Andava para escrever sobre isto #7

- Dez anos depois, voltamos a merecer uma boa canção com sexta-feira no nome (não, Rebecca, não olhamos para ti, mas para o "TGIF" de Katy). O DJ/produtor britânico Riton em boa hora recuperou "Push the Feeling On" aos Nightcrawlers (na revisitação de MK), juntou-lhe duas personalidades virais, e agora o hit antémico dos anos 90 vive outra vez volvidas três décadas. Sabe tão bem como dantes.

- Cardi B está a ter alguma dificuldade em reinventar-se após o sucesso massivo de "WAP", mas continua imbatível no momento de entregar grandes testemunhos audiovisuais que impactam a cultura pop. E está a saber gerir como ninguém a expectativa para o álbum nº2. "Up" traz algumas infuências de drill ao rap assertivo da nova-iorquina e ainda consegue virar alguns pescoços, apesar das semelhanças com o seu antecessor. 

- Raye editou no final do ano passado uma espécie de mini-álbum de estreia que condensa as suas criações dos últimos dois anos, e tal como tem acontecido até aqui, os momentos altos estão nas suas colaborações de dança. "Secrets" com Regard dominou o Verão passado, e por estes dias é a vez de "Regardless", club-house servido pelos Rudimental e ancorado no sample de "Rapture" dos iiO.

- A este ângulo, Madison Beer não parece ter capacidade de migrar para a primeira liga da pop, mas "Boyshit", quarto single retirado de Life Support, a sua estreia, é o melhor single que editou até ao momento, tão forte quanto é possível a uma personalidade das redes sociais sem real vocação artística: dance pop malévola que pisca o olho a "Sweet Dreams My LA Ex" de Rachel Stevens, e que só peca por não ter um vídeo com coreografia. Porque a sensualidade está lá toda.

- Vamos deixar isto bem assente: Shift K3Y é um dos melhores produtores de electrónica surgidos na década passada, e Karen Harding uma vocalista excepcional talhada para produções uptempo de bpm's velozes. Daqui resulta "Morning", house propulsiva sobre deboche urgente e apocalíptico. Ambos mereciam mais na vida.