Recordar Brand New Eyes, dez anos depois
Em 2008 os Paramore eram um poço de tumulto e caos interior. Problemas pessoais entre os seus elementos tornavam complicado o processo de gravação do terceiro disco, a que se juntava a pressão acrescida de corresponder ao sucesso de Riot! (2007). Utilizando a escrita como terapia, a banda sobreviveria para contar a história, e sob a batuta de Rob Cavallo entregaria o seu álbum mais maduro e revolto que se assume como o equivalente ao Rumours do pop punk/emo.
Dez anos volvidos regressamos a Brand New Eyes e incidimos nova luz sobre a última vida da mais memorável encarnação da banda:
"The truth never set me free, so, I did it myself"
1) "Careful"- É um valente knockout sem misericórdia logo ao primeiro assalto. Baixo, guitarra e bateria num completo torvelinho, a erguer uma pesada muralha sónica para expressar a necessidade de abandonar aquilo que temos como seguro e rumar ao desconhecido, aceitando que o risco e a insatisfação serão inevitáveis daqui em diante. Uma tomada de consciência adulta e realista que ainda faz tanto sentido.
"I'm just a person, but you can't take it"
2) "Ignorance"- As dores de crescimento são particularmente acentuadas nesta. Banger emo/alt rock explosivo de guitarras tensas e musculadas, bateria desenfreada e uma interpretação para-lá-de-irada de Miss Hayley Williams, "Ignorance" pôs no papel muitos dos sentimentos que os elementos da banda não eram capazes de expressar diante uns dos outros. Esta selvejaria sónica é o som de cinco elementos distantes, zangados e com receio de perder a sua amizade. E continua a esmagar-nos como no primeiro dia.
"You don't deserve a point of view, if the only thing you see is you"
3) "Playing God"- Há um quanto charme britpop nas linhas melódicas desta canção, não acham? "Playing God" é um manifesto de desagrado sobre pessoas tacanhas e de inclinação hipócrita que condenam alguém que escape à dita conduta normativa - nasce das experiências de Hayley na sua própria comunidade com fortes raízes cristãs, mas também do julgamento moral a que era submetida pelos colegas da banda. Novamente, uma canção zangada, mas entregue quase como uma feel-good song despreocupada.
"Keep your feet on the ground, when your head's in the clouds"
4) "Brick by Boring Brick"- PARAPA-PARAPA-PARA! É o primeiro momento do álbum que não parece ser autobiográfico, mas que faz total sentido num disco que afirma ver o mundo de uma renovada perspectiva. Acaba por funcionar também como um aviso para o futuro eu de Hayley, para que se recorde das potenciais consequências de viver nas nuvens. Bem, apesar de auto-consciente, a realidade acabou por ser um pouco dura com ela, e um pouco de fantasia não ter-lhe-ia feito mal (como, aliás, reconheceria mais tarde em "26").
"And the worst part is, before it gets any better"
5) "Turn It Off"- Losing My Religion seria também um bom título para este disco, se bem que Hayley parece perder mais a fé nas pessoas que a rodeiam e na sua comunidade, do que propriamente nas suas convicções. "Turn It Off" é um breve momento de hesitação, de ponderar abandonar aquilo em que acredita, apenas para que não tenha que viver perante o jugo restritor dos seus pares. Mas existe também a noção de que as provações a farão sentir mais forte e apta para tormentas futuras.
"And I'm on my way to believing"
6) "The Only Exception"- Esta canção é especial por tantas razões. Assinala a primeira vez que os Paramore entregam tanto uma balada como uma canção de amor. A primeira vez que escutamos de forma límpida e cristalina a voz perfeitamente afinada de Hayley. E a primeira vez que sentimos que podem vir a ser mais do que a etiqueta emo consegue conter. Mais ainda, descer os muros emocionais que aprendemos a construir e permitir que o amor entre, ainda que com algum receio, é um acto de enorme coragem e vulnerabilidade. Estamos todos a chorar.
"You barely get by, the rest of us are trying"
7) "Feeling Sorry"- A partir daqui o disco perde alguma força, é verdade, mas também ganha uma aura mais positiva e menos revolta. Na primeira de três canções de rajada benéfica, há uma clara crítica e também incitamento a todos aqueles que passam pela vida sem correr atrás dos seus sonhos, um pouco à semelhança do que "Careful" já aspirava. Porque, quanto a Miss Williams e companhia, a sua jornada de luta levou-os a altos voos.
"No, it's a not a dream anymore, it's worth fighting for"
8) "Looking Up"- Enquanto o tema em si não representa uma grande progressão sónica face ao tema anterior - apenas diferentes acordes as separam - "Looking Up" marca uma viragem no processo de gravação de Brand New Eyes, nomeadamente o ponto em que o grupo conseguiu colocar as divergências para trás das costas e assumiu a missão de continuar a fazer música. Sentimo-los a respirar de alívio por saber que tudo voltou aos seus eixos.
"We're not at the end yet, but we already won"
9) "Where the Lines Overlap"- A uma feel-good-song sucede uma feel-good-song ainda maior - quão fantástico, hein? Se "Looking Up" era o respirar de alívio, "Where the Lines Overlap" corresponde à volta da vitória, imbuída de uma noção de que o presente é uma dádiva e de que apesar de ainda existirem alguns assuntos por limar entre os elementos da banda, a harmonia e a amizade vieram para ficar. Sabemos que não foi bem assim - mas banhamo-nos sempre na exultação que o tema transmite, reconhecendo a efemeridade das coisas e a necessidade de as celebrar.
"See, I'm trying to find my place, but it might not be here where I feel safe"
10) "Misguided Ghosts"- Outra das boas surpresas e momentos estruturais do disco, "Misguided Ghosts" é também um dos melhores temas do catálogo dos Paramore. Um número delicadamente acústico em que Hayley confessa que está ainda a descobrir o seu lugar no mundo e a medida em que isso afecta a sua relação com todos os que a rodeiam. É de um cinzento pálido, levemente triste, mas reflecte também os receios e ansiedades de ter 20 anos.
"I could follow you to the beginning"
11) "All I Wanted"- E num ímpeto só, voltam todas as amarguras, frustrações e desolações, libertadas numa última torrente de emo power. À primeira vista passa por uma missiva dirigida a Josh Farro, mas uma leitura mais pormenorizada dá a entender que é escrita para o então namorado Chad Gilbert, de quem estaria longe pela primeira vez. "All I Wanted" narra então a capacidade de nos perdermos noutro alguém, ao ponto de nos esquecermos que existe mais na vida pelo qual lutar e desejar. Vivemos todos para o vendaval de guitarras e para o prodigioso uivo de Hayley aos 2:40.
Tenho tanto amor por este disco que nem sei por onde começar. Marcou os meus 17/18 anos como nenhum outro, aprofundou a minha admiração pelos Paramore numa altura em que - o desplante - achava que os Black Eyed Peas eram a banda da minha vida, e que precisava acima de tudo de uma banda-sonora para lidar com a turbulência natural do período final da adolescência.
Alojei vários pedaços da minha existência em cada uma destas canções, e é com grande nostalgia que regresso sempre a Brand New Eyes - às vezes para me reencontrar, outras para recordar o meu amor pela banda, ou tão simplesmente porque é um disco tremendo. Não sei bem em que posição o colocaria no meu top de álbuns dos Paramore (algures no top 3, certamente), sei apenas que parte de mim foi edificada à sua custa. E isso já é dizer tanto.
É sabido que os efeitos do álbum acabariam por dividir a banda e originar a saída dos irmãos Farro, apenas uma de muitas adversidades com que os elementos sobreviventes teriam de lidar. A história de como a superaram e triunfaram, é igualmente conhecida. Mas essa fica para outra altura.
Obrigado por fazerem parte da minha vida. Crescemos e continuamos juntos.
Tenho tanto amor por este disco que nem sei por onde começar. Marcou os meus 17/18 anos como nenhum outro, aprofundou a minha admiração pelos Paramore numa altura em que - o desplante - achava que os Black Eyed Peas eram a banda da minha vida, e que precisava acima de tudo de uma banda-sonora para lidar com a turbulência natural do período final da adolescência.
Alojei vários pedaços da minha existência em cada uma destas canções, e é com grande nostalgia que regresso sempre a Brand New Eyes - às vezes para me reencontrar, outras para recordar o meu amor pela banda, ou tão simplesmente porque é um disco tremendo. Não sei bem em que posição o colocaria no meu top de álbuns dos Paramore (algures no top 3, certamente), sei apenas que parte de mim foi edificada à sua custa. E isso já é dizer tanto.
É sabido que os efeitos do álbum acabariam por dividir a banda e originar a saída dos irmãos Farro, apenas uma de muitas adversidades com que os elementos sobreviventes teriam de lidar. A história de como a superaram e triunfaram, é igualmente conhecida. Mas essa fica para outra altura.
Obrigado por fazerem parte da minha vida. Crescemos e continuamos juntos.
I am very glad that this band never went to my country i am Romanian BTW but i really don't like their songs, that makes me agitated, i am autistic i am 16 years old and i suffer from misophonis. But i love pop music like Ariana Grande, Dua Lipa, Billie Eilish and Roxen that is from my country
ResponderEliminarI forgot underrated but really good artists like Bebe Rexha, Zara Larsson, Sabrina Carpenter, Anne-Marie and Ava Max
EliminarI am that Roumanian teenaged girl who has misophonia again, but i don't really like Hayley Williams raspy voice, a concert of this band here in Rumania would've been a confusion for my sensible ears
EliminarUnderrated pop stars like Slayyyter, Maisie Peters, Gracie Abrams and Davina Michelle are way better than the this band
EliminarI am that misophonic girl from Romenia again to say that i love 2 singers similar to this band like Olivia Rodrigo and Maggie Lindermann because their songs calms me down
ResponderEliminarI hate when people compare Hayley to Taylor Swift which i love
ResponderEliminarI am a transgender, autistic, misophonic teen aged girl from Cluj Napoca who dislikes this band but enjoys songs by Julia Michaels, Melanie Martinez, Mabel and Tate McRae
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