me lembrar um qualquer filme manhoso de detectives dos anos 70 e o segundo a trazer-me à memória a ilustre Pantera Cor-de-Rosa. E o tropicalismo histriónico de "Svensk Sas" também merece uma menção honrosa.
Dificilmente esquecerei este It's Album Time não só pela forma pouco convencional como chegou até mim (ou cheguei eu até ele), mas também porque encapsula as melhores criações electrónicas que já ouvi em 2014, merecendo figurar perto do magnífico Our Love de Caribou no que toca a balanços e retrospectivas de final de ano.
Classificação: 8,3/10
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