Sons Frescos #48


Jorram como diamantes à luz do novo ano:

1) Lauv & Troye Sivan- "I'm So Tired..."- Ficou a sensação que "I Like Me Better" poderia ter sido bem mais massivo do que foi. "I'm So Tired..." (leitura synthpop daquilo que Ne-Yo já apregoava em 2006 com "So Sick") é então Lauv a mergulhar em busca de um valente hit pop antes de se entregar ao segundo álbum, aqui na sempre recomendável companhia de Troye Sivan. A probabilidade de ambos o conseguirem é francamente alta. 

2) James Blake feat. Travis Scott & Metro Boomin- "Mile High"- Aí está James Blake a reclamar o primeiro semestre de 2019 como seu, com aquilo que é a definição de um slow banger. Aprofundando as inflexões hip hop de "Life Round Here", o feiticeiro britânico alia-se a Travis Scott e Metro Boomin para uma formidável composição soul/trap que impressiona pela sua profusão romântica. 

3) Sigrid- "Don't Feel Like Crying"- Uma colher de "Viva la Vida", meia dose de "Call Me Maybe" e essência de baunilha de "Blow Your Mind (Mwah)" - tudo misturado com o condão da pop nórdica e chegamos a "Don't Feel Like Crying", possivelmente o último degrau no estágio de preparação para a edição de Sucker Punch, o debute de Sigrid esperado a 8 de Março. Guaranteed it will blow your mind.

4) Hozier- "Almost (Sweet Music)"- Tem sido surpresa agradável atrás de surpresa agradável para o músico irlandês. Tal como "Nina Cried Power" assentava alicerces nas lendas influentes que ergueram músicas de protesto, "Almost (Sweet Music)" presta tributo aos grandes músicos de jazz do século XX ao mesmo tempo que pinta uma história de amor com uma aficionada do género. É mais um avanço maravilhoso para Wasteland, Baby! que chega a 1 de Março próximo. 

5) Vampire Weekend- "Harmony Hall"- Passaram uns longos 6 anos da última vez que tivemos novidades desta malta. Agora já sem Rostam Batmanglij na comitiva, mas ainda com uma leve textura pop sentida neste falsamente primaveril cartão-de-visita - aparente nota de repulsa aos grupos de ódio formados nas universidades de alta-sociedade norte-americanas - cabe-lhes voltar a reclamar um lugar no olimpo da música indie. Father of the Bride, o 4º álbum, chegará com a Primavera.

6) Florence and the Machine- "Moderation"- Não se avizinhavam novos lançamentos no calendário de edições da banda, mas hey, estamos em plena era do streaming e até a nação indie já não obedece às leis do ciclo promocional até aqui vigentes. "Moderation" nasceu nas sessões de gravação do último High as Hope, mas foi deixada de fora do alinhamento final e agora recuperada, quiçá para devolver a banda às tabelas: é um combo entre o gospel esfuziante de "Lover to Lover" e a centelha rock de "Ship to Wreck". 

7) Broods- "Falling Apart"- Nunca o apocalipse foi tão tranquilizante. Esta desconexão do mundo e da própria realidade já foi descrita por Georgia e Caleb Nott em canções anteriores, mas há uma leveza apaziguante neste "Falling Apart" que é arrancada à nova identidade expansiva do duo, aqui a flutuar numa construção tão dreamy. Para conferir a fundo em Don't Feed the Pop Monster, disponível já esta sexta. 

8) Dido- "Give You Up"- Ninguém está a prestar atenção, mas Dido está a fazer um regresso estupendo, pleno de canções fortíssimas. Ao que parece, "Hurricanes" e "Friends" serviram só para testar as águas e "Give You Up" é que é de facto o primeiro single oficial de Still on My Mind: uma majestosa composição pop/ambient/downtempo algures entre Moby e Massive Attack. Assim vai valer tanto a pena. 

9) Tori Kelly- "Change Your Mind"- Corria o ano de 2015 e parecia certo que Tori Kelly estava talhada para o estrelato pop: chegou perto, mas não o suficiente para deixar uma marca. No ano passado remou contra a maré ao editar um álbum gospel, tornando assim mais difusas as suas intenções. Novo ano, nova definição de rota: "Change Your Mind" é fruto de alguém que ama perdidamente e que passou uma considerável porção de tempo a escutar Stripped de Xtina. Come get your spot, gurl.

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